Quando o sol se põe vermelho...

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Garu Syvalion a guarda pessoal de Mina Halker, serva do comando Valaquia, o peão Fallvalion e, a única coisa entre a vampira renegada Carmilla e a aspirante a jornalista Laura. A risca no chão vigiada pelo que foi chamada de:

- Sua desgraçada filha da mãe! Sai da minha frente! – Rugiu a vampira se erguendo de uma arvore envergada.

- Fique a vontade para insultar quantos parentes quiser, não são minha família mesmo – Garu era irritantemente calma, sempre mirando o nada, desenhando na rala neve, mal encarava a oponente.

- Estou avisando, sai da minha frente! – Carmilla avançou igual um atacante de futebol americano, na mesma violência foi repelida por um golpe que a jogou no topo de uma arvore, dali avistou uma possível rota para Laura, porém o tronco cedeu a um único corte da Fallvalion.

Ela rapidamente saltou ao solo caindo em pé com o enorme tronco levantando uma fina camada branca por de trás dela. Seu cabelo dançando ao impacto da arvore, os olhos de Carmilla trocaram o escuro castanho para o rubro fervendo, fechando os punhos com sua aura realocando o ódio nas partes certas, suas roupas balançavam com o ar frio pairando naquela arena.

- Death Kiss – Rosnou com a mão estendida com a manopla, em um segundo a lâmina depositava o cabo entre seus dedos.

- Bela espada – Reconheceu Garu, admirada do trabalho da arma rival – Vespertine – Apresentou posicionando a lâmina pálida no meio do rosto – Quando quiser, cortesia a uma dama, faça o primeiro movimento – Fez uma reverencia.

- Vai à merda com essa de dama!!! – Carmilla avançou em corte horizontal pela esquerda dela, Fallvalion travou fio a fio, sendo empurrada de pé pela espadachim noviça, parando logo antes da linha tracejada com os calcanhares levantados.

- Bom, você tem uma excelente posição, mas não a desenvolveu, com esse nível e o tanto de emoção que esta deixando guiar seus golpes – Garu desviou a ponta da Death Kiss para o chão, acertando uma forte cotovelada no rosto da raivosa vampira que, tentou contra-atacar, porém fora arrematada por uma senhora joelhada nas costelas – Suas chances de me derrotar são nulas.

A morena cuspiu sangue apoiada nos joelhos, sua língua a avisou de dois dentes soltos, sua vista confirmava um terceiro molar fora de sua boca, o peito parecia ter sido atropelado por uma locomotiva, dor somada à raiva, a portadora da Death Kiss fervia pelo sangue da guarda de Mina Halker.

- Não vai conseguir – Reafirmou Garu desarmando a pose de combate e, finalmente encarando os olhos da adversária de caninos saltados – Não vai, não vou permitir que a vá até ela – Mostrou as presas com a boca entreaberta e os olhos brilhando como joias flamejantes.

A morena tentou correr, vencer uma corrida até Laura, porém fora puxada pelo calcanhar e atirada na direção oposta. Garu era veloz – não era a toa que Mina não carecia de mais guardas, bastava Fallvalion – assistindo a impossibilidade de uma fuga, Carmilla adotou a postura de combate, arqueando os joelhos, a perna direita a frente, as duas mãos no cabo, focando-se totalmente na inimiga e em como estraçalhá-la.

As duas chocaram-se entre as arvores, cada movimento descarregava uma lufada de ar, troncos eram marcados pela passagem das duas, a carrasco sempre na defensiva sendo empurrada para a parte mais baixa da montanha. Entre os ataques fortemente defendidos pela habilidosa loira, a renegada era perfurada pela ponta da Vespertine.

Carmilla apertava o cabo da espada a devora-la, secando sua garganta, queimando dentro dela o ódio, canalizando-o nos ataques defendidos e, revidados pela Syvalion – o tempo estava acabando – o embate era cada vez mais arrastado, com manchas rubras por todo o chão, se a morena pensava em avançar, estava sendo feita de trouxa por seu senso direção, pois Garu a levava para longe da linha, para longe de Laura, mas fugir era impossível, a única alternativa era derrotar Fallvalion.

Aproveitando-se da dispersão da vampira imersa em ódio, a executora apertou o cabo de Vespertine entre o ombro e o pescoço da inimiga, ferindo a clavícula de Carmilla recuando com o braço esquerdo pendendo. Assim então percebeu o chão que pisava, gelo puro – o lago Fehér – porém estava mais fino devido ao alivio do inverno na ultima semana.

