Quarta-feira, 24 de Fevereiro
Manhã
P.O.V Sirilo
Parei o carro bem na frente da casa do Oliver. Como havia prometido a senhora Spencer, estava eu ali, esperando do lado de fora, todo prestativo e simpático como se eu fosse um garoto comum que só queria dar uma carona desinteressada ao aluno novo da escola. O que meu coração generoso não faz por um garoto bonito?
Em poucos minutos de espera, lá estava o garoto estadunidense saindo de casa, com a mochila nas costas, rostinho de menino inocente que de inocente não tinha nada e cabelos cacheados perfeitos que até parecia um anjo caminhando em direção ao meu carro. Confesso que fiquei bobo, só apreciando e admirando a beleza do novato enquanto ele se aproximava a cada passo como se estivesse desfilando — Já imaginou alguém cobiçar ele perto de você e você pensar consigo mesmo “se você soubesse que eu já peguei ele”, seria uma sensação fantástica, eu seria aclamado como um deus. — Pensei.
No mesmo instante, Oliver abriu a porta do carro e entrou, me ignorando completamente.
— Bom dia, cachinhos de Anjo. — cumprimentei-o com toda simpatia assim que entrei no carro também. — Dormiu bem hoje? — perguntei enquanto apreciava ele por mais um pouco. Ele parecia ainda mais bonito hoje do que ele já era.
— Corta a conversa fiada, ok? E arranca logo a porcaria dessa lata velha, porque eu estou com pressa! — no estilo bem rude de sempre, ele me respondeu.
Ele retirou a mochila das costas e colocou no colo. Mantendo o olhar fixo na frente, dava para ver os olhos castanhos dele brilhar com o reflexo da luz que batia no rosto dele. Uma imagem incrivelmente perfeita que não resisti em deixar registrado com uma foto no celular bem discretamente, sem ele perceber.
— Tudo bem. Você manda. — assenti, eu não pretendo criar caso, já estou começando a me acostumar com o mau feitio dele. — Coloque o sinto de segurança antes, por favor. Segurança em primeiro lugar. — pedi com toda delicadeza, com um sorriso amigável, aproveitando a oportunidade para apreciar mais um pouco a beleza dele.
De cara fechada e com bastante mau humor, ele puxou o sinto de segurança com brutalidade, dava para ver de longe o quão irritado ele estava, provavelmente por minha causa, mas eu não estou nem ligando. Eu continuava olhando para aquele ser humano, todo irritadiço de cara fechada, porém ainda assim só conseguia ficar ainda mais gostoso e muito mais bonito que até chegava a doer, e eu me perguntava como aquilo era possível.
— Quer que eu coloque uma música? Sei lá, qualquer coisa para ajudar a dar uma relaxada? — sugeri, ainda olhando para ele, porém ele continuava sério e com o olhar na frente.
— Tanto faz! O carro é teu, então faz o que você quiser. — com rispidez ele me respondeu. Quem olha para ele não tem como saber que dessa boca linda podem sair palavra tão cruéis.
— Você deveria tomar mais cuidado com o que diz, alguém poderia interpretar isso de forma errada.
— Só se esse alguém for você. Coisa que não surpreende ninguém! — constatou ele, sempre com uma resposta na pontinha da língua — Essa lata sai hoje ou está com defeito?
— Por que te custa tanto assim ser simpático comigo?! Eu juro para você que eu não sei o que fiz para você me odiar dessa forma.
— Vai tomar no cu, seu monte de esterco ambulante! — ele vociferou, dessa vez com o rosto virado para mim, com um olhar feroz que chegava a dar até medo — Quem está insistindo nessa porra de perseguição doentia, apesar de eu ter sido mais claro do que a própria água cristalina desde o começo é você, seu arrombado do caralho! Então vê se cala a merda dessa boca de uma vez e arranca a droga desse carro!
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Bem Me Quer Mal Me Quer
Teen FictionOliver Spencer é um adolescente estadunidense de dezesseis anos, abertamente gay, que muda-se com os pais para uma ilha fictícia na América do Sul chamada Ilha Dourada. Relutante, Oliver foi obrigado a deixar seus amigos, sua vida e principalmente s...