42. Estaca zero

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POV Natália.

Me surpreendeu Luan aparecer alí depois de tanto tempo. Ele me pegou desprevenida, mas eu sabia que o tempo foi bom pros meus sentimentos e sabia que podia encarar ele agora. Eu via no olhar dele o quanto media as palavras enquanto conversava comigo. 

Eu tinha perdoado ele. Mas não por ele, por mim. Estava me fazendo mal seguir com o rancor e a mágoa. Com o tempo, comecei a me colocar no seu lugar, e acima de tudo sabia que o preço por tudo que fez comigo já estava sendo pago por ele, através da sua consciência, e do seu sofrimento. A dor dele já tinha sido feita, e se eu sofria como sofria, sem saber de nada que ele sabia, imagina pra alguém que sabe que podia ter evitado o pior acontecimento de sua vida e não evitou. 

Quando voltei ao meu quarto tratei de arrumar uma roupa e já deixar separada. Eu quase nunca saía da boate e me animei em saber que visitaria os pais dele. Estava feliz, sentia muitas saudades de quem já foi muito bom pra mim, sem me esquecer de Bruna, que sempre fez de tudo pra ser próxima de mim e me fazer ficar a vontade num ambiente tão diferente do que estava acostumada. 

Pela hora que fui dormir, tratei de colocar um despertador pra poder levantar na hora certa. 

POV Luan.

Estava muito aliviado por ela ainda dançar somente, na boate. Realmente tinha medo dela virar escrava do cara e sabia que esse mundo em que ela se meteu é perigoso demais. Mas também estava bem aflito com tudo. 

Sabia que ela tinha deixado muita coisa pra trás, e tinha medo de que eu estivesse entre essas coisas. Não era essa minha intenção com o tempo, mas minha mente me dizia a todo momento que se ela me amava de verdade, não tinha me esquecido, como não esqueci ela. 

O fato dela estar diferente também mexia muito comigo. Tinha medo de não me adaptar ao furacão Natália, mas em partes era só insegurança de alguém que não conhecia o novo eu de quem amava. Além do mais, ela sempre foi tão minha que não conseguia imaginar uma Natália que não se rendesse a mim, mas tinha total consciência do quanto isso era errado e sabia que o amor não devia ser por ela ser submissa, mas por ser ela. Eu sabia que a amava mesmo ela não vivendo aos meus pés, mas o medo ainda era grande e eu precisava viver aquilo pra tirar ele de mim. 

Era como se voltasse a estaca zero e tivesse que conquistar uma garota nos tempos de colégio e estava inseguro porque não fazia idéia se conseguiria e, caso conseguisse, se iria dar certo. Mas eu precisava tentar.

- Você só está perdido no meio das mudanças, Luan! - Disse pra mim mesmo enquanto me olhava no espelho, me arrumando pro almoço. - Mas eu vou me achar, e vai ser com ela.

Meus pais estavam eufóricos e Bruna deixou pra ir pra casa do noivo só de noite pra poder ver Natália. 

- Quando você viu ela? - Minha mãe perguntava impaciente enquanto todos esperávamos na sala.

- Ontem, fui ver ela.

- Vocês conversam? - Meu pai perguntou. 

- Não, mas eu sei onde ela está morando e fazia um ano que não via ela, resolvi ir lá. 

- E ela não te matou? - Bruna riu.

- Não! - Olhei feio pra ela. - Ela disse que me perdoou já. A gente conversou bem, e acho que vai ser bom deixar tudo pra trás.

- Vocês vão voltar?! - Bruna bateu palmas toda feliz. 

- Não é bem assim, Bruna, vamos se acalmar! - Meu pai riu. 

- Eu pretendo. Eu amo ela, vocês sabem. 

- Mas... - Meu pai ia falar mas eu interrompi. 

- Mas eu sei que não vai ser nada fácil e que vou ter muito trabalho. E vamos com muita calma porque eu quero fazer tudo direitinho dessa vez. Mas só de ouvir que ela me perdoava, eu estou bem demais. 

Fica (Luan Santana)Onde histórias criam vida. Descubra agora