"Seu Amarildo, eu sei que o senhor fez tudo por mim desde que cheguei na sua vida e da sua família. Agradeço muito por terem me acolhido e por terem me recebido tão bem. Agradeço por me procurar o dia que sumi também, e por se preocupar comigo e por ter me ajudado na noite em que perdi meu bebê. Você sempre olhou por mim, assim como Bruna e Marizete. Agradeço por terem sido meus pais e minha irmã todo esses anos, e por terem sido a minha família. Essa carta serve pra elas também. Mas eu preciso seguir minha vida e como sei que ele virá atrás de mim, tem que ser dessa forma. Eu amo vocês, amo o filho de vocês, mas hoje estou indo embora novamente, e não quero que me procure. Me perdoe por tudo, mas eu vou ficar bem. Já sei pra onde vou e vou conseguir me virar. Cuide do Luan pra mim, porque por mais que eu não consiga perdoá-lo, eu o amo. Me desculpe novamente."
Limpei as lágrimas e respirei fundo. Sorri ao ver como ela era doce, ainda com raiva de mim. E apesar dela mandar não procurar, eu faria isso, até encontrar. Eu não sabia por onde começar, mas eu iria.
Saí assim que almocei e comecei a procurar ela. Andava nas ruas próximas, e no centro. Passei perto do banco, nos pontos turísticos, na frente de locais que ela gostava e por mais onde podia imaginar que ela estava. Mas São Paulo era enorme e eu não sabia nem como fazer isso direito, ainda mais quando ela tinha dito que tinha pra onde ir. Devia estar dentro de um lugar, e eu não acharia. Quando era quase de madrugada me deu fome e parei no McDonalds pra comer alguma coisa e tentar respirar um pouco. Já estava estressado e muito bravo. Acho que se achasse Natália, eu ia matar ela primeiro, depois pensava que tinha a encontrado.
Terminei meu lanche e fiquei pensando enquanto mexia minha coca o quanto era idiota ficar procurando quem não queria ser achado. Eu sabia que ela estava dentro da razão dela, mas estava fazendo papel de trouxa e mesmo se achasse ela, ela não voltaria e ia ficar ainda pior por ver tão na cara que ela tinha ido embora. Saí de lá quase chutando tudo que via pela frente. Estava com raiva dela e ainda mais de mim. Sabia que o efeito do meu calmante tinha passado, mas nem tinha eles alí, e se tivesse, jogaria pela janela, porque odiava estar dependente daquilo há mais de uma semana e odiava aquele remédio, e odiava mais ainda ficar calmo demais quando tomava ele porque parecia até que nada estava acontecendo comigo! Odiava até a minha casa e não quis entrar, então dirigi até a casa dos meus pais. Eu odiava tudo desde que ela tinha ido embora. Odiava exatamente tudo!
Entrei na casa dos meus pais chorando e eles me olharam assustados da sala. Bruna não estava em casa e isso era bom, porque ela perguntava muito também.
- Luan, o que foi? - Minha mãe me interrompeu antes de subir as escadas. - Achou ela, filho?
- Não, eu não achei ela! E não quero mais achar também! - Gritei e passei a mão pelos cabelos. - Se ela quer brincar de esconde-esconde, vai brincar sozinha! Eu não vou mais procurar. Ela não quer vir aqui e me escutar, que suma também! - Chorava mais a cada grito e meus pais estavam assustados. - Cansei de correr atrás dela! Eu sei que errei, mas eu queria pedir desculpas e ela me faz ficar rodando essa cidade toda atrás dela! Quero que ela vá se ferrar, isso que eu quero! Não mexo mais um dedo atrás dela!
- Ela não quer ser achada, filho... - Minha mãe acariciou meu rosto.
- Ela não tem que querer! - Sussurrei abismado.
- Dá um tempo pra ela, filho, ela vai voltar! - Meu pai disse me olhando com dó.
- Eu não aguento mais e faz só uma semana, pai! Vou esperar quanto? Um ano? - Estava desesperado.
- Não sei, mas não fala coisa que vai se arrepender. Não diga besteiras. Não adianta xingar ela e ficar gritando.
- Eu sei. - Respirei mais calmo.
- Não adianta mais chorar, você tem que esperar agora. Alguém vai ver ela, ela vai aparecer logo.
- Eu realmente espero que sim, porque eu não quero ficar aqui o resto da minha vida preocupado se ela está bem!
Minha mãe me deu colo e eu me acalmei um pouco. Mas logo subi pro quarto e pensei que ia ficar a noite toda revirando pra dormir, mas isso não aconteceu. Depois de ficar o dia todo na rua, estava cansado e dormi logo.
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Fica (Luan Santana)
Fanfic(CONCLUÍDA) Uma história de anos marcada de um lado pela falta de amor, e de outro pelo excesso dele. Natália e Luan são casados, mas a moça, apesar de amá-lo incondicionalmente, não recebe um tratamento a altura. Uma história marcada por marcas do...