Capítulo 54 - Mil Acasos

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Notas do Autor

Este é oficialmente o último capítulo da fic. 1.131 páginas e 54 capítulos depois, Mil Acasos chega ao fim

e o último capítulo da fic. E sobre ele: no início, no meio e no final.

PS: teremos passagens de tempo ao longo do capítulo, mas não as demarquei em intertítulos. Elas vão ficando explícitas nas menções das idades da Luisa e da Marissa.

Boa leitura!
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Defina relaxamento: poder deitar a cabeça na cama de consciência tranquila, em conforto e aconchego. Gizelly amava rolar no colchão no meio da noite e esbarrar sem querer querendo em Marcela. Era só encontrar o corpo de sua mulher esparramado ali do lado para ela se agarrar e se moldar inteira a ele como um ímã. Marcela a atraia como um campo magnético e ela ia sem resistência nenhuma.

O cheiro, o toque, o calor que emanava dela... tudo em Marcela gritava "casa" e "aconchego". Gizelly não podia pedir por mais.

O problema era que ultimamente... ah, ultimamente Marcela andava tendo um novo endereço nas madrugadas. Não eram raras as vezes em que a Bicalho se virava na cama pronta para se colar a ela e encontrava um colchão vazio e frio demais. Naquela noite não foi diferente. Tateou a cama quando sentiu nada com coisa nenhuma ali do lado e gemeu em frustração. Toda noite era a mesma coisa.

E Gizelly adorava e repetiria aquilo quantas vezes fosse preciso.

Se levantou meio sonolenta e desorientada, amarrou o robe na cintura e seguiu para o quarto ao lado. No corredor, já foi possível ouvir os sussurros.

- ... E aí a viajante do tempo ficou perdida no passado. Quer dizer, ela achava que era o passado dela, mas na verdade era o presente, porque ela só nasceu no futuro por um erro de cálculo... E você não está entendendo nada, né? Eu sei, eu sei, é uma história meio confusa... mas basta você saber que a mocinha de repente acordou em 1829 e que ela ia encontrar lá o amor da vida dela. No livro é um cara, mas como quem está te contando essa história sou eu, eu que vou decidir os rumos dela: aqui o amor da mocinha é outra mocinha, dona de uma fazenda enorme e de um monte de cavalos. Você pode chamá-la de Marcela e a mocinha perdida de Gigi. Eu sei, é o nome das suas mães, mas poxa, a gente pode ter nosso próprio conto de fadas, não pode? - Marissa soltou um solucinho esganiçado - Pois é, eu também acho.

Gizelly se prostrou na soleira da porta em completo silêncio, observando aquela interação com um sorrisinho bobo lhe pintando os lábios.

- Certo, onde foi que eu parei? Quando a Marcela e a Gigi se encontram. Hã... certo, elas se encontram e aí se apaixonam assim logo de cara. Só que a Marcela não sabe que a Gigi é uma viajante do tempo e acha ela meio maluquinha às vezes. Elas brigam por tudo, nunca se entendem... mas ó, presta atenção, filha: se você discute demais com uma pessoa sem motivo nenhum, é porque talvez você não sinta tanta raiva assim dela quanto pensa. Mas isso é muito complicado e você não entende ainda.

Marcela fez uma pausa e colocou uma carinha pensativa antes de continuar.

- Tá legal, eu vou te contar outra história que talvez seja mais fácil de entender: Era uma vez uma menina chamada Marcela... - Marissa soltou outro gritinho esganiçado - Ué, essa Marcela é bem versátil, ela está em várias histórias ao mesmo tempo. E a Gigi também, porque ela também está nessa. Tá, mas onde eu parei? Certo, a Marcela... nessa história aqui, ela é uma menina super legal, gente boa pra caramba e que tem os melhores amigos do mundo. Aí um belo dia, ela conhece uma menininha tagarela, pra frente e que se achava. Sério, filha, ela não calava a boca e de cinco frases que ela dizia, dez eram "eu sou linda". Se bem que ela era linda mesmo. A menina mais gata da escola. Precisa eu dizer que a Marcela e a Gigi se apaixonaram? É... mas demorou. Olha... demorou um bocado, viu? E a Marcela, filha, ela era legal, mas também era meio... doidinha, sabe? Você acredita que ela amava a Gigi, mas foi embora porque não sabia lidar com esse amor? - Marissa soltou outro gritinho - Eu sei, eu sei, ela foi muito idiota. Mas aí, ela voltou depois de um tempo e consertou as coisas - a menina bocejou e esfregou o rostinho na camisa do pijama de Marcela - Tuuudo bem, eu termino de te contar essa história depois. Ela dá muito pano pra manga, se a gente for escrever, daria assim mais de mil páginas. Mas eu vou te contar depois, prometo. A gente vai ter todo o tempo do mundo. Por enquanto basta você saber que a história tem um final feliz. Agora... bora pro berço? Eu não sei nem que horas são e se sua outra mãe pega a gente aqui papeando, vai sobrar bronca pra todo mundo - Marissa balbuciou algo - Também acho, filha.

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