88. O toque não era o mesmo

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Chegamos em casa com as meninas no pique, contando muitas coisas sobre a viagem e eu dando atenção enquanto olhava o trânsito. Natália abriu a porta e eu levei algumas malas enquanto as meninas se jogavam no sofá e falavam sem parar. Natália voltou a me ajudar com as malas e por fim fechei o carro e entrei com elas. 

- Nossa, mas o que tanto vocês trouxeram, meu Deus! - Reclamei. - Fizeram a festa, né! 

- Tem presente pra você, chatinho! - Natália mostrou a língua. - Amanhã a gente mexe, vamos tomar banho e ir na casa dos seus avós! 

- Não, vamos amanhã, quero ficar aqui com vocês! - Reclamei abraçando as meninas e meio que subindo em cima delas, que reclamaram que "papai estava esmagando".

Natália mandou elas tomarem banho e foi também tomar. Decidi ajudar as meninas e peguei uma roupinha de dormir pra elas e pedi uma pizza, depois ajudei elas a se trocarem e descemos, encontrando Natália já mais a vontade com um pijama curtinho e me encheu os olhos. Descemos e ela resolveu abrir a mala e pegar os presentes dos meus pais para dormir até tarde no dia seguinte. As meninas ficaram loucas me mostrando um monte de brinquedos e coisinhas que tinham comprado. Natália me deu um monte de roupas, sabia bem meu gosto, e amei todas. Mas o principal foi quando ela abriu uma mala cheia de coisas embaladas e tirou dela uma caixinha com um sorriso enorme. 

- O que é isso? 

- Pra você! - Sorriu. 

Era uma coleção do Elvis que eu estava procurando pra comprar há um tempo, e estava louco por ela. 

- Obrigado, amor! - Dei um selinho nela abrindo um sorriso. - Muito difícil de achar?

- Um pouco, mas eu sabia que ia gostar!

Demos uma pausa pra comer a pizza e depois ela separou as coisas dos meus pais e depois ajudei ela a arrumar as coisas e quando vimos, as meninas dormiam no sofá. Levei elas pra cama e quando voltei a sala, Natália estava fechando a última mala vazia. 

- Pronto! - Ela sorriu. 

- Está cansadinha? - Acariciei seus braços a abraçando por trás. 

- Muito, me leva pra cama? - Ela mal terminou de falar rindo quando deu um grito de susto. 

Surpreendi ela, pegando no colo e rindo. 

- Eu estava brincando! - Ela riu. 

- Mas vou levar minha boneca pra cama, ué! - Sorri. 

- Vai me derrubar, Luan! - Ela riu e grudou no meu pescoço. 

- Quanta confiança! - Ri. 

Coloquei ela sobre nossa cama e me deitei ao lado, grudando meu corpo no dela e passando um braço sobre sua cintura.

- Estava com tantas saudades. - Olhei em seus olhos e acariciei seu rosto. - Eu já sabia, mas agora eu tenho ainda mais certeza que não vivo sem você. Você é minha vida, Natália. Você e nossas meninas. 

Ela abriu um sorriso lindo e me apertou forte em seus braços. 

- Você nem imagina o quanto que eu me senti sozinha sem você. Você é meu porto seguro. 

Começamos a conversar um pouco e enquanto eu contava algumas coisas que aconteceram pela estrada ela parou de responder e eu vi que tinha dormido. Não costumava dormir cedo dessa forma, mas me sentia tão em paz agora e não demorei a acompanhar minha princesa. 

Acordei com um barulhinho e quando abri os olhos encontrei Natália e as meninas rindo baixinho na cama. 

- Acordou, papai? 

- Oh, minhas lindas... - Dei um beijo em cada uma das três. 

Ficamos um pouco na cama e logo em seguida levantamos e nos arrumamos pra ir até a casa da minha mãe. Cheguei entrando enquanto Natália pegava as coisas no carro e dei de cara com Taís sozinha na sala, foi então que me dei conta que não tinha falado com Natália. 

