A Ressaca.

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Domingo, 04 de Julho
P.O.V Sirilo

Despertei olhando para o teto e me deparei num lugar muito estranho que não parecia em nada com o meu quarto. Até que parecia um pouco familiar, porém continuava ser estranho. Estava abraçando o Pedro de conchinha, olhei para ele, reparei que ainda estava dormindo. Tentei me levantar mas senti minha cabeça pesar de tanta dor. Foi aí que me lembrei que havia bebido demasiado de madrugada. Olhei para o arredor e notei que se tratava da casa da árvore do Pedro. Espreitei dentro do lençol e percebi que estávamos ambos pelados.

— Que merda. — murmurei recobrindo o lençol novamente.

Isso era algo natural entre nós. Éramos irmãos. Eu e o Pedro já dormimos na mesma cama pelados tantas vezes durante esses anos todos de irmandade que até perdi a conta. Com muito cuidado para não acordá-lo, me afastei, pousei os pés no chão e passei a mão no rosto, minha cabeça parecia que iria explodir de tanto que doía. Acho que preciso dum daqueles remédios caseiros que o Pedro sempre faz pra mim nessas situações, mas ele dormia tão lindamente que não queria acordá-lo.

— Bom dia. — Pedro havia despertado e me abraçou por trás me beijando o rosto e o ombro, fazendo um carinho logo em seguida.

— Bom dia. — respondi meio cabisbaixo. Senti uma onda de lembranças cruéis do que havia acontecido ontem invadirem meus pensamentos naquele momento. Olhei para ele de lado —  Porquê esse sorriso logo pela manhã? Tudo isso é saudades de ter teu amigo gostoso enfeitando sua cama é? — me levantei e caminhei para pegar minha sunga jogada no chão de madeira.

— Em grande parte é isso. E em outra parte se deve ao fato de que um dos meus maiores sonhos mais íntimos, inconfessáveis e desejados acabou por se tornar numa vivida realidade. — respondeu ele me encarando com o mesmo ar de felicidade. O Pedrinho parecia ter ganhado na loteria, seus olhos brilhavam de forma especial.

— Ah para vai, também não é caso pra tanto. Com certeza na realidade não foi tudo isso.

— Ah para de modéstia, cara. — ele sorriu, levantou-se da cama, expondo seus músculos definidos e tonificados, meu irmão era outro gostosão, sim senhor. Ele veio caminhando em direção a mim, até ficar bem de frente e eu sorri — Hoje foi a noite mais feliz da minha vida. Você foi tudo o que dizem e muito mais. Você me fez sentir o cara mais amado, desejado e feliz do mundo inteiro. — ele passou a mão no meu rosto e eu sorri.

— Do que você está falando? — perguntei erguendo uma sobrancelha, sorrindo meio confuso, com a cueca nas mãos. De repente ele quis me beijar — Whoa, whoa, whoa! O que estás fazendo mano? — o travei de imediato.

— Tentando te beijar, wé. — respondeu ele seriamente. Acredito que ele estava tirando sarro de mim, ou fazendo algum tipo de pegadinha insinuando que passamos a noite juntos.

— Pois, mas eu dispenso seu beijo. Sai fora! Guarde ele pras piriguetes que te aturam, ou pros rapazes que... em fim. Aliás, falando nisso, você nunca me falou nada sobre isso. Eu nunca ouvi você me falar sobre suas preferências sexuais. Do que você curte afinal? — fiquei curioso pra saber.

— Eu acredito ter deixado bem claro depois do que aconteceu. Eu curto você.

— Ah, para vai. Eu sei que sou gostoso e irresistível e tudo mais que você quiser acrescentar, mas, a sério. Diz aí? Você sabe tudo sobre mim, minhas experiências, aventuras e desventuras, eu não sei nada do meu melhor amigo. E isso é estranho. Você ainda virgem? Não é? Se não és, com quem foi sua primeira vez? Em quem você tem uma paixoneta? Essas coisas todas, estou curioso.

— É sério que você não se recorda do que fizemos nesse chão, bem aqui e naquela cama? — ele perguntou visivelmente desapontado apontando para cada lugar que havia mencionado.

Bem Me Quer Mal Me QuerOnde histórias criam vida. Descubra agora