Eu precisava do telefone da boate e não tinha, acabei fazendo uma maratona até achar ele com o amigo que contratou a Natália pra despedida de solteiro. Eu precisava falar pelo telefone, caso contrário, Rodrigo não ia deixar eu fazer o que queria. Dei o nome de Rafael, e fiz meu pedido. Queria contratar Natália pra dançar só pra mim. O cara não quis de início, mas depois pediu pra falar com Rodrigo e depois de alguns minutos retornou com a resposta positiva do nojento do dono do lugar.
- Tudo bem, então segunda-feira depois que ela dançar na boate, seu nome é Rafael, não é? - Ele marcava num papel.
- Isso! Mas não quero depois da boate não, quero que ela dance só pra mim na segunda.
- Não sei... - Ele foi relutante. - Vai dar prejuízo pro Rodrigo.
- Mande Rodrigo dar o preço dele então!
Ele saiu e voltou depois de alguns minutos, com um valor abaixo do que eu esperava até, logo mandei confirmar. Estava ansioso demais e mal podia esperar voltar pra casa na madrugada do domingo, o que me ajudaria a dormir muito antes da hora de estar na boate. Passei a tarde com a minha mãe na piscina, já que Bruna estava trabalhando no Rio e meu pai estava no escritório. Ela me perguntou por Natália, eu disse que estávamos bem, indo pouco a pouco. Me arrumei umas 15 vezes e saí quase atrasado, colocando numa sacola umas coisas que eu havia comprado durante a tarde. Quando cheguei na recepção, Rodrigo já veio me perguntando o que eu estava fazendo alí. Quando falei da dança, ele ficou bravo e disse que o funcionário tinha lhe dado outro nome. Ele quis me barrar, dizendo que não era pra mim que estava reservado, mas mostrei meu RG com o segundo nome de Rafael e ele entrou de volta pra boate bravo. O cara me passou algumas regras e depois me levou até um quarto, onde dizia que ela estava me esperando. Mal podia imaginar a cara de surpresa dela.
Queria ter gravado a cara que ela fez quando ele bateu na porta e ela deu de cara comigo.
- Luan?
- Oi. - Sorri. Percebi que ela ficou nervosa e depois de algumas palavras do cara, me deu passagem e fechou a porta.
Natália me ofereceu a cama e eu sentei, observando ela seguir até o lado e mexer num rádio, sem me olhar ou falar comigo. Estava esperando uma atitude dela, pra poder agir, mas ela parou de mexer no rádio e desamarrou o roupão que cobria seu corpo e deixou a mostra um conjunto de lingerie vermelho. Estava linda, aquilo lhe ficava muito bem, mas não era minha intenção.
Me levantei e me aproximei devagar enquanto ela voltou a procurar uma música, então coloquei minha mão sobre seu ombro e ela se assustou, virando o rosto pra mim nervosa.
- O que você está fazendo? - Acariciei seu cabelo.
- Estou procurando a música, é rápido.
- Pra que?
- Pra dançar, ué, você me contratou pra quê, Luan? - Ela foi seca comigo.
- Não, Natália, eu não quero que você dance. - Estendi a mão e peguei o roupão, abrindo ele pelas costas dela e pedindo pra colocar as mãos.
- Não entendo...
- Por favor? - Aproximei o roupão dela e ajudei a colocar, o que ela fez e se virou pra mim, tirando a máscara.
- Você pagou caro pra isso.
- Você acha mesmo que ia te pedir pra dançar?
- Por que veio aqui então?
- Eu venho aqui sempre!
- Você me entendeu...
- Olha... - Desviei o olhar dela e fui até a cama, pegando minha sacola. - Eu trouxe isso pra gente comer enquanto conversa! - Dei meu melhor sorriso e ela se amoleceu rindo. - Acho que já jantou, né, então preferi uma sobremesa!
- Eles ainda fazem esse bolo! - Ri.
- Achei que estava com saudades!
- Muito! - Ela veio na minha direção pegando o bolo e os garfos e subiu na cama me chamando enquanto batia a mão do seu lado.
Fiz o mesmo caminho que ela e peguei o garfo que ela me estendeu enquanto dividíamos o bolo.
- Tinha me esquecido de como isso é bom! - Ela riu com a boca cheia.
- Eu como sempre...
- Mas você prefere o outro.
- Esse me lembra a tarde que estivemos na padaria porque você queria comer... - Sorri dando de ombros e ela ficou sem graça, mas sorriu também.
Comemos enquanto eu contava algumas coisas da semana e ela falava rindo de um cara que tinha agarrado ela na sexta. Eu não achei graça, mas ela disse que ele levou uma surra do segurança e que estava descontado. Falava naturalmente e despreocupada.
- Aqui que é seu quarto? - Olhei pro local bem arrumado, mas típico de uma casa de prostituição.
- Não, é um dos quartos das meninas. - Ela deu de ombro. - Você é louco, me pagou pra gente comer.
- Estava com saudade de você!
Assim que ela terminou o bolo que comeu quase sozinha, colocou ele ao lado do rádio e voltou pra cama. A gente se encostou nos travesseiros no encosto e comecei a contar piadas.
- Escutei uma incrível ontem!
- Conta! - Ela bateu no meu braço.
- Qual é a melhor maneira de magoar alguém com palavras?
- Não sei. - Ela fez uma cara pensativa linda.
- Batendo nela com um dicionário.
Natália começou a gargalhar. Ela sempre achava essas piadas super engraçadas e ria lindamente. Me distraí com o som daquilo e olhei sorrindo pra ela.
- O que foi? - Ela perguntou ainda rindo.
- Estava com saudade de te ouvir rir.
Ela parou e ficou me olhando sorrindo, enquanto eu fiz o mesmo. Podia sentir a tensão entre a gente. A saudade transbordava no ar, junto com nossos olhares apaixonados. Aproximei nossos rostos e foi super natural tocar os meus lábios no dela. Segurei apertado seu rosto entre as mãos, como um pedido pra ela nunca mais sair dos meus braços. Ela abriu a boca me dando passagem e então eu parecia estar nas nuvens quando senti seu gosto e suas mãos no meu pescoço. Era um beijo quente e intenso, mas calmo e cheio de sentimentos e saudades.
Naquele momento não tinha mais dúvidas: Natália me amava.
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Fica (Luan Santana)
Fanfiction(CONCLUÍDA) Uma história de anos marcada de um lado pela falta de amor, e de outro pelo excesso dele. Natália e Luan são casados, mas a moça, apesar de amá-lo incondicionalmente, não recebe um tratamento a altura. Uma história marcada por marcas do...