81. Atrás de uma enfermeira

614 28 11
                                    

Assim que fui acompanhar Luan no hospital, levamos as meninas junto. Luan desceu primeiro e conversou na portaria e sei lá como elas puderam entrar. Fomos até o quarto onde estavam Bruna e Mari e fomos recebidos com muito alegria pelo Amarildo, que beijou as meninas com um sorriso no rosto e se mostrou feliz por eu estar alí também. Luan explicou resumidamente que faríamos uma viagem. 

- Mas agora? - Mari perguntou.

- As coisas com o Rodrigo apertaram e eu acho que é melhor deixar a poeira baixar um pouco.  

- O que aconteceu? - Amarildo perguntou enquanto eu somente olhava tudo atenta. 

- Você não tem que se preocupar com isso, pai, eu dou conta. Elas vão ficar um tempo fora e está decidido. 

- Vovô, vai ser legal e depois a gente volta pra cuidar de você. - Cecí disse sentada na cama e passando a mão pelo rosto dele. - Todos rimos e ela ficou envergonhada. 

Não pude ficar muito por causa das meninas e porque já era tarde. Nos despedimos junto com Mari e Bruna e depois falei com Luan. Ele saíria de manhã pra levar a gente no aeroporto e depois descansar, Bruna ficaria com o pai, acompanhada da mãe. Não demorou pra chegar em casa e as duas jantaram, já que já tinha feito isso com Luan e as gêmeas. 

Tive uma longa noite, cansativa. Não gostei de dormir sozinha e tive muitos pesadelos. Mas descansei o suficiente. Nos despedimos de Bruna e Mari logo cedo e elas foram ao hospital, então verifiquei as malas enquanto esperava o Luan.

- Amor, cheguei. - Ele disse entrando no closet. - Tudo pronto?

- Tudo. - Fechei a mala. - Como foi sua noite?

- Dolorida. - Ele se espreguiçou. - Noites em hospital é sempre ruim.

- Vai tomar um banho e depois tem café da manhã pronto.

- Cadê as meninas? - Me deu um selinho.

- Na cama. - Fiz careta. - Não deixei mais dormirem, pra dormirem no avião, mas não levantaram. 

Ele riu e saiu pra dar um beijo nelas, depois voltou indo tomar um banho. Fiquei na mesa enquanto ele tomava café e depois fiquei sentada em seu colo no sofá, sofrendo antecipadamente a dor da despedida. 

- Parece até que não vai me ver nunca mais. - Ele riu me apertando. - Só um tempo.

- Mas eu nem sei quanto vai ser esse tempo. 

- Logo vocês voltam, amor. 

- Vou sentir sua falta. - Disse lhe dando um beijo. 

- Eu vou sentir mais. 

Ele apertou minha cintura e me juntou ainda mais perto dele, iniciando um beijo quente e intenso. 

- Se comporta. - Disse no meio de um abraço. 

- Pode deixar, chefe. - Ele riu. - A senhora também, não quero saber de gracinha com os gringos dos olhos azuis.

Virei os olhos e ele riu. 

- Como se eu tivesse olhos pra outro alguém. 

- Assim mesmo que eu gosto! - Ele riu e me apertou. 

Escutamos as meninas discutindo e fomos ajudar elas a se trocarem, depois do banho. Logo depois de tudo pronto, fomos pro aeroporto. Antes de embarcar, me fez mil recomendações e eu só queria ficar com ele. Chorou ao se despedir das meninas, o que já me deu a certeza que o tempo que ele dizia não seria tão curto assim. Mas era pro bem delas, e nosso: tentei botar isso na cabeça. Na minha vez eu não disse muita coisa, somente abracei forte ele, pra ele ter certeza que eu sempre estaria com ele. Chorei também, não era fácil ir sem meu alicerce. Nada seria igual sem ele, e eu tinha somente essa certeza quando entrei no avião com as minhas meninas.

POV Luan.

