Enrolada

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Laura POV

PLIM! Fez o elevador chegando ao andar da suíte de Laura.

A jornalista saiu da cabine a passos de elefante, deixando o rastro de manada pesada no fofo tapete, e escutou uma gritaria mais a frente:

- QUANTOS ANOS VOCÊ TEM GAROTA?! - Berrou Sam.

- GAROTA?! Ui obrigada amor, tô no lucro. - Essa com certeza era Sophia.

Dava para escutar tudo, e isso com meio corredor e uma porta fechada no caminho.

Como Chlloe passou por essas duas?

Aliás que ridícula a briga, tão dentro de seus próprios mundos, que nem deram pela falta do motivo da disputa. Pessoas são estupidas, nem percebem o tamanho do papelão que passam ao brigar assim, por um motivo tão; bobo.

O fim do pensamento saiu um tantinho temperado de vinagre álcool, e por que será? Fosse pela empatia, fosse pela apatia.

Se bem que a empática aqui, por hora, fora Carmilla.

Laura levou dois segundos para sentir certo agouro de mal-agradecida, e mais três segundos para correr ao elevador no último sinal da campainha, e deu com a cara na porta fechada.

Foi quase que alguém perde o cheirador, e com ele latejando, pressionou o botão novamente, mal esperou e já veio o outro ao som da campainha. Foi como abrir as portas do inferno, de cara com um calorão de abraçar o capeta, lotado duma bagagem cheia de areia do deserto.

Se o elevador não vai, vai de escada mesmo.

E nela deu de cara com meia dúzia de carregadores cheios de malas, e um camelo com o resto da bagagem. E foi mais fácil passar pelo animal, que pelos carregadores mal-humorados.

A ponta do focinho estava ardida, mas ainda assim o riso por imaginar a cara do gerente com um camelo no hotel, era de gargalhar. O que dirá quando visse o favor do bichinho de adubar as flores do tapete do hall principal.

Laura foi para a rua, mais precisamente para a fonte do cupido o qual estivera antes. Encarou o moleque de fraudas e a flecha em forma de coração. Um singelo por quê, a fez talvez parar um pouco com os milhares de devaneios referentes a nada.

Nem tão nada, mas nem tão tudo.

"Carm tava linda naquele vestido" pensou, droga de telefone. Nem do outro lado do estado dava para ficar longe daquela peste, que podia morrer.

Todas as vezes que tentou estar com a vampira algo acontecia, algo para infernizar a vida, encher o saco. Tudo o que queria era um tempo com ela, um tempo para tentar não odiar as coisas como estavam. Só um tempo.

- Nisso você podia ajudar, sabia? - Cobrou do cupido.

- Acho que um pedaço de pedra não vai ajudar muito Creampuff, seja lá o que for. - A morena sentou-se à fonte ao lado dela.

E a loira não conseguiu deixar de reparar no mesmo lindo vestido, em como ele estava colado ao quadril, a forma que ele tinha ao cinturar o corpo de Carmilla, e o casaco com pelagem clara, contrastando com os cabelos negros.

O som da água saltou por sobre o silencio entre elas, apenas a luz cintilando da fonte, junto aos murmúrios de um enorme cão com a boca cheia de açúcar, e as patas nos joelhos da dona.

- Esganada. - Resmungou a vampira dando um bolinho à cadela esfomeada. - Bolinho? - Ofereceu as guloseimas, e Laura não se viu no direito de recusar.

A garota apanhou o saco de papel, e dele tirou um doce. Eram fritos, polvilhados de açúcar, e recheados de creme. Estavam gostosos demais para ficar zangada, tendo devorado uns três em sequência. O que só deixou Chlloe triste, e o focinho da loira branco.

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