Capítulo 61

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Skyler

A primeira vez em que vi Matt, ele se mostrou ser um cara bem-humorado, galanteador como se tivesse anos de experiência em encantar mulheres e em provocar Kalel. O terno elegante que caia bem em seu corpo esguio e forte enfatizava o quanto ele tinha nascido para ser um beta de uma grande alcateia, em outras circunstâncias, um grande alfa. Mas no exato momento em que estava parada na soleira da porta de uma sala de brinquedos, o que eu via, estava longe desse Matt, muito longe.

Matthew estava sentado à mesa infantil de costas para mim, travestido de um vestido de bailarina e asas de fadinha presas em suas costas. Uma peruca curta e laranja adornava a sua cabeça enquanto uma menininha linda tentava maquiá-lo segurando o tubo do batom com os dois cotocos do que deveria ter sido suas mãos. A concentração e firmeza em que ela aplicava o batom rosa nos lábios de Matt era admirável.

— VOCÊ ESTÁ TÃO LINDA! — a menina grita pulando de felicidade pela sua obra de arte. A criança pega um pequeno espelho e o oferece.

— Ah! Você acha? — Matt pergunta com uma voz fina, se admirando enquanto retirava os fios laranja que teimava em grudar em sua boca recém pintada.

Eu não vou rir, não vou rir. Repito em minha cabeça mordendo os meus lábios. Até que o pior acontece e é inevitável não cair na gargalhada quando Matthew cruza as pernas peludas deixando à vista a tamanca horrível que mal cobria seus pés grandes.

O beta olha assustado para mim, com o batom borrado e a barba pintada de rosa.

Deuses... não conseguia parar de rir. Seguro minha barriga e encosto na parede, isso ou cairia estatelado no chão de tanta risada.

— Skyler? O que faz aqui? — ele se levanta cambaleando fazendo o tutu em sua cintura pular a cada passo desajeitado.

— Deuses... — Eu. Não. Consigo. Respirar.

— Dá pra você parar de rir da minha cara? — ele resmungou olhando para o corredor a procura de alguém.

— Para, Skyler. — ele sacode o meu ombro.

— Eu não consigo. — tento morder os meus lábios com mais força.

— Você veio sozinha? — pergunta, nervoso. Respiro fundo tentando recuperar o meu controle.

— Está preocupado de que Kalel veja suas lindas pernas? — Pergunto com malícia, vendo sua carranca se formar. A garotinha, que aparentava ter a idade de uma criança humana de sete anos, toma a nossa frente olhando para mim.

— Eu disse a ele que uma dama não deveria ter pernas tão cabeludas.

— Eu sou feminista. — Matt respondeu com petulância.

Deuses... minhas bochechas.

— Hã? — A menina faz uma careta de que não entendeu a sua resposta.

— Depois eu te explico, princesa, agora preciso ter uma palavrinha com a minha amiga. — ele alisa carinhosamente os cabelos ondulados da menina.

— Mas e o chá com a Sra. Smith que você prometeu? — ela aponta para uma boneca careca de olhos esbugalhados que estava sentada ao lado da cadeira em que Matt estava.

— Diga a Sra. Smith que sinto muito, mas terei que remarcar o chá para outra hora.

— Acredito que a Sra. Smith gosta de você. — Brinco.

— Você... — ele aponta para mim.

— ... Não fala mais nada. Vou me trocar, quando eu voltar... vai me explicar como chegou até aqui.

Alfas em GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora