46. Não tinha mais dúvidas

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Eu precisava do telefone da boate e não tinha, acabei fazendo uma maratona até achar ele com o amigo que contratou a Natália pra despedida de solteiro. Eu precisava falar pelo telefone, caso contrário, Rodrigo não ia deixar eu fazer o que queria. Dei o nome de Rafael, e fiz meu pedido. Queria contratar Natália pra dançar só pra mim. O cara não quis de início, mas depois pediu pra falar com Rodrigo e depois de alguns minutos retornou com a resposta positiva do nojento do dono do lugar.

- Tudo bem, então segunda-feira depois que ela dançar na boate, seu nome é Rafael, não é? - Ele marcava num papel. 

- Isso! Mas não quero depois da boate não, quero que ela dance só pra mim na segunda. 

- Não sei... - Ele foi relutante. - Vai dar prejuízo pro Rodrigo. 

- Mande Rodrigo dar o preço dele então!

Ele saiu e voltou depois de alguns minutos, com um valor abaixo do que eu esperava até, logo mandei confirmar. Estava ansioso demais e mal podia esperar voltar pra casa na madrugada do domingo, o que me ajudaria a dormir muito antes da hora de estar na boate. Passei a tarde com a minha mãe na piscina, já que Bruna estava trabalhando no Rio e meu pai estava no escritório. Ela me perguntou por Natália, eu disse que estávamos bem, indo pouco a pouco. Me arrumei umas 15 vezes e saí quase atrasado, colocando numa sacola umas coisas que eu havia comprado durante a tarde. Quando cheguei na recepção, Rodrigo já veio me perguntando o que eu estava fazendo alí. Quando falei da dança, ele ficou bravo e disse que o funcionário tinha lhe dado outro nome. Ele quis me barrar, dizendo que não era pra mim que estava reservado, mas mostrei meu RG com o segundo nome de Rafael e ele entrou de volta pra boate bravo. O cara me passou algumas regras e depois me levou até um quarto, onde dizia que ela estava me esperando. Mal podia imaginar a cara de surpresa dela. 

Queria ter gravado a cara que ela fez quando ele bateu na porta e ela deu de cara comigo. 

- Luan? 

- Oi. - Sorri. Percebi que ela ficou nervosa e depois de algumas palavras do cara, me deu passagem e fechou a porta. 

Natália me ofereceu a cama e eu sentei, observando ela seguir até o lado e mexer num rádio, sem me olhar ou falar comigo. Estava esperando uma atitude dela, pra poder agir, mas ela parou de mexer no rádio e desamarrou o roupão que cobria seu corpo e deixou a mostra um conjunto de lingerie vermelho. Estava linda, aquilo lhe ficava muito bem, mas não era minha intenção. 

Me levantei e me aproximei devagar enquanto ela voltou a procurar uma música, então coloquei minha mão sobre seu ombro e ela se assustou, virando o rosto pra mim nervosa. 

- O que você está fazendo? - Acariciei seu cabelo. 

- Estou procurando a música, é rápido.

- Pra que? 

- Pra dançar, ué, você me contratou pra quê, Luan? - Ela foi seca comigo.

- Não, Natália, eu não quero que você dance. - Estendi a mão e peguei o roupão, abrindo ele pelas costas dela e pedindo pra colocar as mãos. 

- Não entendo... 

- Por favor? - Aproximei o roupão dela e ajudei a colocar, o que ela fez e se virou pra mim, tirando a máscara. 

- Você pagou caro pra isso. 

- Você acha mesmo que ia te pedir pra dançar? 

- Por que veio aqui então?

- Eu venho aqui sempre! 

- Você me entendeu... 

- Olha... - Desviei o olhar dela e fui até a cama, pegando minha sacola. - Eu trouxe isso pra gente comer enquanto conversa! - Dei meu melhor sorriso e ela se amoleceu rindo. - Acho que já jantou, né, então preferi uma sobremesa!

- Eles ainda fazem esse bolo! - Ri. 

- Achei que estava com saudades! 

- Muito! - Ela veio na minha direção pegando o bolo e os garfos e subiu na cama me chamando enquanto batia a mão do seu lado. 

Fiz o mesmo caminho que ela e peguei o garfo que ela me estendeu enquanto dividíamos o bolo.

- Tinha me esquecido de como isso é bom! - Ela riu com a boca cheia. 

- Eu como sempre... 

- Mas você prefere o outro. 

- Esse me lembra a tarde que estivemos na padaria porque você queria comer... - Sorri dando de ombros e ela ficou sem graça, mas sorriu também. 

Comemos enquanto eu contava algumas coisas da semana e ela falava rindo de um cara que tinha agarrado ela na sexta. Eu não achei graça, mas ela disse que ele levou uma surra do segurança e que estava descontado. Falava naturalmente e despreocupada. 

- Aqui que é seu quarto? - Olhei pro local bem arrumado, mas típico de uma casa de prostituição.

- Não, é um dos quartos das meninas. - Ela deu de ombro. - Você é louco, me pagou pra gente comer. 

- Estava com saudade de você! 

Assim que ela terminou o bolo que comeu quase sozinha, colocou ele ao lado do rádio e voltou pra cama. A gente se encostou nos travesseiros no encosto e comecei a contar piadas. 

- Escutei uma incrível ontem! 

- Conta! - Ela bateu no meu braço. 

- Qual é a melhor maneira de magoar alguém com palavras?

- Não sei. - Ela fez uma cara pensativa linda. 

- Batendo nela com um dicionário.

Natália começou a gargalhar. Ela sempre achava essas piadas super engraçadas e ria lindamente. Me distraí com o som daquilo e olhei sorrindo pra ela. 

- O que foi? - Ela perguntou ainda rindo. 

- Estava com saudade de te ouvir rir.

Ela parou e ficou me olhando sorrindo, enquanto eu fiz o mesmo. Podia sentir a tensão entre a gente. A saudade transbordava no ar, junto com nossos olhares apaixonados. Aproximei nossos rostos e foi super natural tocar os meus lábios no dela. Segurei apertado seu rosto entre as mãos, como um pedido pra ela nunca mais sair dos meus braços. Ela abriu a boca me dando passagem e então eu parecia estar nas nuvens quando senti seu gosto e suas mãos no meu pescoço. Era um beijo quente e intenso, mas calmo e cheio de sentimentos e saudades. 

Naquele momento não tinha mais dúvidas: Natália me amava.

Fica (Luan Santana)Onde histórias criam vida. Descubra agora