O Karma.

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P.O.V Sirilo

Estacionei meu carro na garagem de casa, junto aos outros carros da família. Desci e entrei em casa.

— Cheguei! — anunciei em voz alta. Eu nunca tinha feito isso antes, mas acho que de tanto ver o Oliver fazê-lo com a cena do ursinho na toca que peguei o hábito, sei lá.

Notei que ninguém me havia prestado a atenção. Elevei as sobrancelhas, acho que estava ouvindo vozes de pessoas rindo alto, e o barulho vinha da sala. Será que o meu pai e o Lucas estão com visitas a essa hora? Me dirigi para lá pra saber o que se passava a passos lentos, e quando cheguei fiquei de queixo caído com o que presenciei.

— Filho, você chegou finalmente. — meu pai argumentou, com um sorriso no rosto, parecia que estava rindo de algo muito engraçado. Eu continuei de boca aberta — Como correram as filmagens?

— Muito bem. Na verdade o Oliver acabou roubando a cena deixando todos impressionados com sua beleza única. O que raios está acontecendo aqui? O que vocês estão fazendo aqui? — perguntei ainda confuso com o que via, me dirigindo ao “convidado” sentado no sofá da minha sala ao lado do meu pai e o meu melhor ami-inimigo.

— Oi pra você também Sirilo. — respondeu o meu novo karma da vida, vulgo cara da pizzaria cujo nome não faço nem ideia.

— Você nunca me falou do seu amigo Evandro de Suzano. — Pedro mencionou, me encarando atentamente com um olhar presunçoso — Parece que ele hoje resolveu te fazer uma visita.

— Estou vendo, Pedro, muito obrigado. — respondi de forma irônica fuzilando o dito cujo com o olhar acirrado.

— E como você não estava, resolvemos fazê-lo companhia um pouco. — comentou meu pai ainda rindo, olhando para o cara que afinal se chamava Evandro. 

— O teu amigo é muito engraçado, tem umas piadas ótimas. Estávamos todos rindo de uma muito boa que ele acabou de contar. — acrescentou Pedro, ainda com a mesma postura presunçosa e irônica. O que ele queria?

— Aposto que sim. — respondi prontamente.

— Se você quiser te conto uma ótima, sobre amantes e traições que eu tenho certeza que você vai amar. — com um cinismo feito o próprio diabo ele provocou, me encarando com um sorriso pretencioso.

Onde eu fui arrumar esse capeta? Maldita hora que fui me envolver com ele.

— Agora fiquei curioso. Quero ouvir. — acrescentou Pedro, tentando colocar lenha na fogueira como se já soubesse quem realmente esse daí era.

— Johnny, por que a gente não sobe pra deixarmos os jovens conversando? — sugeriu Lucas, já se levantando e segurando o ombro do meu pai. Acredito que ele havia percebido que havia uma ligeira tensão no ar, ao contrário do meu pai ele percebia essas coisas.

O casal subiu e ficamos apenas os três. Encarei o tal Evandro.

— Como você se atreve a vir até a minha casa, seu...! — enfurecido ataquei o Evandro.

— Opa! Olha lá o que você vai dizer. Teu pai provavelmente te educou muito melhor do que isso. — com um cinismo impressionante ele me respondeu. E o Pedro se matou de rir instantaneamente.

— Nossa. Como a vida é irônica as vezes, não é? Agora acabo de comprovar que realmente o Karma é uma verdadeira... — Pedro argumentava.

— Nem uma palavra a mais, Pedro! Nem se atreva a adicionar uma sílaba sequer! — apontado o dedo ao Pedro o repreende. Ele continuava rindo de mim, mas eu não estava com paciência para lidar com ele agora — Você, vem comigo!

Segurei o Evandro pelo braço de forma violenta.

— Você está me machucando! — reclamou ele, mas de forma irônica. Nem me importei, puxei-o e o arrastei-o, jogando-o para fora de casa. — Quanta agressividade. Adoro.

— Eu já estou de saco cheio de você! Estou cansado de você ficar me rondando! Estou farto de escutar essa sua voz irritante! Coloca uma coisa na tua cabeça de vento, cara, me deixe em paz! Em que língua você quer que eu me expresse para que tu me entendas? Eu não te quero perto de mim ou do meu namorado! Desaparece da minha vida! — esclareci de forma imponente, pra ver se ele entenderia de uma vez por todas.

— Eu não posso, cara. Simplesmente não posso. Não consigo parar de pensar em você. Em nós os dois, suados, nossos corpos grudados sentindo a mágica da perfeição divina. Será que você não percebe que eu te necessito? — ele tentou aproximar-se e segurar meu rosto, porém o afastei. — Meu corpo te necessita, minha pele, minha boca, sem falar da outra coisa que te necessita por dentro dele muito mais do que todo o restante.

Eu não estava acreditando que isso realmente estava acontecendo comigo. Senti minha paciência se esgotar ao ponto de querer explodir. Esse idiota me tirou do sério de uma forma que só me apetecia esgana-lo com minhas próprias mãos. Mas de repente me lembrei que era exatamente dessa forma que eu agia com o Oliver no começo. O Pedro tem razão, isso parece o karma se vingando de mim, me cobrando tudo de errado que eu fiz. Sorri, balançando a cabeça positivamente olhando para cima, com as mãos na cintura, como se estivesse reconhecendo o castigo.

— Eu entendo que aquele tal de Oliver é bem gato, eu entendo. Qualquer um perderia a cabeça por ele, eu admito. Mas, ele nunca te dará o que você realmente gosta. Sexo. Porque ele adora te manter na coleirinha, adora ditar as regras nas pessoas e te trata pior que cachorro.

— Lave a boca antes de querer falar do meu namorado, ouviu bem? Isso é problema meu! Eu permito quem eu quiser me tratar da forma que eu quiser. Agradeceria que não te metesses nisso!

Ele se aproximou, e pôs a mão no pacote entre minhas pernas ,quase me fazendo pular de susto.

— Estás sentindo isso? É agradável não é? Pois, eu sei que é. Se você quiser, a gente faz o que você tem vontade de fazer agora mesmo, até na frente dos teus pais a gente pode fazer se você me pedir. — ele sussurrou ao meu ouvido suavemente e senti minha pele arrepiar-se toda — O Oliver não precisa saber. Eu sei que você quer, posso sentir pelo pulsar em minhas mãos nesse exato momento. Não se torture mais. Deixa eu cuidar de você! Deixe eu te dar o que você deseja.

Ele sussurrou mais uma vez ao meu ouvido baixinho e logo em seguida me encarou nos olhos bem fixamente.

— Cai fora da minha casa, encosto do capeta, antes que eu chame a segurança. — retirei a mão dele da zona e o afastei de mim — E nunca mais se atreva a pisar aqui novamente! Se você chegar perto de mim novamente eu te denuncio por assédio.

Dei meia volta caminhando no sentido para entrar em casa.

— Você vai acabar percebendo que fomos feitos um para o outro! — gritou ele assim que dei as costas.

Bem Me Quer Mal Me QuerOnde histórias criam vida. Descubra agora