Capítulo 16 - Luz e sombra

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Notas do Autor

Capítulo de hoje: a flecha preta do ciúme.

Boa leitura!



O dia amanheceu nublado naquele sábado. Havia nuvens cinzas no céu, o prenúncio de uma tempestade. Marcela adorava dias nublados. Primeiro porque não havia aquele sol quente queimando sua pele; segundo, porque curtia um friozinho. Sua cor meio que já denunciava que tomar sol não era lá dos seus passatempos preferidos.

- Bom dia, família tradicional brasileira – já chegou cantarolando à mesa do café. Deixou um beijo carinhoso nos cabelos da mãe e sentou-se diante dela.

- Hummm... e essa felicidade toda? Tudo isso é por causa da galeria? – a mulher quis saber.

- Também, dona Jossi. Ó, eu fiquei mega feliz que deu tudo certo. Mas não é só por isso não.

- Não é mesmo, Jossi – Michellen entrou na conversa – Eu bem vi a Marcela ontem de papinho com uma certa empresária do ramo hoteleiro num canto da galeria.

Marcela riu grande.

- Não, mentira – Jossi ficou realmente surpresa – Você e a Gizelly...

- Claro que não, mãe – a artista tratou logo de interromper – Primeiro, que a Gizelly é casada... infelizmente – tinha que acrescentar – Segundo, que não era bem uma conversa não. Estava mais para discussão.

- Brigaram de novo?

- Mais ou menos – e vendo a cara intrigada da mãe – Mas, ó, pelo menos ninguém agrediu ninguém.

- Eu confesso que fiquei surpresa de ver a Gizelly lá – Jossi comentou – Nem sabia que você tinha convidado.

- Eu tinha que tentar, né? – bebeu um gole do seu suco – Joguei as cartas e deu certo. Significa que a Gizelly está disposta a conviver comigo sem querer me matar, o que eu acho um tremendo avanço. E ao contrário do que certas pessoas pensam – enfatizou o fim da frase e olhou para Michellen – Não tinha nada demais ali. Só um desentendimento, pra variar.

- Que desentendimento? – Jossi quis saber.

- Deixa pra lá, dona Jossi. A gente vai resolver facinho... eu acho – acrescentou – Agora deixa eu ir que estou atrasada. Dia nublado assim é bom de ficar na cama, mas o dever me chama. Tchau pra quem fica.

- Vai pra galeria?

- Pra ONG – Marcela falou mais alto lá da sala pra poder ser ouvida – você vai precisar do carro agora de manhã?

- Não, pode pegar.

Marcela rumou para a garagem de onde saiu cantarolando ao volante do Corolla de Jossi. O caminho para a ONG não levou mais que meia hora e quando chegou por lá o primeiro rosto que viu foi o de Renata. Ah, fala sério... seu dia estava até bom. Não é que não gostasse da professora de música, é só que não simpatizara muito com ela. Não sabia dizer o motivo, mas era como se o santo não tivesse batido.

Marcela tratou de desviar o olhar e seguiu para a sala para preparar o material da sua aula, mas foi parada por Bia lhe chamando lá da entrada.

- Está com a manhã muito cheia hoje? – a amiga já foi logo perguntando.

- Bom dia pra você também, Bia. Eu também estou bem, obrigada – ironizou – Mais ou menos. Tenho duas turmas agora de manhã. Por quê?

- Ah, é que eu queria conversar com você sobre uma ideia que a Renata teve e que a gente super está comprando – Bia explicou ao revirar de olhos de Marcela – Ela sugeriu montar uma pequena orquestra com a turma de música com a ajuda da Clara. Aí a gente pensou em bolar uma apresentação pra comunidade e usar sua arte como painel. Você podia produzir com seus alunos.

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