Capítulo 18 - Você me faz perder o controle

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Notas do Autor


Oi, gente, tudo bom?
Ó, trazendo mais esse capítulo hoje porque, como expliquei, ele é casado com o de ontem.
Um adendo: a fic que estava meio morna começa a ganhar movimento de novo.
Outra coisa: prestem atenção nos detalhes. Eles são importantíssimos e vão responder muita coisa lá na frente. As frases, por mais simples que possam ser, as memórias por mais insignificantes e "pra encher linguiça" que possam ser, contêm coisas esclarecedoras e definidoras na história. Detalhes, gente, se atentem aos detalhes.

No mais, boa leitura!



- Eu também te amava, Gizelly. E ainda te amo.

Gizelly quis perguntar que sandice era aquela e se haviam câmeras filmando a reação dela. Por que só aquilo explicava. Interessante era como há sete anos, aquela frase era tudo que ela mais queria ouvir e agora, ali, escutando-a da boca de Marcela, ela não soube ter reação nenhuma. Não que estivesse inerte quanto aos efeitos daquelas palavras, porque definitivamente não estava. Seu coração era um trouxa, acelerou vergonhosamente. Suas mãos pareciam ser tão bocós quanto ele, porque começaram a suar. Seu cérebro, maestro daquela orquestra ridícula que eram seus sentidos se aguçando por aquela mulher, parecia ter perdido completamente o senso.

Marcela disse que lhe amava. Ela lhe disse que lhe amava, proferira as palavras. Ela estava se declarando para Gizelly, aquilo era claro, mas eram sete anos de atraso. Não eram sete horas nem sete dias, eram a porra de sete anos! Sete anos! Um curso superior, um casamento e uma família depois! Quem Marcela pensava que era para brincar com ela daquele jeito? De dizer que precisava conversar sobre seja lá o que fosse, e começar metralhando daquele jeito? “Eu te amo?”. Que amor era esse?

Sem saber o que fazer. Riu. Riu era eufemismo. Na verdade, Gizelly gargalhou, mas não tinha graça nenhuma naquilo. E a falta de graça tornava a situação tão engraçada.... Marcela tinha o quê? Perdido o último neurônio que parecia ainda funcionar na cabeça dela?

- Nossa – ela se controlou depois de uns segundos, sob o olhar penetrante de Marcela – Eu não sei o que dizer. Obrigada?

- Você não entendeu – Marcela apressou-se, percebendo o quão cortante o tom de Gizelly havia sido – Eu não estou falando isso agora na esperança de mudar alguma coisa. É só que era isso. Sempre foi – ainda não conseguiu ser clara – Quer dizer, eu te amava também. Eu... eu só não sabia dizer isso e fiquei com medo de melar tudo aí...

- Aí você foi lá e melou – Gizelly concluiu por ela – Muito bacana essa sua lógica. Não quero fazer merda, então vou fazer merda. É isso?

Marcela se encolheu.

- Não. Eu... – respirou fundo – Gizelly olha pra mim – abriu os braços – Eu tenho cara de quem consegue falar o que sente assim, logo de cara? Naquela balada que a gente deu match eu já tinha te dito que não entrego os pontos fácil. Eu...

- Ah, vai se f...

- Só me ouve! – Marcela pediu, quase ordenou uma oitava acima de seu tom habitual, fazendo Gizelly calar. Tomou fôlego – A vida toda, eu nunca estive sozinha. Sempre me envolvi com alguém, sempre tinha algum peguete, algum namoradinho, um ficante que fosse. Era tudo sempre tão rápido, pegar e soltar, que nunca teve tempo pra sentimento. Eu só queria beijar na boca, transar, me satisfazer e que viesse o próximo. Uma adolescente tentando sentir alguma coisa e ao mesmo tempo não querendo sentir nada. Essa sempre foi a minha lógica e sempre funcionou. E nem me olha desse jeito, porque você também era assim.

Gizelly tinha aberto a boca para protestar, mas acabou se calando. Marcela prosseguiu.

- Caralho, minha vida estava um inferno. Meu pai um escroto, Mariana de repente virou minha irmã, minha mãe pegando o ex traído e eu solta no meio do mundo metendo os pés pelas mãos e me fazendo de louca pra poder passar. Aí do nada, boom! Eu descontrolei de vez, fui bater num hospital, minha mãe o quê que fez? Tratou logo de se livrar de problema me mandando pro outro lado do mundo – umedeceu os lábios antes de prosseguir, perscrutando o olhar de Gizelly – Lá na França não foi tão diferente no começo. Eu estava num pico de adrenalina, no ponto de fazer besteira de novo... aí você me mandou aquela bendita foto do pudim da Michellen. Nunca uma foto de pudim me fez tão bem na vida.

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