A Rejeição.

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P.O.V Oliver

O sinal para o intervalo maior tocou. Arrumei minhas coisas e me levantei para sair da sala de aula, carregando minha mochila comigo, eu já não aguentava mais ter que olhar para cara desses falhados, precisava de um tempo, tudo isso, somada a cena do banheiro, só trouxe à tona toda a raiva que eu sentia dos meus pais por terem me obrigado a estar nesse lugar, por terem-me tirado do meu mundo perfeito onde eu tinha tudo na mais perfeita ordem. Eu passei por dois rapazes que conversavam a porta da sala.

— Nossa... Vai ser bonito e gostoso assim lá em casa. — comentou um dos rapazes, olhando para mim de cima a baixo, ou para o traseiro da minha calça jeans preta apertada, eu sei lá.

Eu só sei que simplesmente ignorei os dois. Marquei alguns passos na direção que meus pés me conduziam, tinha muitos alunos no corredor que fiquei parado por alguns instantes, com a mente confusa, muita barulheira até que senti alguém aparecer do meu lado como se fosse mágica.

— Tentando ir para algum lugar? — era a Aria perguntando, ficando em pé junto a mim no meio de um corredor cheio de alunos passando por nós.

— Eu não sei... Queria comer alguma coisa no refeitório. — respondi segurando as alças da mochila que eu pus nas costas, olhando em volta.

— E você não faz ideia onde fica, não é? — ela perguntou me olhando. Acho que estava escrito na minha festa o quão deslocado eu estava naquele lugar.

— Ok, você me pegou. Eu não sei pra onde estou indo, na verdade nem faço ideia nem onde eu estou agora. Essa escola é praticamente um labirinto pra mim.

— Eu imaginei.

— Está bem óbvio, não é? — perguntei me sentindo meio sem graça.

— É o seu primeiro dia, então é completamente normal.

— Eu só queria um lugar pra poder ficar sossegado, sem olhares esquisitos, nem cantadas baratas, apenas comer em paz. — falei com sinceridade.

— Então, acredito que hoje seja o teu dia de sorte. — ela me disse exibindo um sorriso simpático e contagiante — Te garanto que guia melhor do que eu, você não irá achar, pode apostar.

— Me ensinando a decorar o caminho pro banheiro, pra mim já seria de bom tamanho. — falei em resposta olhando pra ela, também com um sorriso, passando os dedos nas alças da mochila.

— Anda. — ela disse entrelaçando seu braço no meu, como se fossemos íntimos faz muito tempo e me forçou a caminhar — Vamos fazer uma pequena tour pela escola, só pra te deixar mais familiarizado com o lugar.

— Isso seria fantástico. Ao menos assim não perco metade da aula tentando achar um banheiro. — comentei, tentando fazer troça da minha própria desgraça.

Aria me mostrou o mais importante que eu precisava memorizar no momento, o trajeto até a nossa sala, onde ficava o banheiro mais próximo da sala e o refeitório. Apesar de eu odiar estar ali, eu tenho que admitir uma coisa, essa cidade é um tanto quanto, liberal, se podemos assim. Aqui não existe descriminação quanto a orientação sexual, identidade de gênero ou qualquer outro tipo de preconceito, nesse momento estamos andando pelo pátio do colégio e ele está repleto de adolescentes em clima de romance, garotos com garotas, garotos com garotos, garotas com garotas, em fim, ninguém precisava esconder-se num armário escuro para estar próximo de quem ama, ninguém precisava apanhar dos outros por conta disso, ninguém torcia o nariz por ver aquilo, ninguém precisava fingir ser quem não era para agradar os outros, cada um aqui era livre de viver sua sexualidade, sua identidade como tinha vontade, sem julgamento, descriminação, nem preconceito, e admito que isso era muito legal.

Bem Me Quer Mal Me QuerOnde histórias criam vida. Descubra agora