- Voltou, é, lindinho? - Ela me olhou sorrindo mas logo desviou a atenção pra porta, onde Mel entrou correndo seguida da irmã. 

- Filhas! - Ia pedir pra elas pararem, mas assim que avistaram Taís recuaram pra perto de mim. 

- E não é que enfim vou conhecer essas duas lindas! - Ela levantou sorrindo e veio na minha direção, se agachando e cumprimentando as gêmeas, que responderam com educação. 

- Essa é a Taís, ela cuida do vovô. - Disse meio sério pras meninas e me virei quando ouvi a voz da Natália.

- Amor, não estou conseguindo fechar o porta malas! - Ela disse chegando na porta e depois parou nos olhando. - Oi. - Sorriu pra Taís. 

- Natália, essa é a Taís. A enfermeira do meu pai. - Disse pegando na mão dela, temendo futuros problemas. 

- É um prazer, Taís. - Ela estendeu a mão pra ela. - Como está indo Amarildo? 

- Muito bem! - Ela sorriu pra minha esposa enquanto eu continuei com cara de bosta. - Ele está se recuperando rápido. 

- Minhas lindas! - Minha mãe gritou da escada e as meninas foram ao encontro dela, então me senti a vontade pra sair e fechar o porta malas, mas na verdade queria mesmo era respirar um ar puro. 

Quando voltei pra dentro, Taís já havia subido com as meninas e só estava minha mãe e Natália. Elas conversavam animadas e minha mãe abriu o presente e ficou mega empolgada com ele. Fiquei com elas enquanto as meninas davam carinho ao avô e depois subi com Natália pra ela ver ele. Almoçamos em família, tudo bem que com a praguinha da Taís junto, mas mesmo assim foi bom, porque ela estava no canto dela. Eu sabia que quando Natália voltasse, a postura dela mudaria. 

Depois do almoço eu fiquei mais tenso e me afastei mais. A audiência estava acontecendo, meu advogado mantinha contato comigo por mensagem. Eu não quis lembrar Natália, então fiquei mais afastado. Estávamos indo bem, e eu rezava pra dar certo quando fui surpreendido por mãos pequenas me abraçando pelas costas. Por alguns segundos, distraído, achei ser Natália, mas logo percebi que o toque não era o mesmo. Me virei bravo e quando ia gritar com ela percebi que não podia fazer isso. 

- O que você quer agora? 

- Quer mesmo saber? - Ela mordeu a boca. 

- Quero que fique longe de mim, já te disse. Natália está aqui, minhas filhas, me respeita, Taís! - Ameacei segurando seu braço. 

- Eu sei, e assim é mais emocionante! 

- Está brincando com a minha cara, não é? 

- Claro que não, não tenho ciúmes! 

- Mas com ou sem ciúmes, eu não te quero! Se toca, meu Deus, e me deixa em paz!

Soltei o braço dela com pressa quando ouvi a voz da minha mulher a minha procura. 

- Aí está você! - Ela veio sorrindo. - Tudo bem? 

- Taís queria contar dos progressos do meu pai, logo não precisaremos mais dela! - Sorri falsamente. 

- Claro, me deem licença.

Assim que ela saiu rebolando, Natália foi logo me acusando. 

- Isso é jeito de falar com a moça? 

- Não disse nada demais. - Dei de ombros.

- Não tinha ninguém mais bonita, Luan? - Ela me olhou séria erguendo a sobrancelha. 

- Eu nem vi, ok? Só conheci quando ela chegou aí. - Me defendi. 

- Bom mesmo, eu tô de olho, viu? - Ela disse me olhando com ameaça. 

- Pode ficar, eu nem cheguei perto dela, ciumentinha! - Ri tentando parecer natural, mas a verdade é que eu sabia que precisava dar um jeito de sumir com essa moça daqui de casa. 

Fica (Luan Santana)Onde histórias criam vida. Descubra agora