Capítulo 14 - Exposição

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Notas do Autor

Gente, seguinte: a fic vai começar a ganhar ritmo de novo. Nesse capítulo teremos algumas respostas, mas não todas.
PS: O título do capítulo contém uma ambiguidade e se aplica tanto às circunstâncias do que acontece aqui, quanto ao que acontece aqui rs. Fiquem atentos.

No mais: boa leitura!





- Marcela, para de andar de um lado para o outro! Vai abrir um buraco no chão desse jeito! – Bia reclamou pelo que pareceu ser a milésima vez. E pela milésima vez, foi ignorada por Marcela, que prosseguiu com seu andar para lá e para cá, num gesto visivelmente nervoso. A amiga tentou meios mais amenos – Calma, vai dar tudo certo.

- Na verdade, já deu – Mari se juntou ao coro –Sua galeria está linda, Marcela. Está tudo nos conformes, não tem porque esse nervosismo todo.

- Mas e se...

- E se nada! – Isa a interrompeu. Marcela e sua tendência nata a sempre pensar pelo lado negativo – Está tudo perfeito, tudo no ponto... Agora é só pensar positivo e ir pra casa se arrumar. Não tem mais nada pra você fazer aqui – e empurrou Marcela pelas costas porta a fora – Tchau.

- Está me expulsando do meu próprio espaço? – Marcela se fez de ofendida.

- Estou – Isa foi firme – Vai se arrumar, você precisa estar linda e maravilhosa daqui a pouco. Vai ter imprensa aqui, você não quer sair com essa cara de morta nas fotos.

- Valeu pela parte que me toca – agradeceu em ironia.

- Tchau, Marcela – Isa a empurrou porta a fora e Marcela não se viu tendo outra opção a não ser entrar no carro e seguir para casa. Mas sua cabeça estava a mil e mentiria se negasse isso.

Em poucas horas, daria por aberta sua galeria de artes. Claro que ficaria nervosa. Trabalhou horrores em cima daquilo, para conseguir chegar até ali. E era mais que uma galeria, na verdade. O espaço que Marcela comprou era, em realidade, um pequeno complexo cultural com várias salas para exposição e até um café. Queria dar sua contribuição para a vida artística daquela cidade que, por si só, já fervilhava arte por todos os cantos. Dar cores ao concreto de São Paulo. Mostraria ao público naquela noite suas intenções. Esperava com todas as suas forças que elas fossem bem recebidas.

Chegou em casa e encontrou Jossi já terminando de se arrumar. A mulher estava esplendorosa naquela pantalona preta. Monocromática como sempre. Monocromática e linda.

- Marcela! – ela se assustou ao ver a filha passar pela porta – Você ainda está assim?

- Está linda, dona Jossi – aproximou-se para deixar um beijo carinhoso no resto da mãe – Maior gata – conferiu de cima a baixo a mulher diante de si.

- Ai, obrigada, filha – Jossi fez um floreio, mas voltou a assumir a expressão séria quando viu a inércia da filha – Vai se arrumar, também, Marcela! Você é a estrela da noite, não pode se atrasar! É você que tem que receber os convidados. Anda!

Marcela chispou quarto a dentro, quase esbarrando em Lucas que vinha no corredor enfiado numa camisa social azul e calça de alfaiataria. Chegou ao quarto e já encontrou a roupa que usaria devidamente dobrada sobre a cama. Trabalho de Mari e Michellen. A mãe de Toni fez questão de preparar o figurino dela para aquela noite e contou com Michellen para que a roupa chegasse limpa e dobradinha ao closet de Marcela. É que, segundo a estilista, se deixasse nas mãos da mc Gowan, capaz de ela aparecer para o evento vestindo jeans e tênis.

Levou uns bons minutos no banheiro, saiu de lá já com os cabelos secos e a maquiagem no ponto. Em sua cabeça, repassava mentalmente todos os detalhes da noite, temendo esquecer de algo ou, pior, já ter esquecido. Nada podia dar errado. Nada. Era seu retorno ao Brasil e, bom, Marcela não mentiria: adoraria ver as pessoas sendo surpreendidas por ela de uma maneira positiva. Gostaria de ver a admiração e o orgulho nos olhos de quem amava. Massagearia seu ego, claro, mas, acima de tudo, mostraria que sim: ela era capaz. Sempre foi. Elogios e críticas positivas. Não julgamentos. Era disso que precisava.

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