Capítulo 9 - Maturidade

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Pelo amor de Deus, Marcela? A troco de quê Gizelly se importaria com um gesto seu ou com o que fazia ou deixava de fazer? Não era ela a dona de metade dos hotéis de São Paulo? A mulher mais bem casada do mundo? Aí é que está: sendo tudo que Gizelly era, o entrelaçar de mãos de Julia com Marcela tecnicamente deveria lhe ser indiferente, certo? E aí é que estava o problema.

Ele não foi.

E Marcela percebeu.

- Aquela mulher... mãe da Luisa... – a voz de Julia trouxe Marcela de volta de seu torpor momentâneo – Vocês são amigas?

- Nos conhecemos há um tempo – Marcela respondeu meio vaga – Estudamos juntas.

Omitiu o que já parecia óbvio.

- Hum... Ela é linda, né? E parece ser bem nova pra já ser mãe – Julia comentou por alto – E a menina é uma graça.

- É sim. A Luisa é ótima – Marcela abriu um sorriso ao lembrar da minigizelly – Ela é afilhada da minha irmã.

- Ah, então ela é amiga da sua irmã? – disse, referindo-se a Gizelly.

- Sim – Marcela foi vaga novamente – Comadres – e tratou de mudar de assunto – Me fala da ideia que você disse que teve pra galeria.

E deram início a mais uma conversa amena. Terminaram o almoço um tempo depois, com Julia insistindo em dar uma carona a Marcela, mesmo a artista alegando que não precisava e que se virava bem com um aplicativo. Terminou que a fotógrafa tanto persistiu que conseguiu fazer Marcela aceitar que ela fosse lhe deixar.

Despediram-se com um beijo quente e Marcela já entrou em casa cantarolando, o que não passou despercebido por Michellen. Lá da cozinha mesmo a mulher gritou dizendo que tinha guardado um pedaço da lasanha do almoço no forno, o que a Mc Gowan recusou, dizendo que já havia comido. E, involuntariamente o assunto chegou em Julia.

- Você gosta mesmo dessa moça, hein? – Michellen sorriu, contente em ver sua menina um pouco mais leve e de bem com o mundo ao seu redor.

- Ela é muito incrível, Michellen – descansou a cabeça no colo da mulher, que lhe fez um carinho nos fios loiros – É linda, inteligente, educada, tem um papo bacana... É uma ótima companhia.

- Que bom que você está se entendendo com ela, Marcela... Eu rezei tanto pra que você encontrasse alguém que te fizesse bem na vida...

- Eu hein, que papo estranho – Marcela fez uma careta ao franzir o cenho – Parece até que eu pretendo casar com a Julia. É só um lance, Michellen. Tem nada de mais nisso.

- Ué, mas pode ter. Uma hora você vai ter que se aquietar... Uma hora vai encontrar alguém que te faça querer sossegar – a mulher riu-se.

- Eu acho que já encontrei essa pessoa, mas deixei ela escapar – comentou meio cabisbaixa – Eu encontrei com ela. Com a Gizelly... Lá no restaurante, no meio do almoço com a Julia.

- Ah, meu Deus... briga de novo! O que ela fez dessa vez? Jogou a comida em você? – Michellen se preocupou.

- Não, ela... – Marcela não sabia bem responder o que Gizelly fez, porque nem ela havia entendido direito o que havia sido aquilo – Ela só ficou parada me olhando. Foi esquisito.

- Ah, vai ver a Gizelly entendeu que ficar te dando patada não adianta. As pessoas às precisam agir com maturidade e deixar de birra.

- Maturidade? – Marcela se empertigou – Me expulsar da ONG por birra é ter maturidade? Ficar me tratando mal por causa de uma coisa que fiz há cem anos? Muito maturidade ela tem – colocou um bico na cara – Ela gosta é de pisar em mim, isso sim. Aliás, eu me pergunto se uma pessoa dessas um dia me amou como disse que amava....

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