P.O.V Oliver
Eu decidi ficar um pouco mais na casa do Sirilo, ele me pediu tanto para não deixá-lo sozinho, já que os amigos dele tinham treino a essa hora e o pai dele provavelmente só chegaria mais tarde. Apesar de relutante, decidi ficar mais um pouco, pelo menos até o senhor Jonathan chegar. Sirilo pareceu ter entendido finalmente o quão ele tem agido como um babaca tóxico e qual era a minha posição com relação a todo esse amor que ele diz sentir por mim. Confesso que saber disso me deixou muito mais tranquilo, porque apesar de não tolera-lo, eu não desejo que ele sofra.
Estávamos na imensa sala de cinema, só os dois, revendo os dois primeiros episódio de Falcão e o Soldado Invernal, pelo Disney+ na TV gigantesca, com resolução 4K. Eu fiquei sabendo que a gente tinha a paixão pelo universo cinematográfico da Marvel em comum, a Wanda, Capitão América e Viúva Negra como os heróis favoritos. A gente conversava sobre o final épico de Wandavision e as bombásticas cenas pós-créditos, falamos sobre o futuro da fase 4, como seria Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, sobre as novas séries que viriam a seguir, etc, porém, não demorou muito para que o senhor Jonathan Avallon retornasse do trabalho e aparecesse na sala.
Preocupado com a saúde do único filho, o senhor Jonathan regressou a casa mais cedo, e assim que chegou na sala de cinema, encontrou o filho vendo TV, de banho tomado, barba feita e muito bem alimentado, rindo e conversando. Apesar da surpresa por ver o filho sentado na sala, vendo um filme com o mesmo garoto que machucou ele semanas atrás, a alegria estampada no rosto do homem falou mais alto. O senhor Jonathan ficou tão feliz de ver o filho bem que os olhos dele brilharam. Aquilo me fez ver o quanto aquele homem devia amar o filho mesmo.
Bem, acho que já deu, certo? O que era suposto fazer nessa casa eu já havia feito, portanto, acho que chegou a hora certa de me mandar de uma vez daqui. Me levantei e me despedi do Sirilo, desejei-lhe as melhoras, porém, o senhor Jonathan, se aproximou.
— Tem um minuto? — perguntou o homem negro, no auge de seus quarenta e poucos anos, porém, mais enxuto do que muitos garotos por aí — Gostaria de trocar uma ideia, como vocês dizem hoje em dia.
Ele tenta descontrair o ambiente. Juro que nessa hora, meu coração bateu acelerado, senti minha garganta secar, meu estômago embrulhar como se desse um nó bem apertado. Era o próprio Jonathan Avallon, querendo falar comigo. Assenti com a cabeça, permanecendo sentado numa das cadeiras vermelhas da sala e Sirilo, que parecia igualmente surpreso com a atitude do pai, apenas resolveu sair para poder nos dar privacidade.
Senhor Jonathan tinha uma incontestável presença imponente e um porte de superioridade que intimidava, mesmo sem ter intenção.
— Tudo bem aí? — desapertando o nó da gravata para poder respirar, ele se dirigiu a mim.
— Tudo sim, senhor. — sem jeito, com o olhar fixo na tela da TV, quase estático, eu respondi.
Eu juro que não faço ideia do que ele quer falar comigo.
— Eu imagino o quão difícil deve ter sido para você tomar a decisão de aceitar vir até aqui, na casa do garoto que você de certa forma, despreza com todas as forças, vamos assim dizer...
Ele começou dizendo, eu desviei o olhar da tela para poder encarar os olhos do homem que falava, confesso que precisei fazer um esforço para não desviar o olhar na mesma hora por conta da intimidação que a presença dele impunha.
— Visto que nem é obrigação sua fazer algo pelo meu filho, mas, ainda assim você está aqui, se importando com ele e ajudando ele. Você não tem noção do quão grato eu fiquei por esse teu gesto meu rapaz. Muito obrigado de coração.
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Bem Me Quer Mal Me Quer
Teen FictionOliver Spencer é um adolescente estadunidense de dezesseis anos, abertamente gay, que muda-se com os pais para uma ilha fictícia na América do Sul chamada Ilha Dourada. Relutante, Oliver foi obrigado a deixar seus amigos, sua vida e principalmente s...