A Repercussão.

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P.O.V Sirilo

Eu olhei para ele bem fixamente naqueles olhos marejados cobertos de culpa que me encaravam de volta, sem dizer uma única palavra. Apesar de já saber que havia sido ele o responsável por obviedade, porque, convenhamos, só poderia ser ele, mas ouvi-lo confessar me trouxe outro choque de realidade que eu não conseguia aceitar de jeito nenhum. Eu estava tentando processar o fato de como um cara que até bem pouco tempo atrás era considerado por mim como o meu melhor amigo, confidente, parceiro, irmão de alma, me faz um negócio desses?

— Porquê, cara? É tudo que quero saber! É que, não entra na minha cabeça, um negócio desses, entende? Porquê você fez isso comigo? Porquê você fez isso com os teus amigos, expondo a todos dessa forma?! Será que você não pensou na repercussão negativa que tudo isso poderia trazer? — o confrontei seriamente.

— Quem diria, não é? Acho que pela primeira vez na vida finalmente agi como você. Talvez você tenha me passado o teu vírus na noite em que fizemos amor. — ele ainda conseguia achar momento para fazer piadinha sem graça. O auge do cúmulo.

— Dá um tempo! Não me venha bancar o engraçadinho agora! Você literalmente acabou com a minha vida e reputação de forma propositada! Qual é o teu problema, cara?

— O problema você pergunta?

— Ficou surdo de repente, agora?

— Tudo bem. Se você quer a verdade eu te darei a minha verdade. — eu ergui a sobrancelha esperando ele falar, enquanto ele fez uma pausa — O problema é que eu fiquei cego de raiva!

— Isso já ficou bem óbvio pra mim. Mas o que eu quero saber é o porquê de tanto ódio comigo, ao ponto de quereres me prejudicar dessa forma? — perguntei de forma insistente, sem tirar os olhos de cima dele.

— A tua reação naquele dia me magoou de uma forma que eu nunca achei ser possível. Você havia sido meu primeiro, numa das noites mais incríveis da minha vida e não somente você não se recordava como também literalmente vomitaste pelo simples fato de imaginares a gente junto! Aquilo doeu. — confessou ele com a voz embargada.

— Se te doeu é porque você quis que doesse! Cara.... Eu nunca nem soube que você gostava de garotos quanto mais saber que gostavas de mim? Adivinho eu não sou, cara! Desculpa. Você nunca me disse nada sobre esses assuntos todo esse tempo! Além do mais, sem deixar de mencionar que naquela noite eu estava completamente bêbado! Eu mal sabia onde estava meu próprio pé! Então, não me venha com essas justificativas idiotas pra cima de mim porque não cola! O que você fez comigo não se faz nem ao pior inimigo! Eu achei que você fosse meu melhor amigo!

— Se tem alguém nesse mundo que tem sido teu amigo a vida inteira, e tem te apoiado incondicionalmente, esse alguém tem sido eu! Mas como era óbvio, você nunca entenderá como eu me senti e sinto até agora, como poderias, não é mesmo? Se nesse teu mundo egoísta não vive ninguém mais além de você e teu ego gigantesco!

— Ah, agora a culpa das tuas merdas é minha? — sorri incrédulo o encarando fixamente.

— Claro que não. Eu não disse isso!

— Ah não? Então pelo amor de Deus me explique que merda foi tudo isso, cara? Porque, sinceramente, eu não consigo te entender, por mais que eu tente! O que foi que eu te fiz de tão grave pra merecer algo assim? — gritei pra ele.

— Se nunca tivesses te envolvido com aquele branquelo estadunidense, nada disso estaria acontecendo! A gente estava tão bem antes dele aparecer! Você seguia colecionando o máximo de garotos que poderias, mas nenhum deles chegava a ser maior do que o que a gente tinha! A gente vivia focado no nosso sonho de jogar num time internacional e jogar com o Messi. Mas você preferiu jogar tudo isso fora, me trocando por aquele idiota estrangeiro! Aquele branquelo afastou você de mim e você nem se quer percebeu que eu estava sofrendo com isso! — desabafou ele, consumido por uma extrema fúria que o fazia tremer.

Bem Me Quer Mal Me QuerOnde histórias criam vida. Descubra agora