Fica (Luan Santana)

43. Voltou a ser ingênua?

- É pro nosso filho! - Disse e ela me olhou surpresa.

Não sei por que você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar

Você marcou na minha vida
Viveu, morreu
Na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão
Que em minha porta bate

E eu
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você

Eu corro, fujo desta sombra
Em sonho vejo este passado
E na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato
Não quero ver pra não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você

E eu
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você

Não sei por que você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar

Você marcou em minha vida
Viveu, morreu
Na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão
Que em minha porta bate

E eu
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você

Eu corro, fujo desta sombra
Em sonho vejo este passado
E na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato
Não quero ver pra não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você

E eu
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você

Eu gostava tanto de você!
Eu gostava tanto de você!
Eu gostava tanto de você!
Eu gostava tanto de você!

Quando terminei com lágrimas nos olhos, olhei pra Natália pela primeira vez. Ela tinha um sorriso nos lábios e lágrimas pela face.

- E o que você achou? Você é a primeira pessoa que ouve, mas eu já fiz faz um bom tempo.

- É linda, Luan.

- Nosso anjo merece. - Sorri deixando o violão de lado. - Eu ainda não sei se devo gravar. 

- Deve. É linda e vai ser um sucesso. 

- Não quero que seja. É a memória do nosso filho e não um meio de tocar nas rádios e tudo mais.

- E é por isso mesmo que o Brasil tem direito de conhecer uma história de amor tão linda de um pai pra um filho que nem chegou a nascer. É sua dor, Luan, é nossa dor, mas acima disso é um amor lindo e amores não devem ser guardados na gaveta. 

- Como consegue acreditar no meu amor depois de tudo?

- Eu nunca duvidei do seu amor por ele. - Ela passou a mão pelo meu rosto e se levantou. - Eu te conheço o suficiente pra sentir tudo que é verdadeiro que vem de você. 

Ela foi seguindo em direção a porta e abriu ela, mas antes de sair, olhou pra mim e sorriu.

- Quero ouvir na rádio logo!

Demorei um pouco pra me recompor e quando desci, elas estavam tirando o bolo do forno e me chamaram pra comer. Eu não cabia em mim, e se nada desse certo, eu já estava feliz. Mas, algo em minha consciência piscava que Natália não se importar tanto em me ter por perto de novo, não podia ser bom sinal. Tinha medo que ela tivesse deixado de me amar e por isso fosse tão fácil. Mas eu não podia desistir, eu não ia, e só estava começando. 

POV Natália.

A visita a casa de Luan já estava sendo uma surpresa. Estava feliz de passar aquele tempo com seus pais e Bruna. Sentia muita falta deles, estava sendo maravilhoso. Mas quando Luan me chamou pra conversar e mostrou a música pro nosso filho, ele me desestruturou. Fui sincera com ele, mas dei um jeito de sair logo do quarto e respirar um ar puro. Parei um pouco na escada e tentei me recuperar. Sequei as lágrimas e respirei fundo. Meu coração estava confuso com sua volta repentina, e eu tentava por todo custo passar por ela forte, como estava sendo todos esses meses, mas estava muito difícil. Sua música era linda, e também passou a significar muito pra mim, mexeu comigo. Mas eu tentei fingir que nada havia acontecido e voltei pra sala, encontrando seus pais e a irmã sentados. Sorri o mais natural possível e percebi que eles estavam esperando eu ir embora correndo. Ri dos meus pensamentos e disse:

- Bru, está cheirando o bolo! - E saí correndo com elas atrás de mim.

Arrumamos a mesa pro café e eu tirei o bolo. Chamamos todos pra comer e conversamos como se nada tivesse acontecido. Luan estava com um sorriso diferente de mais cedo, não pude deixar de reparar. Mas me assustei quando olhei no relógio e vi que era quase 18h00. 

- Meu Deus! - Bebi meu suco. - Eu preciso ir.

- Calma, querida, coma mais um pouco. 

- Eu preciso ir mesmo, Mari. - Olhei pra Luan e ele entendeu, se levantando. 

- Vou pegar meus documentos e já te levo. 

Me despedi dos três com dor no coração, e prometi voltar mais, mas logo estava no carro com Luan. Fomos o caminho todo em silêncio e quando chegou na boate, Rodrigo estava na porta. Eu saí e Luan saiu atrás. 

- Onde você estava?

- Eu me atrasei, desculpa. Mas tem tempo ainda pro show!

- Você tem compromissos aqui, Natália. - Ele me olhou sério.

- Eu sei, esqueci de avisar, me desculpa.

- Me deixou na mão!

- Me desculpa!

- Entra agora e vai se arrumar já!

- Oh cara, me desculpa, mas você não pode falar assim com ela! - Luan se colocou na minha frente.

- Posso sim, ela tem funções aqui dentro e me deixou na mão!

- Ela já pediu desculpas...

- Luan! - Puxei o braço dele. - Vai embora!

- Quero falar com você antes. - Ele me olhou feio e depois se virou pra Rodrigo e entrou dentro do carro.
Rodrigo entrou dentro da boate resmungando e eu entrei no carro.

- Você não devia ter se metido.

- Você vai entrar, pegar suas coisas e ir embora agora comigo! - Percebi como ele estava nervoso.

- Vai começar de novo com essa história?

- Você mentiu pra mim! Olha o jeito que ele te trata!

- Ele só está nervoso porque não estava aqui pra ajudar a limpar a boate.

- Ele se sente seu dono! E se é que você não é escrava dele, logo vai virar uma! - Ele elevou o tom de voz.

- Ele não é assim, Luan...

- Voltou a ser ingênua? Pelo amor de Deus, Natália, você não conhece esse cara.

- Eu vou ficar bem. - Disse pausadamente pra ele.
Luan suspirou e se rendeu.

- Me dê seu celular. - Ele passou o aparelho dele e eu anotei. - Eu vou sair daqui, dar o tempo de chegar em casa e vou te ligar.

- E eu vou falar que está tudo bem.

- Por favor, Natália, não me esconde nada!

- Não vou, Luan. - Passei o celular pra ele e olhei Luan agora nervoso. - Muito obrigada pelo convite e pelo dia, pela música, foi incrível... Estava com tanta saudade deles.

- Obrigado por ter ido. Fica bem, por favor...

- Eu vou ficar. - Sorri pra ele e saí do carro, entrando na boate.