- Já chega Carmilla, apenas aceite, não temos de prolongar isso – Dizia a guardiã desanimada, enquanto a oponente lutava para estar de pé na superfície de gelo com a clavícula e vários outros ossos quebrados.

- Sai da minha frente! Eu tenho... – Ela fraquejou com as costelas dançando soltas, usando a espada de apoio e, não arma - ...eu quero, quero ela... – Arfou ao som do gelo trincando morbidamente.

- Sério isso? Esta tão apaixonada que, mataria sua própria espécie por uma garota humana? – Garu embainhou a lâmina, pois a adversária já não apresentava posição combatente. Foi o que Carmilla esperava, num ultimo ataque desesperado e, descuido da guardiã. Death Kiss transpassou a capa da loira seca – ...é você esta... – Concluiu a carrasco fora de seu capote de frio ao lado da renegada.

O cabo de Vespertine trincou a mandíbula de Carmilla arremessando-a para o céu e, nesse céu estava Fallvalion num giro com o cotovelo que atingiu a nuca da morena, a fazendo atravessar por trinta centímetros gelo até a água. Ela não estava mais pensando, seu crânio havia sido partido num afogado estampido abaixo do gelo, a água congelante entrava por todos os ferimentos, diluía o pouco sangue restante em seu corpo dominado pelo frio, seus dedos afrouxavam Death Kiss solta no breu submarino e tudo escureceu.

***

- Me deixe ir com você! – Suplicava Carmilla a mulher de longo cabelo cor de sangue – Me deixe ir com você! Por que não posso ir pro mundo de onde sou?!

- Porque você nasceu neste! Vampira burra! – Vociferou aquela voz áspera – Você nasceu aqui, pertence a este mundo minha filha.

Um esfumaçado sonho da vampira, uma lembrança enevoada e, enegrecida de frustração. A imagem transformava-se, adentrando em um redemoinho de chamas e bombas, mísseis e aviões ingleses, um caixão de sangue para uma traidora. Muitas más lembranças.

- Mãe? – Chamou Carmilla, a voz ecoava numa infinda sala de pedra acinzentada, suas mãos estavam presas sendo sugadas pelo sangue de suas vitimas, as paredes do caixão erguiam-se envolta de seu corpo, o ar faltava, sua garganta era puxada para trás por um fio vermelho e, seus gritos dilaceravam suas cordas vocais.

- Carm? – A voz de Laura pairou sobre a agonia.

A vampira renegada abriu os olhos e, lá estava a loirinha lhe chamando, porém ao seu lado estava Mina.

- Lauraaa!!! – A renegada rugiu assistindo a juíza abrir a boca no pescoço da loira, porém preferiu entregar todo sangue de seu corpo se ao menos isso salvasse a jornalista que, deixava este mundo nas presas da juíza. A imagem mudava mais uma vez e, dessa vez foi Ell a tomar o lugar de Laura e, a própria Lilita Morgan substituiu os dentes de Mina.

- Veja bem criança – Lilita parou de drenar a jovem inocente, segurando seu rosto em direção a Carmilla a urrar de ódio – É esse monstro que te enganou, é esse monstro que te matou – O peito de Ell explodiu com o braço da poderosa senhora das sombras transpassado por ele.

- Ell!!! – Berrou Carmilla ao ver o coração de seu amor ainda pulsando de pânico nas mãos de sua falsa mãe.

- Adeus minha filha – Proferiu a cruel mulher logo antes de um estalar de dedos esmiuçarem a traqueia da traidora jogada dentro do caixão sem poder fugir da sepultura.

***

Pedaços de gelo batiam uns nos outros, boiando na calma superfície destruída, Carmilla acordou cuspindo água na boca de Garu sobre ela.

- Calma – Pediu Fallvalion segurando as mãos da vampira – Espera, eu disse pra esperar... – Mas a renegada não queria saber de nada. Então sentiu trovejar uma dor abaixo das costelas, Garu segurava uma lâmina enterrada na jovem vampira – Você não me deu outra escolha, vai ficar com isso até se acalmar – Bufou sentando ao lado de Carmilla que gemia por conta do maldito punhal – Calma, eu já disse. Só vai doer mais, não lute pra ficar acordada, logo você vai desmaiar...esta consumado... – Disse por ultimo, com o fim da sentença.

Era ainda antes do meio dia quando essa loucura toda começou e, o sol estava se pondo vermelho, era o fim e, Carmilla sabia disso.

"Laura" – Chamou em sua mente antes deentregar-se a inconsciência.    

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