O Plano.

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Segunda-feira, 22 de Fevereiro

P.O.V Oliver

Eu estava caminhando até ao ponto de ônibus após o fim das aulas, debaixo de um sol do meio dia de uma cidade tropical que mais parecia o próprio inferno na terra, suando em lugares que eu jamais achei que fosse possível isso acontecer, o bom é que vim com um boné para cobrir o rosto do sol. Só de imaginar que precisaria subir num ônibus lotado de gente igualmente suada se esfregando em mim, eu já ficava enjoado, quem me dera nesse momento eu tivesse um motorista particular como os colegas da minha escola nova, alguém que pudesse me levar pra casa num carro luxuoso com direito a ar condicionado.

Como se não bastasse todo estresse de caminhar debaixo de sol ardente, ainda tive que lidar com uma buzina irritante que não parava, atrapalhando até meus pensamentos, o barulho vinha de um condutor que estava no mesmo sentido em que eu caminhava, na verdade o carro estava bem do meu lado. Eu juro que queria descarregar naquele filho da mãe todo meu vocabulário sujo de baixo calão que eu conhecia, portanto, parei de caminhar e me virei, já completamente armado até os dentes, percebi que o Porsche amarelo, também havia parado bem na minha direção e o condutor baixou o vidro.

— Está um calor dos inferno, não acha? Por que não entra aqui, que eu te dou uma carona até a tua casa? — disse o condutor lá de dentro do carro, exibindo um sorriso amigável.

Foda-se o suspense, todo mundo já sabe que era o desgraçado do Sirilo, só pra variar. Eu mereço. Esse garoto é um karma na minha vida, só pode. Revirei meus olhos instantaneamente e me virei para frente novamente, dando as costas para ele, segurando as alças da minha mochila continuei caminhando em direção ao ponto de ônibus, eu queria simplesmente ignorá-lo, não estava com paciência para atura-lo, não debaixo desse sol, portanto nem me dei ao luxo de responder.

— Ah, vai me ignorar é? Bonito. Tudo bem. Só espero que você saiba o que está fazendo, porque eu não pretendo ir a lugar algum, então, eu vou seguir você até ao ponto de ônibus. — ele gritou de dentro do carro, enquanto dirigia a uma velocidade bem mínima e acompanhava meus passos.

Ele usava óculos escuros e as pessoas que passavam ficavam nos observando, achando que éramos um casal. Eca.

— Eu ficarei lá, sabe, com você, esperando, dentro do meu carro climatizado, até você subir no ônibus lotado, cheio de gente suada se esfregando em você, e aí será pior porque eu seria obrigado a ter que seguir o ônibus até ao ponto em que você descesse e depois disso teria que acompanhar você até a tua casa só para me certificar que você não desmaiou de desidratação pelo caminho. — ele acrescentou, todo engraçadinho, se achando, estava-se mesmo a ver que hoje ele acordou disposto a me provocar.

Parei novamente e me virei na direção dele, e pude vê-lo sorrir com pretensão, aquele filho de uma égua miserável de uma figa. Nem morto eu permitiria que esse desequilibrado mental, idiota conhecesse a minha casa, sem chance, era o que faltava.

— Ok, você ganhou. Eu aceito a sua carona. Satisfeito? — eu respondi educado com ele como sempre, procurando por algo com o olhar apenas no chão da calçada. Vocês não imaginam o quanto me pesou dizer aquilo.

— Espera... Você está falando sério? — ele pareceu realmente surpreso ao fazer essa pergunta, acho que ele não esperava que eu aceitasse a oferta logo de primeira sem xinga-lo daqui até a China antes.

Ele parou o carro completamente, desceu e aproximou-se lentamente até a calçada, eu encontrei o que estava procurando, um pedaço de tijolo de uma pequena obra de uma loja e peguei nele.

— Eu subo no teu carro. Mas com algumas condições. — encarei ele enquanto desfilava até parar bem na minha frente e retirar os óculos escuros.

— Claro. Tudo que o meu anjinho quiser. — ele disse com aquele sorriso sexy irritante.

Bem Me Quer Mal Me QuerOnde histórias criam vida. Descubra agora