Capítulo 49 - Fim da linha

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Notas do Autor


O capítulo de hoje: rapidez e agilidade.

Boa leitura!
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- Papai, pra onde a gente está indo? - Luisa se esticou toda para dar uma olhadinha pela janela do carro, vendo a cidade passar veloz por ela - A minha feirinha ainda não acabou.

- A gente vai dar uma volta, filha - Henrique respondeu lá de onde estava, no banco do motorista, os olhos concentrados no trânsito e não só nele. Precisava ficar atento a qualquer movimentação estranha - Eu estava morrendo de saudade de você, meu amor. Você não estava com saudades de mim?

- Estava. Mas a mamãe disse que você estava de castigo. Você já terminou o castigo?

Henrique suspirou e apertou a direção. Não precisava ser nenhum gênio pra entender o que Gizelly havia dito à menina. E sinceramente, ele não sabia se era bom ou ruim: bom o fato de ela ter amenizado a situação. Ruim o fato de que ela expusera a situação.

- Já sim, filha. Está tudo bem - o advogado mentiu e acelerou. Mas Luisa, ela tinha assunto. E como tinha.

- Você me viu cantando na feirinha? Eu cantei com a mamãe a música da mamãe Marcela.

Henrique frenou duma vez, o que quase causou um engavetamento. Os carros atrás buzinaram alto e Luisa mesma só não foi para frente, porque estava presa pelo cinto na cadeirinha. "Mamãe"? Sua filha chamou aquela mulher de "mamãe?"

- Ela não é sua mãe - foi tudo que disse e apertou mais a direção, afundando mais o pé no acelerador, fazendo o carro cantar pneu no asfalto pelo arranque - Sua mãe é a Gizelly. Não existem duas mãe.

- A mamãe disse que existe sim. E que não tem problema eu chamar a mamãe Marcela de mamãe. Ela é legal. Ela me ensina a desenhar e é ela que cuida de mim. Que nem a mamãe.

- Chega, Luisa! - Henrique quase gritou, fazendo a menina se calar e se encolher. Henrique aproveitou um sinal vermelho para se virar para ela - Não existe isso de mãe. A Marcela não é sua mãe nem nunca vai ser! A sua mãe é a Gizelly e eu sou seu pai, eu! - e quase fuzilou a menina com os olhos. Luisa abriu a boquinha umas três vezes na tentativa de dizer alguma coisa, mas não conseguiu, então se calou e arriou os ombrinhos.

- Eu gosto dela.

- Não tem que gostar! - Henrique estava implacável - Aquela mulher é uma maluca, não merece sua confiança nem nada que venha de você.

- Ela é legal, papai. A mamãe Ma...

- ELA NÃO É SUA MÃE, LUISA! - Henrique berrou, fazendo Luisa soluçar. Diabos! Era só o que faltava. Respirando fundo, ele se virou para ela - Ninguém tem duas mães. Família é mãe, pai e os filhos. Eu, você e sua mãe. Ponto.

- Mas a mamãe disse que pode - Luisa entoou um tanto chorosa.

- Mas não pode.

Luisa se encolheu mais e deixou sair uma lágrima teimosa.

- Pra onde a gente está indo? Eu quero ficar com a mamãe.

- Ela vai encontrar a gente lá - mentiu de novo o advogado, acelerando mais o carro - E tira essa história de chamar a Marcela de mãe da cabeça. Ela não é sua mãe e nem nunca vai ser. Você tem mãe e pai, isso que importa.

- Mas você nem mora mais com a gente.

Henrique suspirou e apertou mais a direção.

- Eu vou resolver isso.

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