A Dor.

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P.O.V Sirilo

Eu não fiquei pra fazer a prova por conta do nariz quebrado que ainda sangrava e latejava bastante. Ivan e Carlos me levaram ao hospital de imediato, os dois também acabaram não fazendo a prova por causa disso. Chegando lá, Ivan e Carlos esperaram do lado de fora enquanto eu fui levado para dentro para tratamento. Depois de algumas horas, os dois finalmente tiveram permissão para ver-me. Meu nariz estava enfaixado e ele parecia muito melhor do que antes.

— Como ele está doutor? — perguntou Carlos, extremamente preocupado, segurando meu ombro e sorrindo para mim.

— A lesão não foi tão grave como aparentava. O vosso amigo precisará apenas ficar de repouso por alguns dias e evitar qualquer atividade física até que seu nariz esteja completamente curado. — o doutor Daniel explicou, enquanto observava a minha ficha médica ou algo do tipo.

— Mas e quanto ao futebol? Temos um jogo muito importante amanhã! — reclamei, sem conseguir respirar em condições.

— Melhor esquecer o futebol durante esse período de recuperação. — o doutor Daniel deixou bem claro.

— Mas eu não posso desfalcar o time desse jeito. É um jogo muito importante.

— Nem sonhe com isso. Você precisa seguir minhas instruções dessa vez.

— Não se preocupe doutor, nós cuidaremos que ele siga a recomendação a risca. — Ivan argumentou, batendo com força em minhas costas.

— Cuidado, idiota! — resmunguei olhando para ele.

— Foi mal.

— Quanto ao time, não se preocupe. A gente dá conta disso. O importante agora é a sua recuperação. — Carlos acrescentou, colocando o braço em volta dos meus ombros.

— Ainda bem que você tem amigos ajuizados. Assim fico mais descansado, na certeza de que você seguirá todas as minhas instruções. — disse o médico.

— Eles não vivem comigo. — recordei-lhe.

— Ainda assim cuidaremos dele enquanto isso. — Carlos disse pondo o dedo no meu ouvido e eu afastei a cabeça.

— Certo. Esta é a medicação que você precisa tomar. — me entregou a receita e o recebi olhando para o papel — Enviei outra prescrição médica eletronicamente pelo WhatsApp também, para que não haja desculpas que perdeste o papel.

— Tudo bem. — assenti calmamente, olhando para o papel nas minhas mãos — Mais alguma coisa?

— Por hora é tudo, você está liberado.

— Graças a Deus. — resmunguei aliviado.

— Quero ver você daqui duas semanas.

— Ok. Obrigado por tudo doutor Daniel. — agradeci apertando sua mão.

— Disponha. Cumprimentos ao Jonathan e ao Lucas. Faz tempo que não os vejo.

— Sabe como é, a correria diária, o trabalho e essas coisas. Será entregue. Vamos embora pessoal.

Os três saímos do hospital logo em seguida. Durante o trajeto pra minha casa as palavras de Oliver tornaram a dominar meus pensamentos me trazendo de volta a realidade do que estava acontecendo. Meu estômago estava revirado, minha alma inquieta. Meu rosto inchado não doía tanto quanto a dor de saber que o único garoto que amei de verdade me odiava. Eu me sentia extremamente rejeitado, como se todo mundo estivesse contra mim, como se ninguém mais me amasse, provavelmente até que poderia ser verdade a essa altura, todos já estavam sabendo das coisas horríveis que fiz, então com certeza devem estar me odiando agora.

Bem Me Quer Mal Me QuerOnde histórias criam vida. Descubra agora