Rango Legal

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De cara feia Carmilla observava a fogueira crepitar com a gordura do gambá no espeto, um plano de caça dos patetas de capa preta – usar a vampira de isca – seria uma boa Idea se não fosse obvio o plano de pegar dois coelhos numa cajadada só.

- Aquele filho da puta. – Murmurou, se não fosse o maldito acordo barganhado por Raphael, nada disso estaria acontecendo. Logo depois de acordar com uma lança entre ela e Laura, foi uma verdadeira zona de guerra para uma conversa de travesseiro, e mesmo a raiva não fazia milagre e sua força a traiu, sendo jogada de joelhos ao caçador.

Preferia ter matado ou morrido naquela hora, Laura entrou na frente entre o caçador e a vampira, porém a sede de sangue de ambos não seria algo que o dialogo resolveria, em poucas palavras a loira nada poderia se caso a hora chegasse; e nessa hora um dos dois não levantaria do chão. Após o alvoroço e por fim se vestirem – já que entraram no quarto sem bater – um frouxo acordo fora feito, a vida de Carmilla por seus serviços na defesa do distrito ao extremo norte da Styria.

Aonde estaria Brandsnake numa hora dessas? Batendo boca em Valaquia – nem morto ele aceitaria caçadores na porta de casa, e Sophia, bom...ela devia estar subindo num caçador.

O braço ardia com o corte feito por ela – ideia desses retardados, sangue de vampiro para atrair os monstros – como se o cheiro de gambá assado não fizesse o trabalho, sopa de tatu ou tigre mal passado faziam parte do cardápio de isca com ela.

As corujas silenciosas alertavam Carmilla do perigo às costas. Um galho estalou e um vulto enorme e peludo avançou. A vampira saltou o mais alto que pode a fim de agarrar a corda de segurança, porém a haste subiu e a criatura mordeu-lhe a bota.

- Filhos da put... – O insulto fora abafado pela banha da criatura descontrolada, a vampira lutava para se livrar do peso esmagador, saiu por entre os cascos dele.

- FOGO! – Gritou Norow o comandante dos caçadores e sem dó uma chuva de flechas de bestas voou sobre eles. Carmilla voltou para baixo do monstro, mas não pode evitar todos os disparos.

Os caçadores se aproximaram após a saraivada, porém a fera abocanhou Craule levando-a para longe.

- Sai da frente! – Gritou a vampira pegando uma besta de um dos inúteis de capa negra. Tão somente ela perseguiu o monstro por entre as pedras do declive.

Certeiramente o disparo atravessou o calcanhar do rosnador tombando-o em cambalhotas junto da caçadora. Carmilla puxou-a dele, porém apenas trocou de lugar com ela. A caçadora procurou pela vampira, porém apenas escutou o rosnado dele sendo cortado pelo som de ossos esmagados.

Metros abaixo do declive:

Morto por ela sobre uma linha de trem esquecida na neve. O cadáver dele não se mexia quando ela sentiu uma estranha presença, uma aparição luzida de pálido olhou para ela por entre as arvores.

- Carmilla. – Chamou Craule em busca de sua salvadora. – Esses monstros estão cada vez piores, de onde vem tantos deles?

- Você não escutou seu chefe? Eu sou a responsável. – Disse procurando pela imagem pálida outra vez, mas esta havia desaparecido.

- Ah! Tenha dó até parece, fraca como é, que monstro você ia trazer?

- Eu matei ele, de nada.

- É, e quase morreu junto, já vi outros de você e eles eram assustadoramente fortes.

- Não tão como eu...

- Não...nenhum era assim atraente como você... – murmurou envergonhada.

- É o que?

- Nada, nada, vamos indo. – Craule foi pela passagem entre as rochas.

As duas escalaram de volta ao local da armadilha, no meio do caminho encontraram os rastros da criatura levando-as num buraco entre as pedras sujas de sangue podre.

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