Fica (Luan Santana)

47. Me magoar outra vez

Assim que ficamos sem fôlego, fomos nos afastando aos poucos. Olhei bem pro rosto dela e sorri. Natália fez o mesmo, mas abaixou a cabeça sem graça. Eu me deitei, e chamei ela, colocando sua cabeça sobre meu peito e abraçando ela de lado. Ficamos daquela forma por alguns minutos, em silêncio, nenhum de nós sabia o que dizer, e foi melhor assim, sem pressão. Ouvimos batidas na porta e Natália levantou rápido, olhei o relógio, quando escutei ela falar com o mesmo cara que tinha me acompanhado ao quarto. Logo ela fechou a porta e voltou pra cama, se sentou ao meu lado e me olhou nos olhos. 

- Raul disse que acabou sua hora. 

- Acha que é melhor eu ir, não é? 

- Acho.

- Eu também acho! - Respirei olhando pra ela e acariciei seu rosto com o polegar. - Mas eu volto.

Natália não disse nada, só assentiu. com a cabeça, meio sem graça. 

- Mas eu paguei sua noite, vai pro quarto e descansa, não vai mais dançar hoje. - Disse enquanto colocava meu tênis.

- Eu não dancei. - Ela riu. 

- Fez coisa muito melhor. - Ri beijando sua testa. 

Queria me despedir com outro beijo, mas eu sabia que as coisas tinham que caminhar na velocidade certa. 

Logo estava fora da boate e entrando no meu carro. Assim que sentei, joguei meu corpo no banco e ri, feliz da vida. Eu amava aquela mulher e matar a saudade um pouco era a melhor sensação que tive no ano. Ainda era pouco, mas só aquele beijo já tinha valido toda a luta. 

Cheguei em casa feliz da vida e sabia que teria a melhor noite de sono do último ano. Mas a minha maior certeza era outra. 

Natália ia voltar pra mim, eu sentia no seu olhar, e logo! 

POV Natália. 

Assim que Luan saiu eu fechei a porta e respirei fundo. Luan queria me enlouquecer, era isso que ele queria. E eu sabia que não adiantava ficar mentindo mais pra mim. Eu sabia que estava sentindo tudo por ele de novo, afinal, só guardei meus sentimentos bem junto do peito, eu não joguei eles fora. Uma vez ouvi num filme, que quando se ama uma vez, nunca mais se esquece. E eu sabia que eu tinha amado ele intensamente, mas minha cabeça ainda tinha receios. Enquanto o coração me mandava esquecer tudo e amar, minha razão me mandava lembrar de tudo que ele me fez, mas não pra pegar isso de volta, afinal, já tinha perdoado, mas simplesmente pra não cair na conversa dele novamente.

Por outro lado, eu sabia o que ele sentia por mim. Ninguém nesse mundo conhece ele mais que eu, e eu sabia que não teria nenhum motivo pra perder suas noites de folga na boate comigo, se não fosse amor. Ele não precisava de mim pra nada, mas mesmo assim estava alí. Desejo não era, porque alí, pagando por mim, ele não quis nem me ver dançar. Eu já tinha ido embora há muito tempo, mas ele ainda estava alí e meu coração, depois desse beijo incrível, pulsava forte pedindo pra mim voltar. 

Eu sorria enquanto peguei o notebook e voltei pro meu quarto. Fazia de tudo pra jurar e mostrar a todos que a menina inocente, sonhadora e romântica tinha morrido, mas ela se recusava a sair de mim. Passei a mão pelo rosto assim que deitei em minha cama, com lágrimas nos olhos, pensamento a mil e confusa, nervosa ainda com o beijo, jurei deixar as coisas se encaminharem e pedi baixinho:

- Não deixa ele me magoar outra vez! 

A semana foi agitada pra mim. Estava ensaiando uma nova dança pra boate e com a ajuda das meninas estava ficando incrível. Ia apresentar ela pro Rodrigo, e na segunda ele já estava lá durante a tarde e por incrível que pareça, ele estava bem-humorado, o que não estava acontecendo com tanta frequência, comigo, porque com o resto ele estava um doce sempre. Mas eu fingia que não estava vendo e ele ficava ainda mais irritado, mas eu não estava nem aí pro mau humor dele. Depois que ele viu e adorou, começou a me dar dicas. Enquanto eu refazia devagar, ele falava o que queria que mudasse.