Foi difícil deixar elas irem embora. Eu sabia que com meu pai doente, precisava do apoio de Natália e do carinho das minhas filhas. Fiquei olhando o avião decolar com lágrimas nos olhos. Só queria que o pesadelo acabasse logo e poder ir com elas viajar de férias. Voltei pra casa pra dormir um pouco, meio cabisbaixo. Iria resolver algumas coisas no trabalho pela tarde e a noite ia pro hospital novamente. 

Quando cheguei no escritório no meio da tarde, respondi algumas perguntas sobre meu pai. Ele era muito querido e todos estavam preocupados. Graças a Deus ele estava bem agora, mas precisaria de muitos cuidados. Me reuni com a assessoria e depois de pensar muito, chegamos a conclusão que não tinha muito como dobrar aquilo tudo. Eu decidi processar ele por difamação e injúria. O escritório ficou de ligar pro nosso advogado e eu voltei pra casa pra comer alguma coisa e depois descansar pra noite. Acabei dormindo de novo e só acordei era umas 20h00 com a ligação da Natália. Ela dizia estar cansada da viagem, mas bem. Já tinha alugado o carro e estava em casa com as meninas.

- Aqui é enorme! - Ela riu. - Amor, a casa é gigante!

- Eu sei. - Eu ri. - Mas é linda, né?

- Sim, é linda mesmo! Eu adorei... - Falou docemente.

- Fico feliz... E as meninas?

- Elas estão encantadas! Acho que vou tomar um banho e sair pra fazer uma compra pra casa. As meninas estão com fome. 

- Tudo bem, vai lá e depois descansa. E qualquer problema com a casa você me avisa, por favor.

- Já olhei tudo, é perfeita. 

- Estava com medo por não ter visto ela e nem nada. 

- Pode ficar sossegado. E seu pai?

- Falei com Bruna antes de vir pra casa dormir. Ele está bem. Mais disposto até. Amanhã vou atrás de uma enfermeira, antes de ir viajar. Falei com o Max também, ele vai dormir com meu pai no fim de semana, mas acho que até quarta-feira que vem ele vai pra casa.

- Vai levar ele pra casa, né?

- Acho que não, teria sentido se você estivesse aqui, né... Mas acho que ele vai ficar mais a vontade na casa dele, e minha mãe não vai estar sozinha também. Bruna vai voltar pro Rio amanhã de manhã, precisa gravar algumas coisas. 

Não contei pra ela sobe Rodrigo, deixaria pro próximo dia. Ela estava cansada e eu não queria levar problemas, já que foi exatamente por isso que elas foram pra longe. Me arrumei rápido e saí, passando pra pegar algo pra comer no meio do caminho. Quando cheguei, já encontrei meu pai pronto pra dormir. Me despedi de Bruna e tranquilizei ela, falando que as coisas ficariam bem alí. Elas foram embora e eu fiquei conversando com meu pai um tempo. Contei sobre a viagem e sobre as meninas estarem felizes demais. 

- Já estou com saudades. - Ele riu.

- Eu já estava antes delas saírem. - Ri junto. 

Contei pra ele vagamente sobre Rodrigo, e com suas palavras sempre cautelosas, ele tentou me tranquilizar e me dar força. Mas logo ele dormiu e eu voltei a ficar sozinho, andando pelo quarto até me dar sono e conseguir enfim dormir.

POV Natália.

As meninas estavam encantadas com a casa. O quarto delas era todo rosa, e parecia ser feito para princesas. Era lindo ver elas tão alegres. Depois que conversei com o Luan me bateu um desespero de estar alí sozinha com as meninas, mas eu sabia que precisava ajudar ele, da forma que podia e que ele achasse mais eficiente. 

Fomos até o mercado, com elas olhando pelas janelas achando tudo novidade. Compramos coisas pra comer por alguns dias e depois voltamos pra casa. Elas queriam ir no parque no dia seguinte, mas eu achei melhor que fizéssemos algo mais tranquilo pra começar. Garanti que teria tempo suficiente pra conhecer toda Orlando, então botei elas na cama e fui pro meu quarto dormir, pensando no Luan sozinho no Brasil.

Fica (Luan Santana)Onde histórias criam vida. Descubra agora