3. Me senti culpado

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Luan estava conversando com uma mulher muito bonita, cheia de sorrisos, e bem próximo por sinal. Meus olhos encheram de lágrimas, aquilo me entristecia muito, mas eu não conseguia deixá-lo. Eu realmente acreditava todos os dias que ele podia ser um bom marido. Resolvi me aproximar e interromper a conversa.

- Natália? - Ele questionou quando me viu.

- Eu quero ir embora.

- Tudo bem. - Ele disse assustado e pegou na minha mão. - Me dá licença viu Bia? - Se dirigiu a moça e saiu me puxando pela sala.

Paramos num corredor e ele começou.

- O que foi? Por que quer ir embora agora?

- Não estou me sentindo bem.

- A gente chegou faz pouco tempo.

- Tempo suficiente pra você me deixar sozinha, ficar de papinho com uma mulher, e eu não conheço ninguém e tem um homem lá em baixo dando em cima de mim. - Rosnei.

- Não faz a linha ciumenta que não combina com você. - Ele me olhava sério.

- Eu quero ir embora. - Não entendia, eu morria de ciúmes dele.

- Nem cantaram parabéns. Não podemos ir agora por capricho seu.

- Então fica comigo!

- Não posso nem me divertir com meu amigos?

- Então por que me trouxe? - Fui grossa.

- Por que você é minha mulher, tem que me acompanhar.

- Então manda aquele homem parar por favor, por que parece que ele não entendeu que sou sua mulher.

- Não vou arrumar briga por sua causa Natália. Fica ao meu lado, quieta e pronto, não quero mais saber de bico. - Ele foi autoritário. - E muda essa cara pra pelo menos pensarem que você está gostando da festa.

Ele saiu me puxando pela mão e saímos pra fora de novo. Dessa vez ele sentou numa mesa, a mesma que estava o homem inconveniente e me botou do lado dele. Ficou a noite toda bebendo e rindo com eles, enquanto fiquei quieta na minha observando tudo e relevando os olhares sem qualquer respeito do homem.

Graças a Deus logo depois do parabéns, que ainda assim foi tarde, convenci Luan a ir pra casa. Ele ainda estava sóbrio, e dirigiu em silêncio.

Durante o caminho eu admirava ele. Lindo, aquele homem era minha vida. Os olhos, o sorriso, a boca da qual eu não sentia muito o sabor e tinha saudades, o cabelo perfeitamente alinhado e o olhar concentrado. Só Deus sabe o quanto sentia sua falta. De todos os modos. Sentia falta de seus carinhos, beijos, palavras carinhosas, dos sorrisos dirigidos a mim, das nossas noites de amor também, todos esses igualmente raros. Quando ele estacionou eu ainda o olhava. Me aproximei aos poucos e ele me olhou.

- O que foi? - Perguntou.

- Nada, eu só quero uma coisa.

- O que?

- Isso.

Botei minhas mãos em sua nuca e o trouxe mais pra perto de mim, colando nosso lábios e pedindo passagem pra explorar sua boca. Luan não recuou, pelo contrário, retribuiu e levou suas mãos a minha cintura, me puxando pro seu colo. Mas quando ficamos sem fôlego, me afastei e o olhei nos olhos antes de sair do carro. Assim que pensei dentro de casa as lágrimas caíram. Se não tivesse tão chateada pela festa, eu teria passado a noite ao seu lado, mas não me permiti. Não esperei por ele, só entrei pro banho e quando sai, suas roupas estavam no chão, mas Luan não estava no quarto. Me troquei e deitei. Não demorei a adormecer.

POV Luan.

Me senti surpreendido com a atitude da Natália. Fiquei uns minutos inerte, mas resolvi ir atrás dela depois. Quando entrei no quarto ouvi o barulho do chuveiro ligado, pensei em espera-lá, mas eu me senti culpado. Não era um bom marido, tratava ela muito mal, e a consciência as vezes pesava pela noite em que ela perdeu nosso filho, ou na verdade, por tudo. Então, enquanto me trocava, resolvi sair de fininho e ir pro meu estúdio. Fiquei ali olhando tudo por alguns minutos, até ficar inquieto e resolvi voltar pro quarto, falar com Natália, pedir desculpas pela péssima noite que ela teve, mas a encontrei dormindo. Me senti decepcionado, com peso na consciência, ela também não tinha culpa de ter engravidado e de termos que casar. Mas ainda sim descontava nela. Bateu o medo de ficarem sabendo sobre o que eu mais temia que fosse descoberto. Anotei mentalmente de ligar pro Dudu na manhã seguinte. Velei seu sono a noite toda, mas acabei dormindo ao amanhecer sem saber o que mais fazer pra mudar minha vida.

Fica (Luan Santana)Onde histórias criam vida. Descubra agora