Capítulo 83

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Megan

O que estou fazendo aqui, o que estou fazendo aqui?

Repita e repita a mesma fodida pergunta em minha cabeça enquanto olhava os fundos da mansão dos Almoth. Como imaginei, não tinha nenhum lobo para fazer a proteção da casa nessa área, além de dois guardas preguiçosos na entrada.

Praguejo soltando o ar condensado da noite fria em minha boca.

Acho que bebi demais, é isso, o álcool deve ter afetado o meu cérebro e estou tendo alguma paranóia em que James poderia estar correndo perigo. É provável que aquele bastardo tenha mandado aquela mensagem por simples drama e eu esteja fazendo o papel de idiota.

Olho para a direção onde deixei o meu carro a alguns metros de distância escondido entre as árvores para não ser detectado. Eu só precisava entrar, partir, assaltar a adega do meu pai, beber e depois deitar na minha cama e tentar dormir pelo menos por algumas horas. É uma ideia tentadora.

Olho para o meu celular e não encontro nenhuma mensagem, ele não entrou desde então.

— Que se dane! — dou meia volta em direção a flores. Ele que se virasse sozinho, é sua culpa se meter nos assuntos do seu pai. Não posso resolver seus problemas toda vez que se meter em alguma enrascada. Ele ficará mal-acostumado.

Pensando bem, achei muito estranha a reação de Malcon com a notícia de que o filho que sua amante esperava não era dele. Ele deveria agradecer ao James por tê-lo livrado de um golpe e não destruir o seu quarto.

Paro no meio do caminho. E se aconteceu algo a mais que o garoto não me contou? Aqueles computadores guardam muitas informações importantes, e se o pai dele descobriu sobre mim? Ele pode ter lido as nossas mensagens, pode ter confrontado sobre os documentos bancários em seu computador. Merda, tudo era possível.

— Argh! Droga, James. — a contra gosto dou meia volta e sigo até o muro de quase 5 metros. Eu sempre fui boa escalando coisas, eu passava horas em cima de uma árvore esperando que meus pais sentissem a minha ausência por horas, eles nunca apareciam. Após desistir daquela ilusão idiota, eu passei a gostar de ficar sentada nos grandes galhos, era ótimo para chorar sem ser ouvida, reflete sobre coisa estranho e sonhar como minha vida mudaria quando me transformasse. Se eu voltasse no tempo, bateria em minha cara infantil e diria para parar de sonhar com coisas inúteis e passasse a planejar alguma fuga decente enquanto era insignificante o bastante para que não fosse notada. Eu iria para a alcateia Golden Wood e depois partiria para o território dos humanos e de lá viajaria para o mundo e nunca mais voltaria.

Depois de uma certa distância, corro pegando impulso e alcançando o topo do muro. Aquela era a primeira etapa, depois eu teria que encontrar um jeito de entrar em uma das janelas do segundo andar, onde ficava o quarto do James.

As paredes eram feitas de tora de pinheiros gigantes, e o relevo ondulado facilitou a escalada.

A minha sorte era que uma das janelas estava aberta e foi fácil deslizar pelo cômodo escuro. Era um quarto, e pela ausência de cheiro família, acreditava estar em um quarto de hóspedes. Pelo menos não caí no quarto do Malcon, se ele realmente estiver dormindo.

Puxo uma mini faça do meu bolso, o seu cabo é tão pequeno que eu só conseguia pegá-la com dois dedos e a lâmina era do tamanho do meu mindinho. Ela era uma réplica em miniatura de uma adaga da era medieval, eu a ganhei da Skyler em meu aniversário quando criança, ela havia roubado de algum bandido que ajudou a prender em uma das suas primeiras operações com Olaf. Eu não sabia muito o que fazer com a faca, mas amava tê-la em minhas mãos, às vezes entalhava meu nome no topo das árvores ou descascava alguma fruta com sua lâmina sempre afiada.

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