63. Nervosa e calada

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Acordei antes de Natália, mas já era quase de manhã. Liguei pra uma agência de Florianópolis e combinei um aluguel de um carro, que ficaria a minha disposição já no aeroporto. Combinei com o piloto de sair de Londrina logo depois do almoço. Ainda precisava conversar com Natália, não tinha contado pra ela, pra não ficar ansiosa e não dormir. As meninas mamavam demais e ela ficava muito cansada, já tinha que acordar no meio da noite, então pelo menos que descansasse o tempo que lhe restava. Fiquei bebendo um pouco com meu pai, enquanto ele preparava um churrasco. Era quase onze horas quando Natália apareceu, com carinha de sono, mas um sorriso grande e as duas meninas em seu colo. Corri até ela, pegando uma das duas, dei a olhada básica na pulseira e descobri que era Cecíliazinha. 

- Amor, não fica descendo escadas assim com as duas, nem gosto que pegue as duas juntas. 

- Está tudo bem, fala pro papai, Mel! - Ela sorriu mexendo com a mãozinha da Melzinha na minha direção. 

- Que mão gostosa, vou morder! - Fiz menção de morder, mas a pequena puxou, me olhando assustada.

Rimos e então voltamos pra mesa, onde comemos com elas no colo e meus pais paparicando. 

- Acordou tarde... - Beijei o rosto da minha princesa, quando só estávamos nós dois. 

- Elas demoraram pra chorar. - Ela riu. - Mas já estava acordada faz quase uma hora. Dei o peito pra elas e depois tomei um banho. 

- A lá, Cecí, pra vocês ela dá, né? - Disse rindo e brincando com sua mão. 

- Luan! - Ela me bateu indignada e depois riu, negando com a cabeça.

- Tô mentindo? - Perguntei rindo.

Minha mãe voltou olhando sem entender pra nós e eu caí na gargalhada. 

- O que foi, hein?

- Seu filho não tem jeito, Mari!

- Mas eu não disse nada demais! - Me defendi. 

- Está bem, né? Pronto, acabou o assunto! - Ela falou fingindo estar brava e comendo a salada que minha mãe trouxe. 

- Que graça tem comer isso? 

- Tenho que me alimentar bem, amor!

- O leite, filho! - Minha mãe riu, comendo com ela. 

- Ah, verdade, pode comer tudo então. 

Elas riram de mim enquanto voltei a brincar com as meninas, mas logo olhei pra ela.

- Desfez as malas?

- Não. 

- Então... Daqui a pouco pegamos o avião pra Floripa. - Ela me olhou e sorriu.

- Sério mesmo?

- Sério! Mas se ficar nervosa e não me obedecer, aconteça o que acontecer, nunca mais faço nada das suas vontades! - Olhei sério, mas ela sabia que eu não estava falando sério. É claro que eu faria qualquer coisa pra ela.

- Vai ficar tudo bem, amor! - Ela sorriu me puxando e me deu um selinho. 

Assim que pousamos em Florianópolis, Natália olhava encantada pra fora.

- Que saudade! - Sorriu pra mim. 

Enquanto ela ficou no avião com as meninas, eu peguei as cadeirinhas e fui com o locador até o carro, ajeitei tudo e guardei as malas. Voltei pra pegar as três princesas, e logo estávamos hospedados no hotel. Um lugar lindo, de frente pra praia, que Natália fez questão de mal chegar e ir colocar os pés na areia. Levou Cecízinha enquanto eu fui atrás dela com a Melzoca. Por causa da brisa, Natália cobriu as duas com mantas, pra proteger. Elas ainda eram pequenas pra estar alí e mal haviam saído de casa. 

- Esse mar, não tem igual em lugar algum!

- É lindo mesmo... - Sorri pra ela. 

Ficamos um pouco alí e depois voltamos pro quarto. Montei os berços enquanto elas mamavam e depois dormiram. Aproveitamos pra descansar um pouco, tomar um banho e antes de sair, jantamos. Natália disse que seu pai costumava chegar pelas 19h00 e já se passava disso. Resolvemos então ir. Natália tinha arrumado as duas lindamente, depois do banho, com roupas da mesma cor, mas diferentes. Se ela colocasse igual eu matava, porque com diferentes eu sabia diferenciar. Ela estava nervosa e calada, fiquei com medo do que poderia vir quando, guiado pela minha esposa, parei o carro em frente a casa dos seus pais.

Fica (Luan Santana)Onde histórias criam vida. Descubra agora