A Visita.

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Horas mais tarde...

P.O.V Oliver

O taxi me deixa bem em frente a grandiosa mansão dos Avallon. A vista parece ter sido tirada da tela de uma obra prima, de tão perfeita que é. A chuva agora está mais fraca, os céus nublados deixavam o clima bastante frio e todo cinzento, por conta disso coloquei um moletom com capuz amarelo por cima.

Assim que toquei a campainha, fui recebido por uma senhora de sorriso simpático, já de certa idade, negra, no cabelo preso, se notava vários fios grisalhos, deduzi que fosse a governanta da mansão. Confesso que minhas expectativas para essa visita aqui eram de zero por cento. Eu não acredito nem um pouco nessa história de depressão por desilusão amorosa inventada pelo capitão do time, era só o que faltava, mas já que estou aqui mesmo né, então, vamos ver se consigo acabar com isso de uma vez por todas.

— Boa tarde. — cumprimentei todo sorridente, retribuindo a simpatia que a senhora refletia no semblante dela após abrir a porta.

— Boa tarde filho. — com a mesma simpatia a mulher respondeu.

— Me chamo Oliver Spencer e sou colega de escola do Sirilo... — me identifiquei para que ela soubesse quem eu sou — E vim vê-lo.

— Ah sim, claro. Entre por favor. — amavelmente, me convidou a entrar me deixando passagem.

— Obrigado. — agradeci ainda sorrindo. Caminhando para dentro da enorme mansão.

— Você não imagina o quão mal o meu menino está, pobrezinho. — a senhora comentou com uma dor visível — Ele se recusa a comer e quando o faz, come tão pouquinho. Ele não quer ver ninguém, nem mesmo o pai dele ou a mim que sou como uma mãe pra ele. Ele só tem falado com os amigos. Eu juro que tento ajudá-lo, mas não sei como e isso é tão desesperador.

— Não se preocupe. Eu vou tentar falar com ele, quem sabe ele não me escuta? — disse a primeira bobagem que me veio a cabeça, na esperança de confortar a mulher que me pareceu tão simpática.

— Eu vou torcer para que você realmente consiga convencê-lo, pelo menos a permitir ser examinado pela doutora Stella. — segurando as minhas mãos a senhora simpática argumentou.

— Verei o que posso fazer.

— Ok. Vamos, é por aqui.

Subimos às escadas e caminhamos num vasto corredor até chegar na porta do quarto do dito cujo.

— Essa é a porta do quarto dele.

— Obrigado dona... — me prolonguei um pouco na tentativa de querer saber o nome dela.

— Bertha. Pode me chamar de Bertha.

— Dona Bertha. — repeti o nome dela segurando as mãos dela, olhando-a nos olhos — Pode deixar que daqui cuido eu, pode ser?

— Sim, claro. Qualquer coisa que precisarem estarei lá embaixo é só interfonar através do telefone no quarto, pelo número 2, ok?

— Pode deixar.

Assim que dona Bertha me desejou sorte e se afastou, me virei novamente de frente a porta e bati.

— Eu já disse que quero ficar sozinho, me deixem em paz! — gritou Sirilo de dentro do quarto.

Ignorando o pedido dele, girei a maçaneta da porta e notei que ela estava destrancada, então abri de uma vez e entrei. Eu queria pegar esse farsante no flagra e acabar com essa imagem de vítima que ele estava pintando, porém assim que entrei de repente pelo quarto o vi deitado na cama apenas de pijama, com a aparência super abatida, a barba por fazer, os olhos inchados e marejados como se tivesse chorado um mar de lágrimas durante vários dias, as janelas estavam todas cobertas, apenas uma pequena luz vinda de um abajur por cima da mesinha de cabeceira iluminava o ambiente. Eu confesso que a imagem foi um baque, vê-lo daquele jeito foi chocante. Meu Deus, ele não poderia estar fingindo isso certo? Pelo menos não a esse ponto, até pra um babaca manipulador como ele isso seria de mais.

Bem Me Quer Mal Me QuerOnde histórias criam vida. Descubra agora