Fica (Luan Santana)

13. Mais uma vez

Conforme o fim da tarde se aproximou, voltamos pro hotel. Natália se arrumou toda, estilo praia, claro, e eu segui o mesmo estilo dela na produção. Ligamos pros meus pais e ela estava jurando que ficaríamos na virada alí, mas ela nem imaginava o que eu tinha preparado.

- Amor... - Chamei. 

- Oi. - Ela se virou. 

- Olha, é... Tenho uma surpresa. 

Ela se assustou.

- Surpresa? 

- É! 

- O que? - Ela sorriu. 

- Bom... É surpresa, mas a gente vai pra outro lugar. Arruma uma bolsa com roupa de praia, biquíni e uma roupa pra voltar, nada demais. Vamos voltar amanhã a noite.

- Tudo bem.

Ela não fez mais perguntas e em cinco minutos estava pronta, igual eu. Guiei ela até a praia alí, já que na pousada já estava tudo avisado. Havia um iate nos esperando, e ela se assustou. 

- Luan, o que é isso? 

- Gostou? - Ela começou a rir e a ajudei a subir.

- Você é louco. - Ela me beijou, mas fomos interrompidos pelo Capitão Maurício. 

Um marinheiro aposentado, dono do iate que eu havia conhecido da última vez que estive alí, nos acompanharia. Apresentei os dois e depois ele nos mostrou o local. Era grande, espaçoso e próprio para nossa noite. 

Assim que ficamos a sós no quarto, Natália me deu uma bronca. Disse que o senhor devia estar comemorando com a família. 

- Amor, ele não tem família. É o que ele mais gosta de fazer, pode ter certeza que estará tão feliz quanto nós essa noite. - Abracei aquela princesa, orgulhoso do coração de ouro que minha esposa tinha. 

O iate era luxuoso, mas nada exagerado. Era espaçoso e confortável, e tinha tudo que precisávamos. Então sabia que não passaria apuros. A idéia era ir pra alto mar, o que foi levado adiante enquanto eu e Natália arrumávamos o jantar. Depois de comer a luz de velas, saímos pra área externa. Maurício se retirou pra jantar, nos informando que estávamos atracados. Então botei meu plano em prática e arrumei sob o olhar de Natália nosso cantinho. A parte externa coberta de vidro se transformou num confortável salão onde poderíamos ficar deitados olhando as estrelas ou fazendo qualquer outra coisa juntos. Na traseira logo aos nossos pés, estava o mar, onde passamos debruçados na grade de segurança boa parte da nossa noite, até que Maurício se despediu, desejando bom ano novo e dizendo que ficaria vendo o mar de seu quarto e não voltaria mais, mas qualquer coisa poderíamos chamar. Entendi o recado, ele quis dizer que podíamos ficar a vontade. Entramos no salão e ainda assim podíamos sentir a brisa do mar. Abri uma champanhe e ficamos mais algum tempo deitados no acolchoado conversando abraçados. 

- Me diz um lugar que você gostaria de estar. - Perguntavamos coisas bobas um pro outro e então ela me veio com essa. 

- Tanto faz. 

- Tanto faz? - Riu indignada. - Não é assim, tem que ser um lugar que queria muita estar. 

- Não tenho um lugar. 

- Tem sim. Fala, Luan. - Rimos. 

- Desde que eu percebi o quanto estava perdendo de ter você alí pra mim e não aproveitar, amar, da forma mais sublime que podia... - Comecei a falar e do nada ela parou de rir, me olhando séria. - Eu percebi que tanto faz. Não importa mais. 

- E por que não? 

- Porque eu tenho você. 

Ela ficou me olhando sorrindo por um tempo e depois selou meus lábios e escondeu seu rosto no meu peito.

- Seu bobo.

- Que foi? - Acariciei seus cabelos. 

- Me deixou sem graça, sem palavras. 

- Larga mão disso, amor! - Rimos. - Minha vez! 

- Diga.

- Seu melhor ano novo. 

Na mesma hora me arrependi da pergunta. Ela com toda a certeza se lembraria dos seus pais e ficaria triste, e isso era tudo que eu não queria mesmo. Mas eu fui surpreendido, mais uma vez. 

- Esse.

- Esse?

- Eu estou com você, bem, como nunca. Não poderia querer nada melhor nesse mundo. 

Olhei dentro dos seus olhos e nos beijamos com todo o carinho e amor do mundo. Nosso beijo foi esquentando e quando ela percebeu o que ia acontecer, falou logo. 

- Amor, vamos pro quarto. 

- Não, ele não vai voltar, relaxa. 

- Tem certeza? 

- Confia em mim.