Capítulo 42 - Reparação de danos

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Notas do Autor

Bora de capítulo?
Sobre o de hoje: certezas.

Boa leitura!
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Marcela, que encarava o próprio prato, levantou os olhos para a namorada. E quis sair correndo dali. Havia uma pitada de fúria com raiva com ódio com ciúmes em uma mistura altamente explosiva e corrosiva. Tudo isso disfarçado com um sorriso, o que deu a Marcela a maior certeza de sua vida: estava ferrada.

- Tia Marcela, sua amiga é bonita. Parece com a mamãe – o comentário de Luisa foi a pá de cal que Marcela precisava. Depois que Catarina se despediu, deixando um beijinho no rosto dela, o que quase a fez sair correndo e gritando em desespero, a única coisa que ela recebeu foi silêncio. Gizelly riu em amenidade o tempo inteiro em que a moça permaneceu lá falando sobre a casualidade de elas terem se encontrado ali. Mas aquele sorriso... a Marcela, aquele sorriso era mortal, cortante, letal mesmo. O famoso, “não é tudo lindo? Eu te mato depois”.

Catarina deve ter jurado que Gizelly era alguma parente dela, ou prima, ou irmã ou qualquer coisa do gênero, menos namorada. Isso, porque Luisa mais de uma vez se referira a ela como “tia” e chamou a Bicalho de “mãe”. Ainda deixou um número de contato anotado num guardanapo de papel, para terror de Marcela. Tudo isso enquanto Gizelly se limitava a comer sua salada numa tranquilidade tão absurda que já estava causando temor em Marcela. O silêncio que precede o esporro.

Luísa estava acomodada no banco de trás do carro conversando sobre alguma coisa que Marcela não conseguia ouvir, quando mencionou que a “amiga” dela era a cara de sua mãe.

- Sabe que eu também achei, filha? – Gizelly entrou na dela, olhando pelo retrovisor – A minha cara, a mulher.

- Gizelly...

- Cala a boca, Marcela – Gizelly disparou. E Marcela se encolheu – Cala a boca.

Quando chegaram em casa, Gizelly tratou logo de preparar Luisa para dormir. Enquanto isso, Marcela tomava seu banho. Saiu do chuveiro, encontrando com a namorada parada de costas para ela, vasculhando o closet com os olhos. O armário estava dividido ao meio, metade com as roupas dela, Bicalho, e a outra metade, com os pertences de Marcela, que finalmente havia tomado vergonha na cara e se mudado de vez.

- Gigi... – Marcela chamou, mas Gizelly não respondeu. Em lugar disso, pegou alguma coisa dentro da parte da namorada e caminhou de volta para o quarto. A Mc Gowan congelou quando ela se virou com uma bolsa em mãos e a abriu, fazendo cair sobre o colchão dois sutiãs. E aquelas peças decididamente não eram de nenhuma delas – Eu posso explicar.

- Estou esperando – Gizelly cruzou os braços numa pose impaciente.

Marcela tomou ar.

- Eu fiquei com aquela moça, a Catarina, no dia da festa da Bia, que você apareceu com a Renata. Eu saí de lá, fui pra uma balada, fiquei bem louca e... bom, o resto você já deve deduzir.

- Qual desses é o dela? – Gizelly apontou para as duas peças.

- O preto, eu acho. Não lembro direito – Marcela foi sincera.

- E esse outro?

- Esse aí é... – Marcela pigarreou e encarou o chão mortificada – É da garçonete da lanchonete da academia.

- A garçonete da academia – Gizelly repetiu irônica – E eu achei mais três aqui – e tirou mais alguns sutiãs de dentro de outra bolsa de Marcela – Você sabe dizer de quem são esses?

Marcela engoliu em seco.

- Não.

- Não?

A Mc Gowan balançou a cabeça em negação.

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