??is iT rEAL

67 5 0
                                    

Carm POV

O sangue da vampira escorria dos lábios da canina. Gemidos de dor abafados nos dentes, junto ao som de carne fresca revirando. Chlloe fixa na curva agulha entre os dedos pegajosos de vermelho.

Mais um pouco, a peluda cortou a sobra da linha nos dentes.

- Fatto perfetto. - Disse a doguinha beijando a pontinha dos dedos, com o bem feito remendo.

- É o meu ombro, não uma pizza. Não sei como esse tiro me pegou, acertei todo mundo com uma pistola. Ninguém certo da cabeça ia ignorar tanta bomba.

- Ninguém certo da cabeça ia conseguir. - Gaguejou Chlloe.

- Não vou nem perguntar o porquê disso agora. - Contrapôs a vampira vestindo a camisa ensanguentada.

- Me diz que aqui tem café. - Murmurou Thomas com o rosto amassado da cabine do caminhão.

- Rapaz a única coisa que tiver aqui, vai ser o que você fizer. - Avisou Chlloe, muito certa de nada haver para comer. - Não tem nada aqui, nem amendoim perdido nos bancos, eu procurei.

Imaginem um cachorrinho farejando migalhas num sofá.

- Aquele merda do Torquemada. Puta chato. Como tá o ombro? - Perguntou na pouca preocupação que o cansaço permitia.

- Ombro? Olha essa sua cara inchada ai. - Exclamou Chlloe indo tratar do saco de pancada humano. - Não tem nada aqui pra isso, eu vou buscar alguma coisa. - A doguinha saiu pela passagem entre as rochas, deixando-os.

- Me conta que lugar é esse. - Pediu ele olhando em volta a grande estrutura rochosa, aberta entre duas placas brutas de puro granito leitoso, uma passagem estreita para fora, e outra para o centro da terra, um bom faixo de luz iluminava esgueirando-se pelo alto.

- Eu me escondia aqui quando era criança. Acho que era uma antiga mina de anões, difícil de achar, pelo menos é seguro. - Contou, mas omitiu a parte vergonhosa da história.

- Descoberto por uma pirralha, muito seguro. - Resmungou Chlloe entrando com uma caixa de tralhas do caminhão.

- Eu tava correndo, não via aonde pisava. Rolei por não sei quanto tempo até cair sentada. - Tá, ela não ia contar né, mas. - Acho que é de proposito. Tem runas de rodopio em volta daqui.

A vampira terminou a história rasa, sem muito motivo para detalhes, e dirigiu-se para fora, onde haviam outras duas entradas ladeando a fenda a qual estavam.

- Serve pra você? - Perguntou do pequeno e escuro recinto lateral.

- Era de anões mesmo. - Brilharam os olhos de Thomas. - Igual a dos livros, será que tem fogo de dragão pra aquecer o metal?

A morena deixou um pequeno sorriso escapar, vê-lo feito criança pulando de uma lado a outro, examinando cada centímetro do novo escritório do ferreiro. Empoeirado, sujo, e velho, mas aquele enorme homem surrado estava tão contente que nem ligava, podia estar trabalhando num chiqueiro de porcos, e ainda sim, estaria sorrindo.

A boca da fornalha era uma gárgula de touro, com um anel no nariz, cravada de runas. A forja de anões era maior do que supostamente seria necessário, a bigorna dava para a altura de Thomas, prova talvez do trabalho para fora, ou vai saber, para os "deuses" daquele castelo, "deuses".

- Tudo bem eu ficar com você? Eu não consigo mais ficar na cidade. - Pediu o ferreiro melancólico na voz.

- Você não tá amarrado em mim, pode ir se quiser. - Respondeu a vampira, sem saber o quão grossa soaria. O que fez o ferreiro rir.

One More NightOnde histórias criam vida. Descubra agora