O Reencontro 2.0.

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Segunda-feira, 16 de Agosto
P.O.V Oliver
Colégio Collinwood

O terceiro e o último trimestre finalmente se deu início fazem 2 semanas já. O clima cada vez mais frio e dias cada vez mais nublados. Minhas férias foram muito boas, melhores do que eu imaginava. Acabamos indo para Espanha, Ibiza especificamente, e curtimos a praia europeia, porque lá era verão, ao contrário da Ilha. Na viagem fomos com os pais dela, também com o Carlos e os pais dele, porque eles eram muito amigos então, não era coisa que eu tivesse controle. Apesar do incómodo visível que a presença dele me causa por me recordar o energúmeno do capitão e as coisas que me fizeram, resolvi não fazer muito caso e aproveitar minhas férias. Puxa vida, chega de dar poder aos outros de deitarem minha felicidade a baixo quando elas quiserem, isso nunca dependeu de ninguém a não ser de mim mesmo, então não dessa vez.

A surpresa nessa viagem foi quando a Aria convocou uma reunião comigo, dias antes de retornarmos, e me comunicou que estava ficando com o Carlos desde o começo da viagem, e que o amigo do dito cujo havia pedido ela em namoro e queria saber se eu tinha problemas com isso. Por mais que eu tivesse ressalvas, a única pessoa que poderia dar essa resposta era ela, era a vida dela, então, se ela estava certa de que o tal Carlos não era como o sequelado do amigo dele, estava tudo certo. A única coisa que espero é que ele a faça muito feliz, porque caso contrário, todo poder do caos vai se manifestar nessa terra, só pra avisar.

Durante todo esse tempo desde o lançamento do vídeo eu ainda não havia me comunicado com o Kelvin. Tinha vezes que ficava olhando para o contato dele no WhatsApp, com vontade de escrever algo, porém não sabia o que dizer pra ele depois de tudo que ele teve que sacrificar só pra que o meu pai não perdesse a oportunidade de realizar o sonho dele, Kelvin sabia o quanto isso era importante para mim, então, eu não me sentia no direito de escrever, ligar ou falar com ele. Os meus amigos lá nos EUA falaram com ele sobre o assunto e ele confirmou a eles que realmente havia sido ameaçado e chantageado por Sirilo, e só por isso ele se afastou de mim.

Com o sucesso do perfume Oliver, surgiram várias propostas de trabalho para representar outras marcas, porém a Avallon cosméticos, por insistência do próprio senhor Jonathan, me ofereceram um contrato de exclusividade, para ser o novo garoto propaganda dos produtos da empresa no lugar de Sirilo, que foi desvinculado da imagem da empresa por conta do escândalo do vídeo. Confesso que no fundo achei a decisão bastante radical, ainda mais vinda do próprio pai dele, mas, por outro lado, era compreensível a decisão dele, coitado do homem, eu teria feito o mesmo, sem dúvidas. A oferta era excelente, aliás era perfeita, irrecusável na verdade, inclusive os meus pais me aconselharam a considerar a aceitar, isso se eu estivesse confortável com tudo, já que Sirilo seria afastado. Eu decidi aceitar.

No estacionamento da escola, eu estava descendo do novo carro que meu pai havia comprado, me despedia do Christian, nosso novo motorista particular, quando um Porsche amarelo fez uma manobra radical e estacionou na vaga reservada exclusivamente ao capitão do time de futebol, chamando a atenção de todos os colegas. A porta se abriu e de dentro desceu o próprio dito cujo, de óculos escuros, uma máscara de proteção facial transparente, provavelmente por conta do soco que havia dado nele, e a mesma habitual jaqueta do time que ele usava todos os dias na escola, e aquele perfume agradável que se espalhou por todo estacionamento me trouxe a memória as vezes em que ele me abraçava apertado.

Balancei a cabeça para espantar o pensamento imediatamente, acorrentado está todo esse tipo de pensamento, porém não pude evitar continuar olhando para ele a medida em que se aproximava da entrada. O capitão não havia aparecido na escola nessas 2 semanas até hoje, segundo as informações que eu não tinha interesse algum, mas ainda assim chegou aos meus ouvidos, ele havia se internado em uma clínica para terapia durante todas as férias. Sinceramente, achei bom pra ele, porque na realidade eu não desejo mal pra ele, muito pelo contrário, desejo que ele se cure, e que consiga dar a volta por cima, mas desde que o faça bem longe de mim, dessa forma o universo manterá a paz e o equilíbrio.

