Fica (Luan Santana)

20. Culpa

POV Natália.

Luan demorou pra acordar, me assustando um pouco, mas não mexi nele. Tomei café e fui dar uma volta pelo hotel, e quando voltei ele ainda dormia. Na hora do almoço, resolvi chamar ele. Ele acordou meio sonolento, dizendo que não estava se sentindo muito bem. Comeu e voltou a dormir. Sem ter o que fazer, passei a tarde na piscina e em seguida voltei pro quarto, encontrando ele já de banho tomado. 

- Bom dia, meu amor. - Selei seus lábios. 

- Bom dia, amor. 

- Está melhor?

- Sim, tô um pouco cansado ainda, mas tá tudo bem. - Ele começou a mexer na mala e então eu peguei uma blusa que amava dele e lhe entreguei. - Obrigado. 

- Que horas vamos? 

- Daqui uma hora, amor. Ia te chamar agora. 

- Vou tomar banho. 

Entrei no banho e logo estava pronta. Saímos no horário marcado rumo a mais um show. 

No caminho, só estava eu e Luan pro fundo. Ele olhava pela janela, pensativo, com o pensamento longe. Passei a mão por seus ombros e mesmo assim ele não me olhou. 

- O que houve?

Luan se assustou e se virou pra mim enfim. 

- Nada, por que? 

- Pensativo, distante. Sabe que pode contar comigo, não sabe? 

- Sei, claro que sei. - Ele abaixou o rosto. 

- Então por que não me diz o que está acontecendo?

- Culpa. 

- Culpa? - Levantei a sobrancelha para ele sem entender. 

Luan suspirou e pegou em minha mão. 

- Natália, só Deus sabe como me sinto culpado por você ter perdido o bebê aquele dia. Eu devia estar lá. 

- Você estava trabalhando! - Defendi. 

Ele me olhou e suspirou novamente. 

- Sim! Mas mesmo assim, era alí que eu devia estar. - Peguei seu rosto com a mão. 

- Tudo nessa vida tem um propósito. É claro que eu sofro, mas a gente não pode ficar pensando no que poderia ter sido feito. 

- Mas se eu tivesse alí... 

- Tudo seria diferente, sim. Mas você não pode se culpar. A culpa não foi sua. Se você estivesse numa festa, aí sim eu ia te matar, mas estava no VIP e isso é de grande importância. É seu trabalho, meu amor. 

- Era nosso filho. - Seu olhar era totalmente vulnerável. 

- Sim, concordo. Mas foi uma fatalidade, que a gente não esperava e naquele momento você não estava comigo pra me socorrer por conta do trabalho. Não foi sua culpa. Seria se tivesse sido irresponsável, estivesse fora de casa por outro motivo. Aí sim eu culparia. Mas dessa forma, não. 

Ele se calou e vi que estava chorando. 

- Luan, não chora! - Me preocupei.

- Me desculpa. - Ele se levantou e me abraçou forte.

- Amor, não tem porquê... Olha pra mim. - Ele me olhou e eu sorri. - Sabia que estou muito feliz? 

- Muito mesmo? - Ele sorriu. 

- Muito. 

Seu sorriso fechou e ele acariciou meu rosto. 

- A gente ainda vai ter outro bebê. 

- Eu sei que sim. Mas dessa vez vamos programar certinho! - Gargalhei. 

- Mas as melhores coisas são as surpresas da vida, rapaz! - Ele riu e depois ficou sério. - Eu prometo. 

- Eu acredito. 

- Eu te amo, Natália.

- Eu te amo, Luan. 

Não demorou pra voltarmos pra casa, mas Luan ficou pouco. Logo teve que gravar alguns programas no Rio de Janeiro e teria dois shows no Nordeste. Seria uma semana agitada e eu preferi ficar em casa e preparar algumas coisas pra festa de aniversário dele dali uns dois meses. 

POV Luan. 

Estava um pouco abalado. A culpa estava pesando mais que o normal e tudo que eu queria era falar tudo pra Natália. Mas não podia, porque eu sabia que ia perder ela. Me apoiei na semana de compromissos lotada e me distraí muito. 

Estava em meu quarto sozinho numa madrugada no Nordeste e pensava em Natália. Uma inspiração enorme surgiu e eu acabei fazendo uma música incrível pra ela. Mal esperava a hora de gravar e mostrar pra ela.