61. A partir dali

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Se eu achava que o nascimento das meninas me emocionaria, eu mal sabia de nada até ver Natália com elas em seus braços. Quando ela acordou, como a mãe incrível que eu tinha certeza que iria ser, a primeira coisa que perguntou foi por elas. Depois de ter certeza que ela estava bem, chamei a enfermeira e pedi pelas meninas, dizendo que a mãe queria conhecer. Elas vieram, dizendo que meus pais ainda estavam com elas. Natália brilhou os olhos ao ver as duas entrarem e a primeira coisa que fiz foi ir ao encontro e pegar uma das meninas, em pé mesmo, sem medo. 

- Amor, cuidado, amor! Senta! - Natália teve um mini ataque ao ver e todos riram.

- Calma, já peguei elas. - Balancei a minha pequenina e sorri, indo até ela e colocando em seu colo. 

Quando a enfermeira colocou a outra, Natália se emocionou. Vi seus olhos brilharem de lágrimas e ela sorriu, aproximando mais ainda as duas de seu peito. Ficou alguns minutos em silêncio, olhando cada uma das duas. 

- Elas são perfeitas... - Sorriu pra mim. 

- Lindas, não é? - Me apoiei na cama, perto dela e passei a mão pelo seu rosto. 

- Qual vai ser o nome de cada uma?

- Você escolhe! - Sorri, apoiando um pouco o braço dela, ela ainda estava um pouco fraca. 

Tinha a aparência de cansada, mas completamente radiante. 

- Você vai se chamar Melissa. - Ela disse pra primeira. 

- E você, Cecília! - Sorriu pra mim. 

- Melissa nasceu antes que a Cecília! - Ri. 

- Meu Deus! - Ela gargalhou. - Elas são idênticas! 

- Amor, a gente tem que tomar cuidado pra não trocar elas! - Falei bem sério, mas ela riu. 

- Eu sei... Você sabe onde estão as pulseiras na mala? - Perguntou séria pra mim. - Amor, não pode deixar aqui em qualquer lugar. 

Tinhamos comprado pulseirinhas de ouro, com plaquinhas com os nomes delas. 

- Desde que viemos pra cá elas estão aqui comigo! - Abri o zíper da jaqueta e peguei o saquinho. 

- Vamos esperar pra colocar em casa. Os brincos também. 

- E os registros? 

- Pensei em registrar aqui. - Ela sorriu. - Peço pra enfermeira colocar uma pulseira nelas enquanto isso.

- Melhor. 

Num instante elas começaram a chorar, uma, depois a outra. Me assustei um pouco e Natália riu, balançando elas. Depois de alguns segundos uma das enfermeiras entrou. 

- Elas estão com fome! Está na hora de amamentar. 

- Eu não sei fazer isso! - Natália riu. 

- Eu te ajudo. - Minha mulher pensou um pouco e então olhou serena pra ela. 

- Será que minha sogra pode me ajudar? - Olhou pra mim sorrindo. - Acho que ela vai gostar. 

- Claro! - A enfermeira riu. - Avós amam isso! 

- Eu vou chamar ela! - Sorri e saí atrás dela. Encontrei os três ainda na recepção e então sorri pra minha mãe.

- Natália está te convidando pra ajudar ela a dar mamá pras meninas! - Sorri. 

- Oh, meu Deus, não acredito! - Ela riu e saiu me puxando pra voltar. 

Expliquei no caminho pra ela que a enfermeira queria ajudar, mas Natália fez questão que fosse ela, que ficou toda boba e emocionada. Entramos no quarto e a moça já não estava mais. 

- Amor, me dá a Melzinha aqui! - Pedi e ela riu e eu peguei. 

- Já arrumou apelidos? 

- Já! - Sorri. 

Fiquei balançando ela enquanto minha mãe explicava pra ela. Sorri vendo a cena e então desviei meu olhar pra pequena no meu colo. Aproximei ela do rosto e beijei sua bochecha gordinha. Quando abaixei, olhei pra Natália. Ela ria com a minha mãe e fazia caretas, enquanto Cecí mamava descontroladamente. Uma cena linda, que me encantou profundamente. Ela fez uma careta de dor. 

- Dói? - Perguntei, ainda admirado. 

- Um pouco. 

- Só nas primeiras vezes, logo para. - Minha mãe explicou. - Ela está com fome. - Rimos. 

- Puxou o Luan... - Natália fez caretas e depois me mostrou a língua. 

O choro de Melzinha aumentou e eu me assustei. 

- Que foi, filha? - Ergui ela um pouco. - Tem que esperar a irmãzinha, amor. 

Minha mãe e Natália me olhavam sorrindo. 

- Não tem medo de pegar ela assim não, filho? 

- Eu fiquei no começo, mas depois passou! - Sorri. - Eu sei que não vou derrubar ela... 

- Seu pai demorou um dia pra pegar você... Sua irmã foi mais rápido! - Ela riu. 

- Estou me saindo melhor que a encomenda, fala aí! - Debochei. 

- Fora o surto do carro, está ótimo. 

Minha mãe riu e Natália perguntou porquê. Me afastei com vergonha mas logo escutei as risadas das duas. 

- Amarildo deu um grito com ele! - Elas riram. 

- Como que eu não lembro disso, meu Deus? 

- Mas pronto, estou pronto agora! - Fiz bico. 

- Não tem como colocar pra dentro de volta, amor! 

- Para de debochar de mim e se concentra na Cecíliazoca aí! 

- Mas meu Deus! Amor, olha os apelidos seus! 

- Me deixa chama elas assim... - Fiz bico. - Eu gostei. 

- Pode chamar, ué! - Ela riu. 

Depois de quase vinte minutos a pequena soltou o peito dela e ela se ajeitou de novo, dando ela pra minha mãe. 

- Pronto, sua vez, gulosa! - Disse rindo pra Melzinha. 

Troquei de bebês e começou tudo de novo.

Logo depois coloquei as duas na cama de Natália, tirei uma fotinho segurando um pézinho de cada, ela saiu do banheiro e percebemos que era quase hora do almoço. 

- Precisa de ajuda? 

- Não, está tudo bem. Quero tomar banho em casa. 

Elas haviam nascido no começo da noite e passamos ela no hospital, mas já estavam de alta e podiam ir pra casa. Arrumamos elas com os presentes dos avós, roupinhas de saída de maternidade, todas chiques e logo pegamos tudo e fomos embora. As meninas já estavam registradas e então, ao tirar a pulseirinha do hospital, colocamos as nossas. Cada um pegou uma no colo e cobrimos o rosto delas. Eu tinha falado no twitter sobre o nascimento delas, mas combinei que ia esperar um pouco pra liberar alguma foto. Só um pouco, nada demais. Hoje mesmo postaria a foto dos pés com algumas palavras. E então caminhamos em direção a nossa vida, que parecia começar a partir dali

Fica (Luan Santana)Onde histórias criam vida. Descubra agora