Sentimentos sombrios

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Laura POV

As costas da vampira no peito, a água se misturando e levando o suor criado pelo vapor, intensificando o aroma, quase dando forma ao desejo. O pescoço esguio tentador com os fios transparentes escorrendo, a pulsação tão forte, tão desejosa da carne, dos lábios, dos seios, dos mamilos rígidos, dos dedos, da língua, da boca, do sexo da vampira.

– Você não quer isso. – Alertou-a sem olhar para trás.

Laura apertou mais o abraço deixando beijos na nuca da morena. O som do tímido contato misturava-se ao barulho do chuveiro, da água escoando pelo ralo. Sua cabeça recitava as falas doloridas, e seu coração gritava de dor.

Os dedos da loira foram de encontro aos seios da morena. Carmilla titubeava a cada contato, como se cada beijinho e mordiscada no pescoço a incomodassem, e a destruíssem. Mas o que mais Laura podia fazer, se não deixar aquela frustração sair? Ainda que fosse assim.

- Laura para... – Arfou apertando os canos numa mão, e o braço da jornalista com a outra.

- Não... – Sussurrou enquanto deixou uma das mãos deslizar entre as pernas da vampira.

- Para! – De uma vez Carmilla trocou de posição no chuveiro, prendendo Laura na parede com as mãos em seus ombros.

O que era aquilo? Podia sentir a força da noturna, de suas mãos se esforçando para não a esmagar como fizera com os canos deformados na parede. Foi quando percebeu o saco de ossos na sua frente, as costelas saltadas, as mãos mais ossudas e sem carne como os ombros, a palidez acima do normal.

- Se você, fizer isso, eu não vou te machucar, eu vou te matar... – Cuspiu com a água entrando a boca.

Sem conseguir pensar numa resposta, Laura levou as mãos ao rosto da morena.

Ah se houvesse jeito, mas não havia, o toque de uma na outra, faria tudo desmoronar. E Laura não parecia ter o mínimo de noção do quanto isso era ruim. Mergulhando num beijo desesperado com Carmilla.

De certo elas lutaram, mas tudo quanto a recusa fora tão inútil quanto lutar contra a própria sombra. Pouco a pouco o controle se esvaia como as partes secas da blusa, bebendo da água, tomando aos poucos o resto da sanidade. Seria ela a comandar dessa vez, e num impulso jogou o peso para frente, levando a outra para a pia.

A jornalista tirou o que ainda tinha da parte de cima deixando apenas o cristal entre os seios e o top. Sentou a morena na pia, se achegando entre suas coxas.

- Carm... – Sussurrou no ouvido dela, e pode sentir o arrepio segurando suas coxas. Mais uma vez elas se perderam num beijo. E aos poucos estavam se deixando levar com o peso da culpa, quando o desejo de ambas estava para render o ódio, elas prenderam o olhar, num único relance, e o rubro reclamou seu lugar.

A respiração acelerou de uma vez, o coração disparou como um cavalo de corrida, e a cabeça ameaçou explodir de dor. A mente de Laura foi alvejada, como um repentino tiro de rifle, de uma única vez lembrou de tudo nas catacumbas, quase ser comida viva, a horrível sensação do legionário se aproximando, ser tragada na escuridão, o desespero, tudo rodando em torno dos olhos vermelhos. Ela fraquejou para o lado vomitando o que não tinha no estomago.

- Laura. – Desesperou-se Carmilla. A vampira tratou de ajudar a loira a sentar-se no chão.

- Não...espera... – Arquejou, porém o corpo se mostrava exausto do trauma. – Não da pra ser assim.

- E você acha que eu queria?

- Carmilla, to falando de dar um jeito nisso.

- Dar um jeito nisso? Eu sou uma vampira, meus olhos sempre foram, e sempre vão ser assim.

One More NightOnde histórias criam vida. Descubra agora