P.O.V Sirilo
Por segundos ficou um silêncio no quarto quase ensurdecedor. Oliver continuava parado na porta, completamente chocado, sem reação alguma, seus olhos arregalados de perplexidade fixos na cena que via. Imediatamente saí de cima do Evandro que continuava pelado deitado na minha cama. Olhei para o Oliver, tentei abrir a boca pra expressar uma palavra coerente que justificasse a aparente situação, porém nada pude dizer, simplesmente nada saiu, apenas senti meus olhos se encherem de lágrimas por conta da impotência, e ao ver seus olhos igualmente se encherem de lágrimas me encarando com tamanha decepção, aquilo me partiu o coração. Por favor Deus, não me faça isso. Não hoje.
— Isso é tão constrangedor, não acham? — disse o Evandro quebrando o silêncio com a voz mais irritante da face da terra — O namorado e o amante juntos no mesmo quarto. Já que estamos todos aqui, por que não aproveitamos e nos divertimos os três? Convida o teu namorado para se juntar à festa.
O safado ainda acrescentou, com um cinismo que eu nunca tinha visto. Oliver pareceu conter a fúria que o consumia por dentro, porque ele cerrou os punhos com muita força. Ele continuava me encarando com aquele olhar de decepção misto com fúria, enquanto vi as lágrimas rolarem por aquele rosto angelical. Eu juro que achei que ele me daria um soco, mas ao invés disso o vi sair correndo como um foguete.
— Eu falei alguma coisa errada por acaso? — todo cínico o Evandro continuou provocando — Onde nós paramos?
Ele quis me puxar pela mão, mas o empurrei com muita força para longe de mim.
— Você cala essa boca, antes que eu a quebre a socos, seu merda! Não me provoque! Tudo isso é culpa sua! — esbravejei, repreendendo-o severamente e resolvi ir atrás do Oliver. Eu não estava disposto a perder o amor da minha vida, não dessa forma — Amor. Por favor espere, me deixe explicar! Não é o que você está pensando!
P.O.V Oliver
Desci as escadas como se tivesse sendo perseguido por um serial killer. Abri a porta da mansão e saí correndo. Corri o mais rápido e longe possível daquele lugar, sem nem pensar direito. Tudo que eu queria era sumir dali, esquecer o que vi. Corri tanto até perceber que já estava distante o suficiente, parei, tentando recobrar o fôlego. Tentei respirar, apoiando as mãos nos joelhos, porém, me senti quase sufocado, olhei para cima, andei uns três passos, sem saber ao certo o que fazer, nem para onde seguir ou como reagir. Mal sabia o que realmente estava sentindo.
Andei de um lado para o outro, nem sei se ainda estava dentro do condomínio ou não, eu já nem sabia quem eu realmente era naquele momento, com as mãos no cabelo, puxei com força em gesto de frustração, passando elas no rosto logo em seguida. Mordendo a mão, ainda andando de um lado para o outro, senti uma enorme vontade de gritar invadindo meu peito, e não pude deter esse sentimento, dei um grito bem alto segurando meu cabelo novamente, abaixando-se.
Aí percebi que o capitão era minha carona, e não tinha dinheiro pra chamar um taxi. Me ergui novamente, limpei o rosto com as mãos, fungando o nariz, e retirei o celular do bolso, enviei uma mensagem para a Aria e guardei o celular. Esperei alguns minutos até que ela veio ter comigo.
— Bebê! O que aconteceu? Vim assim que recebi a mensagem. — Aria perguntou completamente preocupada comigo. E ficou muito mais ainda assim que viu meu estado.
Assim que a vi, meus olhos se encheram de lágrimas novamente, eu estava me sentindo um completo idiota. Abracei-a bem forte, chorando em seus ombros feito uma criança.
— Meu Deus do céu! Você está tremendo! O que houve? O Sirilo te fez alguma coisa? — preocupada ela perguntou.
— Por favor só me leve embora daqui. Eu não quero ficar nem mais um segundo nesse lugar, por favor. — entre soluços implorei, ainda abraçado a ela.
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Bem Me Quer Mal Me Quer
Teen FictionOliver Spencer é um adolescente estadunidense de dezesseis anos, abertamente gay, que muda-se com os pais para uma ilha fictícia na América do Sul chamada Ilha Dourada. Relutante, Oliver foi obrigado a deixar seus amigos, sua vida e principalmente s...