MIL ACASOS

Capítulo 17 - Abertura

Notas do Autor

Eu tenho uma pergunta: bora fazer Gicela acontecer? Já está na hora, né?
Ou não, vai saber.
Enfim, sobre o capítulo de hoje: espera.

É impressionante como quanto mais você precisa correr, mais tudo ao seu redor parece caminhar em marcha lenta. Henrique acordou atrasado naquela segunda-feira. Quando saiu da cama, encontrou a casa vazia: Gizelly e Luisa com certeza já haviam saído, e como a esposa não andava fazendo questão nenhuma de dividir o quarto com ele.... Aquilo já vinha lhe irritando de uma maneira absurda. Queria poder encontrar com sua mulher e lhe exigir as explicações sobre a ida até a galeria de Marcela e sobre aquela foto ridícula de Luisa com a artista na revista.

Sua raiva se tornava quase homicida quando pensava que Gizelly lhe negou sua companhia para poder estar no mesmo ambiente que a sua ex. E lhe deixava mais colérico ainda saber que era Marcela sempre por perto, marcela sempre ali, rondando como um urubu.

Marcela, Marcela, Marcela! A simples menção do nome da mc Gowan lhe dava nos nervos. Sequer tomou café. Tomou uma ducha rápida, pegou a primeira camisa e o primeiro paletó que encontrou no guarda-roupas e rumou para seu primeiro compromisso do dia. Colégio cruzeiro.

Deu graças a Deus ao perceber logo de cara que Marcela não estava por ali. Seu dia já começara ruim, não queria piorá-lo. Encontrou foi com Luisa assim que passou pelo portão de entrada. Talvez, por pouco, não cruzou com Gizelly também.

- Papai! – a menina correu até ele, que se abaixou para recebê-la em um abraço – O que você está fazendo aqui? A mamãe veio me deixar.

- Ei, meu amor – afagou os cachinhos da criança – Eu vim a trabalho. O papai vai encontrar com a tia Mariana pra falar de coisa de advogado. Você está precisando de alguma coisa?

- Não. Estou esperando a tia chegar – ela se referia à professora.

- Certo – Henrique assentiu – Bom, então deixa o papai ir que tem gente esperando por ele. Fica bem, presta atenção na aula. Me dá um beijo aqui – foi envolvido pelos bracinhos de Luisa, que deixou um beijinho estalado na bochecha dele – Bom dia, filha.

- Bom dia, papai – Luisa se separou dele e correu cruzeiro a dentro. O sinal havia tocado indicando o começo da primeira aula do dia.

Suspirando, Henrique se dirigiu até a diretoria. Se anunciou e quando passou pela porta, encontrou com Mariana sentada em sua mesa – graças a Deus ela ocupava seu lugar agora e não Marcela – Paulo e a Célia do caixa. Nem sinal de Marcela. Menos mal.

- Bom dia – cumprimentou os presentes.

- Bom dia, Henrique – Mariana estendeu a mão para ele – Você marcou logo cedo, algum problema?

- Nenhum, Mariana. Na verdade, acho que trago soluções. É sobre as planilhas da escola – anunciou e mostrou a pasta que carregava debaixo do braço.

- Oi, oi, oi. Bom dia – a voz rouca de Marcela fez Henrique se segurar para não revirar os olhos. Mais um pouco e não conseguiria esconder seu descontentamento na presença da artista – Ou nem tão bom assim – ela acrescentou baixinho quando viu o advogado parado no centro da sala.

- Bom dia, Marcela. O Henrique trouxe as planilhas de volta – Mariana explicou, o que arrancou um arquear de sobrancelhas da irmã. Por aquele assunto, ela se interessava.

- Ótimo. E o que você tem a dizer pra gente? – Marcela emendou. Não queria rodeios. Não ali, não sobre aquele assunto.

- Eu tenho é que pedir desculpas, isso sim – ele falou como em um lamento, o que a Marcela não soou nem um pouco sincero – De fato havia erros nas planilhas, Mariana, e a responsabilidade é de um membro da minha equipe de contabilistas.