Fevereiro de 2020.
- Natália! - Chamei baixinho chegando em casa numa madrugada, mas não tive resposta.
Essa noite tinha sido o último show antes das férias. Segurei o máximo que consegui pra poder ficar com a Natália, mas quando ela estava entrando no oitavo mês eu resolvi parar pra poder ficar com ela, já que o médico pediu pra gente se preparar. Natália estava bem gordinha já, quase não conseguia andar, e ele disse que aquilo podia oferecer risco.
Mudei nosso quarto pro andar de baixo, desfazendo a sala de TV e instalando uma cama alí. Ela estava proibida de subir as escadas e contratamos uma babá pra ficar com ela, e que a ajudaria também depois do parto.
Tatiane tinha aproximadamente a idade da Natália. Tinha acabado de chegar na cidade pra fazer faculdade e era uma menina muito boa, estava nos ajudando muito.
Subi as escadas e fui tomar um banho, mas logo desci e entrei no nosso quarto improvisado, e encontrei ela dormindo, meio desajeitada por causa do tamanho da barriga. Fiz um carinho e me deitei um pouco longe pra não machucar minha princesa. Não via a hora das meninas nascerem, porque já estava ficando difícil e eu não gostava de ver minha menina sofrer. As vezes nem dormir ela estava conseguindo há algumas semanas, porque as meninas ficavam agitadas de madrugada e chutavam muito ela. Eu adormeci logo, cansado e com pena de Natália.
- Amor, eu liberei a Tathi hoje. - Ela disse enquanto estávamos na mesa tomando café. Ela estudava de manhã e nós estávamos contando com que as meninas dormissem até tarde.
- Por que?
- É aniversário da mãe dela, na cidade vizinha, ela volta amanhã de manhã. E como você vai ficar aqui, achei que não tinha problema.
- Tudo bem, amor, só não faz isso quando estiver sozinha. - Pedi. - Mas agora não vai mais, até elas nascerem.
- Dois meses, eu não aguento mais. - Ela passou a mão na barriga e fez bico. Ri e peguei em sua mão. - Você que devia engravidar.
- Só entro com o material! - Ri.
- É sério! - Ela riu.
- Vai dar tudo certo.
- Elas chutam muito, meu Deus, parece que estão entrando dentro da minha costela.
- Acostuma! - Ri brincando.
- Querido, esquece! Você não vai ter um menino e nem mais uma menina, nem um passarinho se quiser! - Ela me olhou feio e disse exagerada.
- Credo, amor!
- Já pensou se vem gêmeos de novo? - Ela arregalou o olho. - Nunca! Isso dói, as meninas me machucam!
- Amor, vai dar tudo certo, só mais um pouquinho... - Disse com pena. - Não diz assim, elas podem se sentir rejeitadas.
- Eu amo muito elas, amor... - Ela sorriu. - É a melhor dor da minha vida. Só acho que não precisavam me maltratar tanto, meninas... - Ela fez carinho novamente.
- Eu sei que está complicado... - Acariciei seu rosto. - Mas vai valer a pena.
- Não tenho dúvidas. Só estou reclamando pra botar isso pra fora! - Ela riu e depois gemeu de dor.
- O que foi?
- Chutes! Elas não gostaram muito. - Fez careta.
- Deixa a mamãe comer, princesinhas! - Beijei a barriga dela logo depois que falei baixinho.
- Acho lindo quando faz isso. - Ela me olhou sorrindo.
- Não vejo a hora de ver o rostinho delas.
- Quero que se pareçam com você!
- Bom mesmo, porque se forem gatas como você, eu não sei qual vai ser meu futuro.
Natália riu, me contagiando com aquele som.
- Filhas de gatos, gatinhas tem que ser!
Caí na gargalhada com a fala dela, achando aquilo hilário.
Durante o dia ficamos só deitados. Assistimos filme e Natália dormiu muito, então acompanhei ela. Era quase fim de tarde quando acordei e fui fazer algo pra gente comer. Pensei em assar uma pizza, mas antes de colocar no fogo, escutei Natália me gritar. Levei um susto e corri até a sala de TV. A encontrei gemendo de dor, e assustado, decidi levar ela pro hospital.
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Fica (Luan Santana)
Fanfiction(CONCLUÍDA) Uma história de anos marcada de um lado pela falta de amor, e de outro pelo excesso dele. Natália e Luan são casados, mas a moça, apesar de amá-lo incondicionalmente, não recebe um tratamento a altura. Uma história marcada por marcas do...