24. Nunca tinha sentido aquilo antes

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- Oi, amor! - Ela sorriu pra mim.

- Vem aqui! - Seu rosto ficou sério quando percebeu que eu estava bravo e veio até onde eu estava na hora e peguei em sua mão. - Algum problema, cara?

Rober tomou meu lado rapidamente e eu vi o clima ficar pesado demais.

- Não, nenhum!

- Nenhum? - Ergui minha sobrancelha.

- Eu só estava...

- Dando em cima da minha mulher, eu vi.

- Lu... - Natália se manifestou mas eu não deixei ela continuar.

- Espera agora, quero ouvir o que esse idiota tem a me dizer primeiro.

- Luan, vamos! - Roberval me chamou a atenção.

- Vamos embora!

- Não, Natália, não vamos embora. - Olhei o cara que estava sem reação.

- Olha, desculpa, eu não sabia...

- Sabia sim.

- Não sabia.

- Olha o tamanho da aliança dela, cara! - Dei um passo na direção dele, mas Natália se desesperou e gritou comigo, me puxando pelo braço.

- Vamos embora agora, Luan!

- Não vou, Natália. Esse cara não sabe respeitar mulher dos outros. - O olhei muito feio e ele deu dois passos pra trás.

Eu estava totalmente irritado e bravo, louco de ciúmes. Nunca tinha sentido aquilo antes. Podia brigar alí mesmo, sem me importar com nada. Nem Natália, nem todas aquelas pessoas alí ou os repórteres de inúmeras televisões. Era isso que eu iria fazer, se Roberval não tivesse entrado na minha frente e Natália puxado meu braço.

- Você está louco? - Ela puxou meu rosto. - Olha o quanto de gente que está olhando.

Respirei fundo e ouvi então Roberval mandar o cara embora dali. Passei a mão pelo rosto e vi o olhar assustado de Natália. A puxei pra um abraço e acalmei, já bem mais com a cabeça fria.

- Desculpa, amor. - Pedi.

- Vamos embora daqui. - Ela falou e foi me puxando.

Rober foi na frente e logo estávamos no carro alugado para aquela noite no Rio.

- Mais calmo? - Natália pegou a água que terminei de beber da minha mão.

- Sim, desculpa, você dois.

- Tudo bem. - Rober respondeu. - Brigou igual macho, gostei de ver. - Ele disse pra descontrair e a gente caiu na risada os três.

- Não sou viadinho igual você. - Ri.

- É pior. - Ele falou e fiz menção de tacar a garrafa de água nele, mas Natália pegou e me repreendeu.

- Tadinho dele, Luan, chega de atacar os outros hoje, né?

Rober me olhou rindo e eu fiquei indignado.

- Ele tá me chamando de viado.

- E daí? 

- E daí que eu sou seu marido. - Ela riu. - Me defende, poxa! 

- Eu não, não tenho nada com isso! Devia é estar brava! - Fiquei indignado, mas achei melhor ficar no meu canto. 

No caminho, liguei pros meus pais e depois postei na internet, e como era ao vivo, não teria problemas com a emissora. 

Mas logo estávamos no hotel e então achei melhor tomar um banho. Enquanto afrouxava a gravata olhei Natália, toda linda tirando os brincos e resolvi chamar ela pra ir comigo. Me aproximei e a abracei por trás, jogando seus cabelos pro lado. 

- Por que não vai tomar um banho comigo? 

- Porque você não se comportou hoje. - Ela abriu um sorriso sapeca. 

- Você devia estar toda feliz de ver que não quero ninguém chegando perto do que é só meu. - Ri. 

- Pra ser bem sincera... - Ela virou e colocou as mãos sobre meus ombros, e eu já apertei sua cintura. - Eu adorei te ver perder a cabeça por minha causa. - Mordeu os lábios. 

Fiquei olhando sua boca e mal sabia o que responder. Soltei seu corpo e tirei a gravata e a camisa. 

- Vou perder de novo se você não for me encontrar no banho! - Me aproximei dela e lhe beijei com desejo, depois virei as costas e fui pro banheiro. Enquanto ela não ia, eu enchi a banheira, porque eu sabia que não resistiria. Então, quando terminava de tirar minha roupa, Natália entrou com um sorriso lindo no banheiro, já nua e veio em minha direção. 

Era quase de manhã e eu ainda estava acordado. Meu coração batia forte enquanto sentia o de Natália pulsar bem em cima do meu, dormindo sobre meu peito. Ela podia ficar alí pra sempre que eu não me importaria. Mas meu coração estava pequenininho. Ninguém nesse mundo podia imaginar o que senti nele quando vi minha linda conversando com aquele homem. Um medo gigante me possuiu. E eu sei, acima de tudo, que não posso bobear nem um segundo, porque ela tem motivos de sobra pra me deixar. Hoje, eu não suportaria mais perder aquela garota que tinha o rosto tão perto do meu, mas ao mesmo tempo, queria deixar ela livre pra poder construir uma história sem um cara assombrado pelo passado como eu. Ela nunca merecia sofrer ou chorar, mas eu sabia que um dia ela iria descobrir tudo e seria o cara que mais faria isso com ela. E ainda por cima, a perderia. As lágrimas molharam meu rosto e eu rezei, suplicando a Deus que ela não soubesse de nada, e se soubesse, um dia pudesse me perdoar. 

Fica (Luan Santana)Onde histórias criam vida. Descubra agora