Se eu achava que o nascimento das meninas me emocionaria, eu mal sabia de nada até ver Natália com elas em seus braços. Quando ela acordou, como a mãe incrível que eu tinha certeza que iria ser, a primeira coisa que perguntou foi por elas. Depois de ter certeza que ela estava bem, chamei a enfermeira e pedi pelas meninas, dizendo que a mãe queria conhecer. Elas vieram, dizendo que meus pais ainda estavam com elas. Natália brilhou os olhos ao ver as duas entrarem e a primeira coisa que fiz foi ir ao encontro e pegar uma das meninas, em pé mesmo, sem medo.
- Amor, cuidado, amor! Senta! - Natália teve um mini ataque ao ver e todos riram.
- Calma, já peguei elas. - Balancei a minha pequenina e sorri, indo até ela e colocando em seu colo.
Quando a enfermeira colocou a outra, Natália se emocionou. Vi seus olhos brilharem de lágrimas e ela sorriu, aproximando mais ainda as duas de seu peito. Ficou alguns minutos em silêncio, olhando cada uma das duas.
- Elas são perfeitas... - Sorriu pra mim.
- Lindas, não é? - Me apoiei na cama, perto dela e passei a mão pelo seu rosto.
- Qual vai ser o nome de cada uma?
- Você escolhe! - Sorri, apoiando um pouco o braço dela, ela ainda estava um pouco fraca.
Tinha a aparência de cansada, mas completamente radiante.
- Você vai se chamar Melissa. - Ela disse pra primeira.
- E você, Cecília! - Sorriu pra mim.
- Melissa nasceu antes que a Cecília! - Ri.
- Meu Deus! - Ela gargalhou. - Elas são idênticas!
- Amor, a gente tem que tomar cuidado pra não trocar elas! - Falei bem sério, mas ela riu.
- Eu sei... Você sabe onde estão as pulseiras na mala? - Perguntou séria pra mim. - Amor, não pode deixar aqui em qualquer lugar.
Tinhamos comprado pulseirinhas de ouro, com plaquinhas com os nomes delas.
- Desde que viemos pra cá elas estão aqui comigo! - Abri o zíper da jaqueta e peguei o saquinho.
- Vamos esperar pra colocar em casa. Os brincos também.
- E os registros?
- Pensei em registrar aqui. - Ela sorriu. - Peço pra enfermeira colocar uma pulseira nelas enquanto isso.
- Melhor.
Num instante elas começaram a chorar, uma, depois a outra. Me assustei um pouco e Natália riu, balançando elas. Depois de alguns segundos uma das enfermeiras entrou.
- Elas estão com fome! Está na hora de amamentar.
- Eu não sei fazer isso! - Natália riu.
- Eu te ajudo. - Minha mulher pensou um pouco e então olhou serena pra ela.
- Será que minha sogra pode me ajudar? - Olhou pra mim sorrindo. - Acho que ela vai gostar.
- Claro! - A enfermeira riu. - Avós amam isso!
- Eu vou chamar ela! - Sorri e saí atrás dela. Encontrei os três ainda na recepção e então sorri pra minha mãe.
- Natália está te convidando pra ajudar ela a dar mamá pras meninas! - Sorri.
- Oh, meu Deus, não acredito! - Ela riu e saiu me puxando pra voltar.
Expliquei no caminho pra ela que a enfermeira queria ajudar, mas Natália fez questão que fosse ela, que ficou toda boba e emocionada. Entramos no quarto e a moça já não estava mais.
- Amor, me dá a Melzinha aqui! - Pedi e ela riu e eu peguei.
- Já arrumou apelidos?
- Já! - Sorri.
Fiquei balançando ela enquanto minha mãe explicava pra ela. Sorri vendo a cena e então desviei meu olhar pra pequena no meu colo. Aproximei ela do rosto e beijei sua bochecha gordinha. Quando abaixei, olhei pra Natália. Ela ria com a minha mãe e fazia caretas, enquanto Cecí mamava descontroladamente. Uma cena linda, que me encantou profundamente. Ela fez uma careta de dor.
- Dói? - Perguntei, ainda admirado.
- Um pouco.
- Só nas primeiras vezes, logo para. - Minha mãe explicou. - Ela está com fome. - Rimos.
- Puxou o Luan... - Natália fez caretas e depois me mostrou a língua.
O choro de Melzinha aumentou e eu me assustei.
- Que foi, filha? - Ergui ela um pouco. - Tem que esperar a irmãzinha, amor.
Minha mãe e Natália me olhavam sorrindo.
- Não tem medo de pegar ela assim não, filho?
- Eu fiquei no começo, mas depois passou! - Sorri. - Eu sei que não vou derrubar ela...
- Seu pai demorou um dia pra pegar você... Sua irmã foi mais rápido! - Ela riu.
- Estou me saindo melhor que a encomenda, fala aí! - Debochei.
- Fora o surto do carro, está ótimo.
Minha mãe riu e Natália perguntou porquê. Me afastei com vergonha mas logo escutei as risadas das duas.
- Amarildo deu um grito com ele! - Elas riram.
- Como que eu não lembro disso, meu Deus?
- Mas pronto, estou pronto agora! - Fiz bico.
- Não tem como colocar pra dentro de volta, amor!
- Para de debochar de mim e se concentra na Cecíliazoca aí!
- Mas meu Deus! Amor, olha os apelidos seus!
- Me deixa chama elas assim... - Fiz bico. - Eu gostei.
- Pode chamar, ué! - Ela riu.
Depois de quase vinte minutos a pequena soltou o peito dela e ela se ajeitou de novo, dando ela pra minha mãe.
- Pronto, sua vez, gulosa! - Disse rindo pra Melzinha.
Troquei de bebês e começou tudo de novo.
Logo depois coloquei as duas na cama de Natália, tirei uma fotinho segurando um pézinho de cada, ela saiu do banheiro e percebemos que era quase hora do almoço.
- Precisa de ajuda?
- Não, está tudo bem. Quero tomar banho em casa.
Elas haviam nascido no começo da noite e passamos ela no hospital, mas já estavam de alta e podiam ir pra casa. Arrumamos elas com os presentes dos avós, roupinhas de saída de maternidade, todas chiques e logo pegamos tudo e fomos embora. As meninas já estavam registradas e então, ao tirar a pulseirinha do hospital, colocamos as nossas. Cada um pegou uma no colo e cobrimos o rosto delas. Eu tinha falado no twitter sobre o nascimento delas, mas combinei que ia esperar um pouco pra liberar alguma foto. Só um pouco, nada demais. Hoje mesmo postaria a foto dos pés com algumas palavras. E então caminhamos em direção a nossa vida, que parecia começar a partir dali.
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Fica (Luan Santana)
Fanfiction(CONCLUÍDA) Uma história de anos marcada de um lado pela falta de amor, e de outro pelo excesso dele. Natália e Luan são casados, mas a moça, apesar de amá-lo incondicionalmente, não recebe um tratamento a altura. Uma história marcada por marcas do...