18. Eu me ferrei

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Depois de mais um sucesso de shows, cheguei no hotel um pouco agitado ainda, pela euforia do palco, mas Natália estava visivelmente caindo de sono, desacostumada da correria. Não demorou pra tomar um banho e cair na cama, coisa que eu também fiz, mas ao contrário dela que dormiu em segundos, velei seu sono a noite toda. 

Mas, ao vê-la tão serena, comecei a pensar em nós dois, mas principalmente no quanto as coisas tinham sido difíceis pra mim logo quando descobri a gravidez de Natália.

01 de Abril de 2015.

O sol brilhava forte, mas a temperatura estava razoável. A poeira levantava conforme minha Ferrari em alta velocidade passava pelo chão de terra. Não tinha nada melhor pra recuperar as energias do que sair pelas estradas sem destino. E olha só! Acabei encontrando pelo caminho um rio, no meio das estradas de terra do interior de São Paulo, alí perto de casa mesmo, mas fora da região metropolitana. Havia saído cedo, e então me preparei pra retornar, já que o sol ameaça se pôr. Com o rádio ligado, fiz o caminho de volta, mas, ao parar pra esperar o portão do condomínio abrir, uma louca se atirou na frente do meu carro.

- Meu Deus! - Puxei o pé que estava prestes a apertar o acelerador.

Com toda a certeza era uma fã e me preparei pra dar uma bronca nela, que podia ter sido atropelada, mas percebi que a garota chorava e me olhava assustada.

- Você tá bem, moça? - Botei a cabeça pra fora e ela veio até a janela. 

- Lembra de mim? - Me assustei com a pergunta e fixei seu rosto. 

Não sabia seu nome, mas sabia que há mais ou menos um mês ela estava na minha cama do hotel.

- Lembro, lembro sim, linda! Cadê seu celular pra gente tirar uma foto?

- Não é isso que eu quero.

- O que é então? - Ergui a sobrancelha. 

- Eu preciso falar com você. - Era só o que me falta, mais uma no meu pé.

- Olha, amor, é que eu não posso agora.

- Eu preciso agora. - Ela estava muito assustada.

- Fala, então.

- Não pode ser aqui.

- Então não podemos conversar. 

Ela bufou e então se aproximou de mim. 

- Estou grávida. 

Todos os meus músculos do corpo pararam e eu levei o maior susto da minha vida.

- O que?

- É isso mesmo que escutou.

Lembrei daquela noite, da empolgação, e sabia que não tinha me prevenido.

- Entra no carro.

A garota deu a volta enquanto eu destravei as portas e fiquei mentalizando as únicas palavras que vinham em minha cabeça.

Eu me ferrei.

Eu me ferrei.

Eu me ferrei de novo.

Eu me ferrei mais uma vez.

Assim que ela entrou, avancei com o carro cantando pneus. Vi que a garota chorava e então aquilo foi me irritando até a casa.

- Para de chorar, tá bem! Não vai adiantar agora! - Quase gritei e ela ficou em silêncio, se encolhendo no banco. 

Assim que virei a rua de casa, comecei a rezar pra meus pais não estarem em casa, mas o carro do meu pai estava lá na frente. Parei logo atrás dele e então respirei fundo.

Fica (Luan Santana)Onde histórias criam vida. Descubra agora