O Plano (Fase 2)

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Dia Seguinte...

Segunda-feira, 22 de Março

Manhã

P.O.V Oliver

O dia amanheceu bastante nublado hoje, com correntes de ventos fortes, mas nada de tão alarmante. A meteorologia previa chuvas fortes pelos próximos dias, coisa até que chegou bem a calhar, porque ao menos assim teremos folga das ondas de calor insuportáveis dos últimos dias. Pela janela, já dava pra se ver os respingos de chuva miúda escorrer pelos vidros.

Já era hora de ir pra escola, mas lá fora não havia nem um sinal do carro do playboy metido. Também, depois de tudo que eu lhe disse ontem a noite, teria que ser muito masoquista para ter coragem de voltar a aparecer por aqui novamente. Em meu coração não cabia tanta felicidade, eu não podia acreditar que finalmente eu estava livre daquele encosto. Sendo assim tive que pedir dinheiro pra dona Stephanie, eu precisava pegar um transporte até a escola, e do meu dinheiro eu não tiraria nem um só centavo, porque afinal de contas foram eles quem me convenceram a continuar pegando carona com o babaca do Sirilo.

O Uber me deixou no estacionamento da escola. Assim que desci já senti alguns olhares curiosos e esquisitos de certos alunos que me encaravam e cochichavam entre eles, provavelmente era por conta do espetáculo que houve ontem na festa do playboy. Se eles soubessem que eu estou me cagando para o que eles pensam.

Não se falava em outra coisa em toda Collinwood, nos sites e programas de fofoca e também nas redes sociais a não ser na humilhação pública e no ridículo que fiz o garoto propaganda da Avallon perfume, Sirilo passar na noite do próprio aniversário de dezoito anos dele. Fiquei conhecido como o garoto insensível que rejeitou e humilhou o gostosão do capitão do time de futebol e acabou com a festa de aniversário dele sem dó, destroçando o coração dele mesmo após o capitão ter aberto os sentimentos, confessando diante de todos que amava-me. As opiniões estavam divididas, alguns estavam do meu lado, outros do lado de Sirilo, contudo o fã-clube de Sirilo era muito maior, tanto na escola quanto na mídia.

Na hora do intervalo, a chuva já caía forte do lado de fora, por conta do clima húmido coloquei um moletom com capuz roxo por cima da camiseta. Em pé, do lado da janela de vidro fechado da sala, com as mãos nos bolsos do moletom, eu observava a chuva. Aria chega por trás e me envolve com os braços finos dela em volta da cintura, pousando a cabeça delicadamente em minhas costas, eu era mais alto do que ela evidentemente, mas ela também não era de estatura baixa.

— Como está se sentindo? — em um tom de real preocupação ela me perguntou.

— Indiferente. — respondi calmamente, me referindo ao que os outros colegas estavam pensando de mim, enquanto apreciava a chuva caindo pela janela.

Ficou um silêncio por alguns breves segundos até que Aria resolveu quebrá-lo.

— O Carlos me disse que o Sirilo não veio pra escola hoje.

— Eu sei. Em fim, ele não apareceu na porta da minha casa hoje. — não consegui conter a satisfação no tom da minha voz ao dizer isso.

— O Carlos me disse também que ele ficou bastante arrasado, depois da noite de ontem. — ela apoiou o queixo sob as minhas costas — Segundo ele, nunca tinha visto o amigo dele daquele jeito. Tanto que hoje ele acordou se sentindo muito mal disposto.

Eu soltei uma risada após ouvir aquilo.

— Ah, meu Deus, esse garoto é uma figura e tanto de tão ridículo, sério. — disse sorrindo de tão incrédulo que fiquei — Aposto que tudo não passa de fingimento.

— Você acha mesmo?

— Com toda certeza. Tá rendendo dinheiro e muitos seguidores pra ele esse assunto. Só o fato do Carlos comentar isso com você já denuncia o quão óbvio as coisas são. — expliquei me virando para poder encará-la — Esse desgraçado está fazendo de propósito para se passar por vítima diante de todo mundo e consequentemente tentar me fazer sentir culpado, usando um mau estar como desculpa. A típica e velha chantagem emocional.

Bem Me Quer Mal Me QuerOnde histórias criam vida. Descubra agora