Pontas soltas assombradas

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Laura POV

Mal haviam chegado em Treffen, e já estavam sob a mira dos caçadores. Ninguém esticava o nariz para fora do caminhão, ao menos nada não humano. Chlloe atenta a saída de trás, Sam em seu colo como uma bolinha de pelos exausta. Laura fitava a vampira sentada a sua frente. Droga ainda era linda, mesmo emburrada, e distante como estavam. Perry guiava o caminhão, com LaF ao lado. Os caçadores tinham ordens contraditórias, uma divisão de interesses e partidos. Os seguidores do filho do segundo comandante Castus jr. – Susan –, e do novo eleito comandante Willian – Raphael – era como estar entre Chernobyl e a bomba atômica, ambos insalubres.

O caminhão foi escoltado direto à delegacia.

- Só a vampira entra. – Disse o caçador na guarita. Mas claro que a loira não ia ficar de fora, e sem ser convidada seguiu a morena. Um dos comandantes as aguardavam, mas qual deles?

Caçadores com o rosto coberto e armados em cada fim de corredor, era nítida a tensão da morena, aquela gladio estava pronta para ser tirada da cintura, e ser enterrada no comandante certo.

Mas para um breve alívio era o comandante errado à gladio, era o amigo de Laura. Raphael estava se descabelando na mesa de Norbert – que a essa altura se não estava morto, nunca mais andaria depois de ser pisoteado pelos cavalos – o loiro revirava pilhas de documentos não lidos.

- Tá aqui a prova que você queria. – Carmilla foi até a beira da mesa jogando a cabeça da bruxa sobre os papeis.

Queria? Pensou a loira, como assim? Raphael, espere, os pontinhos ligavam um nos outros, mas ela não sabia quais. Explosões, Carm fugir sem problemas, e outro pra levar a culpa, já tinha visto isso antes. O peito dela apertou sem saber ao certo se de alegria ou de espanto do tamanho mamute de acontecimentos que deixou passar.

- Bom, acho que isso serve. Obrigada. – Disse Raphael.

- De nada salvar o rabo de vocês. – Dispensou Carmilla dando as costas para o caçador.

- Ei eu já agradeci, o que mais você quer? – Questionou a má educação. Mas a morena ignorou tudo, como se não digno de sua atenção. Caminhou para a porta dando de cara com Castus.

- Onde pensa que vai vampira?! – Gritou ele puxando o braço dela.

- Pra longe de vocês merdas ambulantes. – Rosnou desvencilhando o braço dele.

- Deixa ela ir. Já temos a verdadeira responsável dos monstros. – Declarou firme Raphael. – Ela trouxe a prova. – Castus foi ter com Raphael uma bela de uma conversa. Testosterona, fazer o que, se matem.

Laura estava preocupada com mais coisas que os níveis hormonais dos adolescentes a comandar a cidade. Saiu atrás de Carmilla, porém ao pisar a calçada não a encontrou, pensou: Onde aquela mal-humorada iria?

Perry sorria com LaF no banco do carona no caminhão, a espadada de raspão deu um tremendo susto, mas só isso. Chlloe mancava um pouco, mas Sam que tanto queria fugir, agia de forma estranha perto da doguinha – mais disposta a ficar por perto, também exausta como estava, não poderia fugir.

- Laura vem, vamos pra casa. – Chamou Perry. Laura subiu na carga do caminhão, e foram todos para a hospedaria. Kirsch os recebeu com chocolate quente, bem a moda de Perry. Porém hoje eram os homens a cuidar do jantar, afinal fora a dona da casa a encher seus estômagos quando exaustos de cortar lenha, nada de mais então retribuir um pouco desse carinho de mãe.

Laura subiu para o quarto, e fechou a porta, parando no meio do assoalho olhando o nada na janela.

O que aconteceu?

A respiração ficou pesada, o estomago embrulhou tentando digerir a carga do ocorrido. Lembrou-se da madrugada da fuga, onde arrastou todos para a caçada, a sua namora...

