Capítulo 32 - Só ladeira a baixo

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Notas do Autor

 capítulo de hoje: problemas no paraíso.

Boa leitura!
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Henrique saiu apressado naquela manhã. Tinha esquecido uma pasta com documentos importantes no escritório e ainda teve que dar uma passada lá antes de seguir para o Cruzeiro. Confessou que ficou um pouco ressabiado quando recebeu a mensagem de Mariana pedindo para vê-lo. Era fim de semana, meu Deus. Nem no final de semana ela parava de trabalhar? Mas, em sendo Mariana, ele achou por bem ir ao encontro dela.

Natália foi que ficou interessada no que eles tinham para tratar.

- É uma feira cultural. Aquelas coisas que as escolas fazem para mostrar serviço para os pais. Nada de mais.

- Feira cultural... pelo amor de Deus, ainda  o Cruzeiro insiste nisso? Não aprenderam nada.

- Experiência interessante – o advogado brincou, terminando seu café.

- Interessante não, meu amor, pavorosa. Foi um horror aquilo. E adivinha só quem estava no comando de tudo? – Henrique fechou a cara – Tinha que ser a filhinha rebelde do Marcos. Aquela ridícula francesa sempre foi o mentor intelectual do desastre.

- Pelo menos agora, ela parece que desencanou do Cruzeiro. Nunca mais ouvi falar dela bisbilhotando o que não deve.

- Eu se fosse você, não confiava muito não, hein – ela alertou – Aquela menina pode ser uma pentelha mimada, mas é esperta. A Marcela, Henrique, pode causar problema demais se quiser.

- Ela não vai. Não é maluca de tentar – ele estava seguro daquilo.

Chegou ao Cruzeiro naquela manhã esquadrinhando o pátio para ver se via Luisa ou Gizelly por ali. Nenhuma das duas. Subiu direto para a diretoria, onde encontrou Mariana muito bem acomodada em sua cadeira, os olhos fixos no computador à frente.

- Bom dia, Mariana – foi gentil. Recebeu um olhar impassível dela – Tudo bem?

Definitivamente não estava, mas ou ela agiria na frieza como Marcela lhe disse, ou entregaria tudo ali. O combinado era pegar Henrique no pulo, fazê-lo confessar suas tramoias e, claro, fazê-lo mencionar o nome de Natália. Para isso, Mariana só tinha que dar corda, entrar na dele até que ele se enforcasse. A diretora fez um esforço hercúleo para colocar um sorriso no rosto.

- Oi, tudo sim, Henrique, bom dia – a vontade de matar aquele filho da mãe aumentou a cada sílaba proferida.

- Que bom. Eu vim pra reunião. Você disse que queria discutir o orçamento da feira cultural.

- Umhum, sim – e ajeitou a postura – Eu... andei pensando em um orçamento e queria saber de você se poderia analisar umas planilhas de custo. Sabe como é, a gente não sabe o que a escola pode ou não gastar com a justiça em cima fiscalizando nossas contas. É coisa rápida. Você dá uma olhada e diz seu parecer.

- Claro – ele se sentou diante dela. Mariana abriu a bolsa e tirou de lá de dentro a planilha do mês anterior. Mas não a que passou por Henrique: a que Marcela havia compilado junto ao sistema da escola. A ideia era básica: se fazer de desentendida, deixar o advogado no escuro. Não queria e nem iria mostrar a Henrique que estava ciente de todas as falcatruas, expondo todas as planilhas. Tinha só que fazê-lo acreditar que ela via o problema muito superficialmente. Ele provavelmente tentaria remediar com algum outro golpe e aí eles entrariam. Eles e a polícia. Pegar no flagra.

- Só checagem mesmo – disse e viu Henrique descer a vista para os números. De primeiro, ele franziu o cenho. Em seguida, folheou o documento indo para a página seguinte. Retornou para ela.

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