Capítulo 38 - Entre mãe e filha

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Notas do Autor

capitulo de hoje e sobre ele: checagem de fatos.
Boa leitura!
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Marcela saiu na portaria do prédio de Gizelly com o celular em mãos para chamar um carro. Desde o acidente com Mariana, que ela estava sem um. Josi já havia providenciado um, mas depois do ocorrido, ela resolveu não pedir mais o veículo da mãe. Talvez se já tivesse tido a decência de ir visitar uma concessionária, não estaria usando o carro alheio e não teria deixado sua mãe num prejuízo absurdo. O veículo deu perda total.

Mas foi ao ver a barra “ir para onde” do aplicativo de transporte, que Marcela se pegou pensando naquilo. O lugar mais óbvio seria sua casa, certo? Certo. Mas Mariana estava lá e João com certeza estaria também visitando a noiva. Josi provavelmente tinha providenciado um almoço daqueles e estaria todo mundo feliz demais em suas calmarias particulares enquanto ela, Marcela, se sentia tudo, menos calma. E não estava lá muito a fim de socializar com quem quer que fosse. E, bom, se trancar no quarto em um momento onde todo mundo se reunia na sala não seria recebido por indiferença pela sua mãe. Josi com certeza iria lá lhe encher de perguntas e ela nem as tinha para dar. No sério, estava completamente perdida.

Fechava os olhos e podia ver o olhar de Luisa sobre si. Respirou fundo de novo. Foi digitar o endereço do salão, quando uma mensagem apareceu nas notificações do celular.

“Filha, ficou tudo bem com a filha da Gizelly? Eu vi vocês chegando e depois indo embora. Espero que tenha ficado tudo certo” – Marcos.

Aquilo devia causar estranheza nela. Mas não tanto quanto ela pensou. Respondeu imediatamente, esperou alguns segundos e chamou um carro. Sabia bem para onde devia ir. Se era o certo a se fazer, aí ela já não tinha tanta certeza. Mas em sendo Marcela, ela não pensou muito. Fez e pronto. Era seu modus operandi.

(...)

Gizelly saía do banheiro, os cabelos pingando, quando encontrou com Luisa no meio do caminho. A menininha tinha um livrinho nas mãos. O da vez era A Bela Adormecida. Mais ilustrações que palavras mesmo.

- Tomou banho direitinho? – a empresária se agachou e deixou um cheirinho gostoso no cangote da filha – Pelo visto tomou.

Luisa riu e se encolheu. Então escalou a cama e saiu engatinhando até o meio dela.

- Você pode ler pra mim, mamãe? – ela mostrou o livrinho.

- Claro que eu posso, meu amor – e seguindo a filha, Gizelly se acomodou ao colchão, recostando-se na cabeceira. Luisa imediatamente se aconchegou a ela, descansando a cabecinha em seu colo – Mas antes, a gente precisa conversar.

A menina lhe olhou com olhinhos atentos.

- É por causa da tia Marcela? – e claro que ela sabia do que se tratava.

- Você queria respostas, não queria? – Gizelly lembrou e fez um carinho nos fios castanhos dela.

- Cadê ela, mamãe? – os olhinhos buscaram Marcela pelo quarto, como se a qualquer momento ela fosse irromper pelo closet com aquele gingado conhecido e dizer um “piscininha!” e se jogar na cama com elas duas. E agarrar Luisa, fazer cócegas até ela não aguentar mais e correr para a mãe. Geralmente era assim nas noites em que Marcela dormia lá. E depois elas liam um livro ou a menina desenhava até cair no sono. Isso quando não iam assistir Frozen, com Luisa toda encolhida agarrada à Mc Gowan e recebendo um carinho gostoso de Gizelly nos cabelinhos.

- A Marcela achou melhor ir embora – ela foi sincera, o olhar de Luisa recaiu sobre ela de novo – Talvez ela esteja certa, essa é uma conversa entre nós duas – respirou fundo e assumiu um tom mais grave – E eu quero que você me diga exatamente tudo que ouviu do seu pai hoje. Sem esconder nem deixar passar nada, fui clara? – Luisa assentiu – Bora lá. Pra começar, quando ele foi te pegar na escola, o que ele disse?

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