Namorada?

Era?

É?

O que eram então?

Por que estavam assim?

Verdade ou não nas palavras ditas naquela cela, como uma bola de neve, que começa pequena, mas que ao rolar um tempo, torna-se imensa. De onde tinha permitido as coisas caminharem desse jeito no coração? De onde sentiu tanta raiva dela, tanto ódio de Carmilla?

Dói, céus como dói.

Mas se dói, por que dói?

Não a amava? Se amaram uma noite. E por que agora isso doía? Amor não dói; se dói.

Algo está bem errado.

Laura escutou alguém na porta, era Guto com a cara suja – como sempre.

- Oi, só pra avisar, descongelamos os canos, e tiramos o resto da neve que soterrou tudo, pode usar o chuveiro. – Disse ele com a voz esganiçando, pré-adolescência talvez, ela viu os olhos dele, um tanto mais claros, algo que os caçadores acreditavam, algo nos olhos, algo que Carmilla havia contado certa vez.

O que era mesmo?

Kirsch abrolhou à porta da garota, com dois aventais amarrados na cintura como um vestido, ele era demasiado largo e mais alto que a dona da cozinha, mas quem disse que importava? Ele bamboleava de porta em porta avisando da janta. Porém seriam apenas eles, só os moradores fixos, a turma de sempre. Guto tirava um sarro do amigo a rebolar com o sarongue de aventais e uma concha na mão.

- É sério Guto, esse vestido me engorda? – Perguntou ele na onda da brincadeira.

- O que você acha, nem da pra ver mais nada se você parar na frente. – Esse menino aprendia rápido, a tenra idade não era nada, algo naqueles olhos violeta, eram especiais. Olhos que não podem ser enganados.

- Hey Laura, por que não toma um banho? Depois vem comer, fiz um ensopado.

- Você queimou ele. – Disse de canto, levando um cascudo do mais velho.

- Eu to falando do segundo! – Kirsch podia errar, mas tentava, e com a paciência de Perry, ele ia longe.

- Tudo bem, logo eu vou, vou tomar um banho. Ela entrou no quarto, enquanto seus amigos voltavam para a cozinha.

***

Laura levou consigo um par de meias, e o usual pijama de ovelhinhas, a toalha azul enroscou na maçaneta, até que ela mesma paralisou ao ver Carmilla no box do fundo.

O que tem de errado? O que tem de errado com tudo isso?

Sem perceber estava às costas da vampira, que nem a notara ali. Involuntariamente ergueu a mão lentamente passando pela cortina plástica, a poucos centímetros de tocá-la, a pele tão maltratada em vergões avermelhados, roxos e esverdeados, feridas antigas ou mais novas. O vapor entrecortava a vista, escondendo outros machucados, mas sem diminuir a beleza da criatura com os cabelos molhados.

- Sai daqui... – Pediu a amarga e chorosa voz, talvez o vapor estivesse denso o bastante para abafar, e a ordem soar mais como um pedido de quem não quer incomodar. – Você não quer isso. – Disse-lhe, porém, não seriam palavras a livrá-la.

Laura entrou junto da vampira sob a água quente. Abraçando-a por trás. Aos poucos o calor da água tomava as roupas da jornalista, mas não era o único calor a abrasar os corações. Tomados de recusa e angustia, pontas soltas assombradas.

***

HEY!!! Como fomos Soldiers?
Confesso que demorei a perceber as mudanças, a transformação da Laura, ela não esta mais tão criançona, nem a Carmilla rabugenta por nada, onde esta o leite de soja dela? kkkk Mas me contem oq acharam, o arco dos caçadores esta caminhando para rumos inesperados até pra mim, e tenho de admitir q estou amando isso.
Abração de lobo em vcs seus lindos, e então até o próximo e inesperado capitulo, até o próximo ONE MORE NIGHT!!! AAAUUUUUUUUUUUUUUU!!!

One More NightOnde histórias criam vida. Descubra agora