Domingo, 22 de Agosto
P.O.V Kelvin
Cheguei ao cais de manhã bem cedo. O ar estava muito frio, tanto que fui obrigado a me agasalhar com um casaco mais grosso. Era incrível como nos EUA fazia um calor escaldante e aqui estava um frio de rachar os lábios. Caminhei pelo cais um pouco, com as mãos nos bolsos da calça, passando por vários iates e barcos luxuosos, até ficar de frente de um iate em específico. Ainda parado em frente do iate, respirei profundamente, como se estivesse tentando ganhar coragem ou algo assim, confesso que hesitei por um momento, pensei em dar meia volta e retornar ao hotel, e em meu pensamento ecoava uma única pergunta: O que raios eu estou fazendo aqui? Porém, a curiosidade falou mais alto e decidi seguir adiante.
Subi no iate, tremendo com o ar frio da manhã apesar do agasalho, a passos vagarosos caminhei pelo iate à dentro, observando em volta, até que avistei a pessoa com quem iria me encontrar, Sirilo Avallon. Soltei um ar abafado do peito e me aproximei dele lentamente, ele que estava de pé junto às grades, olhando para o mar. Pigarrei para chamar a atenção dele.
— Você me chamou? — perguntei, com um tom frio.
Sirilo se virou para encarar-me, com uma expressão solene no rosto.
— Bom dia, Kelvin. — ele cumprimentou com um sorriso, colocando as mãos no bolso da calça.
Não é atoa que ele se gaba do dito cujo efeito furacão Avallon, o maldito tem uma presença dominante. Apenas acenei com a cabeça em resposta, ainda me sentindo bastante hesitante e desajeitado perto dele. Afinal de contas, o cara me havia chantageado para que terminasse com Oliver.
— Sim, eu te chamei. Obrigado por ter vindo.
— Já estou aqui, o que você quer? — perguntei sem rodeios, encarando-o atentamente.
Ele pareceu perceber o meu desconforto e abriu um leve sorriso, olhando para baixo, como se estivesse divertindo com a situação.
— Pois, eu quero pedir desculpas pelo que fiz. Sei que foi errado e que isso lhe causou muita dor.
Eu levantei uma sobrancelha. O que esse miserável está tramando dessa vez?
— Queria pedir desculpas pessoalmente pelo que fiz a você e ao Oliver. Sei que te ameacei e te forcei a terminar com ele, tudo por causa de uma aposta estúpida que acabei nem ganhando. Eu me arrependo profundamente. — ele argumentou, olhando fixamente nos meus olhos.
Eu ouvia atentamente, porém o meu ceticismo não diminuía.
— Foi por isso que você me pagou essa viagem à Ilha Dourada? — questionei analisando-o atentamente.
— Sim, em parte. — admitiu ele sem rodeios — Fico extremamente grato por você ter aceitado minha oferta para esta viagem, apesar de tudo que fiz a você.
— Não, eu não o fiz por você. — cruzei os braços e o encarei fixamente.
— Eu já imaginava. Eu quero que você encare essa oferta da viajem como uma forma da minha redenção. Sei que não poderá consertar o que aconteceu porém, espero que possamos superar nossas diferenças e seguir em frente.
— Redenção? — sorri de forma sarcástica balançando a cabeça negativamente — Essa é uma palavra muito forte, não acha? Ainda mais vinda de você.
— Olha, cara, você pode não acreditar mas eu estou realmente tentando emendar as coisas...
— Ah, me poupe! Não me venha com essa agora! Você ainda sente algo por Oliver que eu sei! Então, por que você não diz logo por que me trouxeste pra cá? Para te desculpares realmente ou para brincares com minhas emoções novamente? Com um dos teus joguinhos sujos? — confrontei firmemente.
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Bem Me Quer Mal Me Quer
Teen FictionOliver Spencer é um adolescente estadunidense de dezesseis anos, abertamente gay, que muda-se com os pais para uma ilha fictícia na América do Sul chamada Ilha Dourada. Relutante, Oliver foi obrigado a deixar seus amigos, sua vida e principalmente s...