Capítulo 12 - Marcela Mc Gowan

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Notas do Autor

 capitulo: esclarecimentos.

Boa leitura!



- A gente precisa conversar, Julia – Marcela soltou em meio a um suspiro.

- Sobre a Gizelly? Já deu pra perceber que tem alguma coisa bem mal resolvida entre vocês e isso... – Julia riu sem humor – Bom, eu não sei bem o que pensar sobre isso.

- Sobre mim. Você precisa saber onde está se metendo.

Julia ficou parada, encarando Marcela meio que sem entender o que a artista havia dito. Na verdade, ela entendeu o que Marcela falou, foi claro. O que não compreendia era o que ela queria dizer com aquilo. Claro que já vinha tentando desvendar Marcela fazia uns dias, principalmente depois daquele embate esquisito entre ela e Gizelly na casa de Mari. Não foi à toa que procurou pela Bicalho para saber que lugar afinal ela ocupava na vida da mc Gowan, e, sendo sincera, a resposta que teve, não lhe foi muito suficiente.

O que mais deixava Julia com o pé atrás e um tanto quanto incomodada também era o fato de que Marcela parecia sempre ser escorregadia. Não era de hoje que ela percebia que quando se tratava de Gizelly, ela simplesmente mudava de assunto, evitava comentar, tinha respostas curtas. Julia não era de insistir, mas que isso lhe deixava com um pé atrás, deixava. Mentiria se dissesse que não.

Bom, foi natural o que respondeu. Se Marcela queria conversar, ela que não negaria.

- Você está me assustando assim – disse em meio a um sorrisinho. Fez um carinho nos fios loiros de Marcela – Está tudo bem?

- Umhum – olha aí. Resposta vaga de novo – Eu só preciso esclarecer umas coisas. É realmente importante. A gente ir agora?

- Claro. Mas antes eu quero tomar café. Não comi nada ainda e sinto como se tivesse um buraco se abrindo dentro de mim.

O tom divertido de Julia quebrou um pouco aquele ar distante de Marcela. Bom, pelo menos sorrir ela sorriu. Dirigiram-se juntas para o carro da fotógrafa que estava estacionado ali perto. No caminho, como sempre, alguma música de fundo e uma conversa amena, mas permeada por silêncios demais. Pareciam, por um instante, duas estranhas. Mais de uma vez, Marcela pegou Julia lhe observando de esguelha e fingiu não perceber. Julia, por outro lado, percebeu que ela havia percebido, mas a inércia da Mc Gowan em perguntar o que era, lhe embotou a garganta.

Péssimo começo de dia.

No café perto da Paulista, sentaram-se do lado de fora. Marcela já passava boa parte do tempo trancada em uma sala, fosse resolvendo coisas de sua galeria, fosse na diretoria do cruzeiro, que não perderia a oportunidade de ficar ao ar livre “vendo gente”. Pedidos feitos, comeram praticamente em silêncio e não era nada confortável não. Aliás, conforto era algo que decididamente não havia ali. Nem ali no café e nem no carro e nem quando se encontraram na porta do cruzeiro.

- Marcela, o que foi? – Julia quebrou o gelo. Largou o que comia, pousou os talheres e ficou encarando a mulher diante de si – Você está meio distante, aérea, é como se estivesse aqui só o corpo, porque a mente está, sei lá, em outra galáxia. Eu te atrapalhei em alguma coisa?

Marcela acendeu a luzinha de alerta. Não era Julia, a culpa de seja lá o que fosse que estivesse sentindo ou acontecendo não era dela, não poderia em hipótese alguma deixar que ela pensasse aquilo.

- Não! – apressou-se em esclarecer – Claro que não, Julia, por favor.

Em um gesto automático, segurou as mãos dela em um carinho com o polegar. Só queria lhe passar um pouco de segurança.

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