Todos os fofoqueiros de plantão já estavam prontos, com os celulares nas mãos, registrando ao vivo o que poderia eventualmente acontecer entre a gente, era a primeira vez que nos víamos depois da briga por conta do vídeo a 4 semanas atrás. Segurando as alças da minha mochila e deslizando com os polegares, fiquei observando-o, sinceramente não sei por que razão, mas só sei que fiquei ali em pé. Ele caminhou, chegou perto de mim, dava pra notar que o olhar dele estava sobre mim mesmo apesar dos óculos escuros, porém, como se tivesse enxergado uma parede ou um poste de luz, o capitão passou por mim, sem nem se quer dizer um oi. E sim, aquilo chocou todo mundo que obviamente esperava um bate boca bem agressivo.

Confesso que a mim também me surpreendeu, não que eu esperava que ele me cumprimentasse ou coisa do tipo, eu quero mais é distância desse cara, quanto mais distante de mim melhor pra humanidade, só achei estranho porque não era coisa que o capitão normalmente faria, me ignorar. Agradeci ao universo pela benção dos céus e segui meu caminho também. Porém, algo que me chamou a atenção foi quando o próprio capitão, igualmente passou pelo Pedro, como se também fosse uma parede de concreto. Eita, problemas no paraíso? Pelos vistos, os amigos-amantes cortaram relações, por que motivo? Não me importa nem um pouco, eu quero mais é que os dois explodam juntos, porque sinceramente, eles se merecem.

Na hora saída, eu me despedi da Aria que tinha planos com o amorzinho dela Carlos mais tarde, ela decidiu dar uma chance para o garoto e ver no que iria dar. Ela sempre foi apaixonada por ele desde garotinha, então, era bom vê-la feliz vivendo um grande sonho de infância. O Christian havia enviado uma mensagem me dizendo que iria atrasar um pouco por conta do trânsito. Eu fiquei esperando por ele fora das instalações do colégio, quando vi o capitão se aproximando de mim, porém, eu logo comecei a caminhar para me afastar dele.

— Oliver espere! — ele gritou correndo para tentar me cortar o caminho.

— Fique longe de mim! — caminhando de costas a ele respondi, apressando meus passos.

— Por favor, espere. — de repente o vi parado na minha frente, travando meu caminho.

— Qual é a tua garoto? — gritei furioso.

— Eu só quero conversar com você. — ele retirou os óculos escuros e me encarou com aqueles olhos penetrantes

— Nós não temos mais nada do que falar. Achei que essa máscara protetora no teu rosto já havia dito tudo.

— Não seja assim, cachinhos...

— Não me chame isso! Eu não sou mais nada teu! — o repreendi.

— Ok, Desculpa. Eu sei que pra você eu posso não representar mais nada, porém, para mim você continua sendo o único garoto por quem meu coração bate acelerado.

Era só o que faltava. Eu mereço, a uma hora dessas.

— Espero que faças bom proveito disso. Tenha uma ótima tarde, até nunca mais! — tentei passar por ele.

— Por favor Oliver, só te peço que me ouças... — ele apressou-se para me travar o caminho outra vez. Revirei os olhos completamente impaciente e furioso — nem que seja por um minuto. Por favor.

— Você tem 35 segundos! — olhei para o relógio imaginário do meu pulso esquerdo.

Pude vê-lo sorrir alegremente com o anúncio.

— Quero te informar que eu estou fazendo terapia, para me tornar uma pessoa melhor. — ele me informou com um entusiasmado fora do comum e um largo sorriso.

— Bom pra você. A mim não faz diferença! Se era só isso, eu tenho mais o que fazer com a minha vida. E por favor, que seja a última vez que você me dirige a palavra, fui claro? Porque nada do que vem de você me interessa mais! Leia meus lábios com atenção: FIQUE LONGE DE MIM!

Passei por ele, dessa vez ele não fez nenhum esforço para me impedir, acredito que ele tenha ficado no mesmo lugar, me encarando talvez, eu não olhei para trás, não tinha motivos para tal. Meu corpo todo tremia, minha respiração, meu coração batia acelerado, eu estava completamente transtornado, era impressionante como a presença e a voz dele me deixavam irritado. Marquei uns cinco passos acelerados, eu só queria ficar o mais distante possível daquele garoto e fiz a curva para chegar até ao ponto de ônibus quando esbarrei em alguém que também estava para fazer o mesmo.

— Des.... — tentei me desculpar com a pessoa, porém, ao encarar ela nos olhos, meus olhos se esbugalharam tanto que quase caí pra trás de espanto.

— Oliver? É você?

— K... K... Kelvin?

Bem Me Quer Mal Me QuerOnde histórias criam vida. Descubra agora