58. Uma babá

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Fevereiro de 2020. 

- Natália! - Chamei baixinho chegando em casa numa madrugada, mas não tive resposta. 

Essa noite tinha sido o último show antes das férias. Segurei o máximo que consegui pra poder ficar com a Natália, mas quando ela estava entrando no oitavo mês eu resolvi parar pra poder ficar com ela, já que o médico pediu pra gente se preparar. Natália estava bem gordinha já, quase não conseguia andar, e ele disse que aquilo podia oferecer risco. 

Mudei nosso quarto pro andar de baixo, desfazendo a sala de TV e instalando uma cama alí. Ela estava proibida de subir as escadas e contratamos uma babá pra ficar com ela, e que a ajudaria também depois do parto. 

Tatiane tinha aproximadamente a idade da Natália. Tinha acabado de chegar na cidade pra fazer faculdade e era uma menina muito boa, estava nos ajudando muito. 

Subi as escadas e fui tomar um banho, mas logo desci e entrei no nosso quarto improvisado, e encontrei ela dormindo, meio desajeitada por causa do tamanho da barriga. Fiz um carinho e me deitei um pouco longe pra não machucar minha princesa. Não via a hora das meninas nascerem, porque já estava ficando difícil e eu não gostava de ver minha menina sofrer. As vezes nem dormir ela estava conseguindo há algumas semanas, porque as meninas ficavam agitadas de madrugada e chutavam muito ela. Eu adormeci logo, cansado e com pena de Natália. 

- Amor, eu liberei a Tathi hoje. - Ela disse enquanto estávamos na mesa tomando café. Ela estudava de manhã e nós estávamos contando com que as meninas dormissem até tarde. 

- Por que? 

- É aniversário da mãe dela, na cidade vizinha, ela volta amanhã de manhã. E como você vai ficar aqui, achei que não tinha problema.

- Tudo bem, amor, só não faz isso quando estiver sozinha. - Pedi. - Mas agora não vai mais, até elas nascerem. 

- Dois meses, eu não aguento mais. - Ela passou a mão na barriga e fez bico. Ri e peguei em sua mão. - Você que devia engravidar.

- Só entro com o material! - Ri.

- É sério! - Ela riu.

- Vai dar tudo certo. 

- Elas chutam muito, meu Deus, parece que estão entrando dentro da minha costela. 

- Acostuma! - Ri brincando.

- Querido, esquece! Você não vai ter um menino e nem mais uma menina, nem um passarinho se quiser! - Ela me olhou feio e disse exagerada. 

- Credo, amor!

- Já pensou se vem gêmeos de novo? - Ela arregalou o olho. - Nunca! Isso dói, as meninas me machucam!

- Amor, vai dar tudo certo, só mais um pouquinho... - Disse com pena. - Não diz assim, elas podem se sentir rejeitadas. 

- Eu amo muito elas, amor... - Ela sorriu. - É a melhor dor da minha vida. Só acho que não precisavam me maltratar tanto, meninas... - Ela fez carinho novamente. 

- Eu sei que está complicado... - Acariciei seu rosto. - Mas vai valer a pena. 

- Não tenho dúvidas. Só estou reclamando pra botar isso pra fora! - Ela riu e depois gemeu de dor. 

- O que foi? 

- Chutes! Elas não gostaram muito. - Fez careta. 

- Deixa a mamãe comer, princesinhas! - Beijei a barriga dela logo depois que falei baixinho.

- Acho lindo quando faz isso. - Ela me olhou sorrindo. 

- Não vejo a hora de ver o rostinho delas.

- Quero que se pareçam com você! 

- Bom mesmo, porque se forem gatas como você, eu não sei qual vai ser meu futuro. 

Natália riu, me contagiando com aquele som. 

- Filhas de gatos, gatinhas tem que ser! 

Caí na gargalhada com a fala dela, achando aquilo hilário. 

Durante o dia ficamos só deitados. Assistimos filme e Natália dormiu muito, então acompanhei ela. Era quase fim de tarde quando acordei e fui fazer algo pra gente comer. Pensei em assar uma pizza, mas antes de colocar no fogo, escutei Natália me gritar. Levei um susto e corri até a sala de TV. A encontrei gemendo de dor, e assustado, decidi levar ela pro hospital. 

Fica (Luan Santana)Onde histórias criam vida. Descubra agora