Capítulo 63

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Skyler

Assim como imaginei, os seguranças não tentaram me seguir e permaneceram no carro enquanto eu seguia até a casa da bruxa. A porta se abre antes que erguesse as minhas mãos para porta na madeira.

— Antes que pergunte, eu posso ser velha, mas meus ouvidos estão ótimos. — Sulla permite a minha entrada.

— Eu não pensaria desse modo. — murmuro. Dou uma boa olhada em volta. A primeira vez em que estive aqui, não reparei muito na decoração excêntrica da casa. Minha preocupação se resumia em tirar o pacto do domínio de Rubi. O interior estava repleto de objetos esotéricos, não tão macabros como os da feiticeira, mas aconchegante ao modo de uma bruxa anciã. Sulla sorri quando me virar para ela.

— Posso? — sua mão estende em direção a minha barriga e eu permito.

— Está crescendo rápido. — diz, retirando as mãos do volume que se assemelhava a barriga de três meses de uma humana. — É fascinante o desenvolvimento de um feto hispo: uma gestação rápida para um crescimento lento. — ela aponta para um sofá revestido de um manto florido. Dois criados mudos com abajures velhos em cada lado.

— Você quer um chá, uma água?

— Não, estou bem. Só quero entender o que me espera do futuro. — Sulla me encara por um tempo que poderia ser considerado longo, o que não deixa de me incomodar, de pensar no pior. Ela senta em sua cadeira de balanço ao meu lado, fazendo a madeira ranger com o seu peso.

— Não pense que está para nascer uma criança como as outras. Fisicamente, ela será normal, mentalmente, será inteligente e astuta, assim como a deusa Luna me confessou conceder. Como bem sabe, o seu sangue alfa é possessivo com ao que lhes pertence, para um sangue supremo poder ser duas vezes mais. — engulo em seco. Isso é pior do que poderia imaginar. Tive muitos anos da minha vida para poder controlar meus instintos e ainda sim, não sei se ainda as tenho sob controle.

— Não faz sentido a deusa conceder um dom racional e permitir um instinto meramente emocional.

— Você tem os dois. — diz como se estivesse explicando para uma criança o quanto é 1 + 1.

— Não quero que minha filha mate uma criança por simplesmente tocar em sua boneca favorita. — A bruxa suspira. Ela não pode ficar tranquila estando ciente dessa possibilidade.

— Você é destinada a esse papel desde seu nascimento, Skyler. O seu corpo está mais forte, se preparando para esse momento muito antes de conhecer o seu companheiro. Então, não oponha às vontades da deusa, se ela a escolheu é porque você é capaz de criar a suprema da melhor forma possível, e com sabedoria. — mesmo que suas palavras tenham algum sentido de conforto sobre os meus medos, não deixo de me sentir insegura. E se eu falhar? O que ela se transformará? Não quero nem imaginar. Lembro da minha nova força, aumentando a cada dia, me transformando em uma arma, para protegê-la, para resistir ao parto que sei que será difícil.

Tento me recordar do pouco que sei do último supremo. Sua força e seus poderes.

— Ela terá poderes? — pergunto.

— Sim, pode ser um ou mais. Vai depender do seu propósito dos deuses, mas essa é uma descoberta que se revelará quando sua filha estiver preparada. — assinto tentando digerir o que foi dito.

— Pode me dizer se minha filha corre perigo? — ela tem algum tipo de elo com os deuses e deve ter nosso do que virá.

— Todos correm perigo, garota. O que vocês fizeram nas terras humanas só atrasou o inevitável. — não precisava perguntar o que seria o inevitável, a guerra é irremissível, eu poderia ver agora. Posso continuar lutando para evitá-la, mas viveria na sombra do medo, principalmente estando grávida.

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