Capítulo 66

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Megan

O restaurante em que marquei com meu contador estava bem movimentado esta tarde. Poucas mesas estavam disponíveis, mas a minha reserva não estava entre elas.

— Senhorita Highnorth. — um garçom me recebe animado.

— Ele chegou? — não preciso dizer quem era. Assentindo o homem gesticula para que o siga.

— Sim, me acompanhe. — caminhamos até o fundo do restaurante e subimos por uma escada que dava até algumas cabines privadas. O garçom abre a porta me dando a visão do senhor Colins tomando um café fumegante e apreciando a vista da grande janela que ladeava por toda parede da cabine.

— A senhorita gostaria do cardápio especial? — o homem sugere.

— Não, eu serei breve, no momento não quero ser interrompida.

— Tudo bem, chefe. — ele acena e sai rapidamente pelo corredor sem me dar a chance de corrigi-lo para que não me chamasse daquele jeito, quando poderia ter ouvido por perto.

— Uma pena ter negado o cardápio especial, eu não desperdiçaria a oportunidade. — diz, Kant Colins. Ele foi escolhido especialmente para cuidar das minhas finanças, vinda dos meus investimentos secretos, a qual não tenho intenção nenhuma de revelar ao meu pai. Seus cabelos grisalhos pela idade eram prova suficiente dos anos de experiência e não existia ninguém que eu confiasse mais do que ele. Fecho a porta atrás de mim e digo:

— Pelo visto você não desperdiçou a oportunidade de começar. — olho para o prato deposto ao seu lado com alguns croissants farelados.

— Peço desculpas...

— Não se incomode, como já disse, não estenderei meu tempo aqui. — sento a sua frente me inclino sobre a mesa.

— Estou aqui especialmente pelas mensagens que me mandou, creio ter encontrado o que pedi. — Kant afrouxa a gravata e pigarreou antes de pôr a sua maleta sobre a mesa e pegar algumas pastas. Ele separa os papéis meticulosamente ao seu lado. Assim que guarda a maleta, ele me encara com seriedade. Ele estava em seu modo profissional.

— Confesso que tive um pouco de dificuldade na analisar as cópias dos documentos que me enviou, mas depois de fazer uma vistoria minuciosa nas notas fiscais da coleta de impostos da alcateia, eu descobri desvios de 0,01% das arrecadações dos últimos 50 anos. — Colins pega alguns papéis e me entrega. — É claro que há a possibilidade desse desviou estarem acontecendo a muito mais tempo que isso, mas só há registros recentes. — encaro as mesmas cópias que enviei para ele no meu primeiro dia trabalhando no escritório do meu pai. O papel agora, rasurado com anotações e observações das incongruências numéricas. O total estimado de meio século de pequenos desvios era assustador e provavelmente era duas ou três vezes maior do que isso. Largo os papéis e encaro o rosto enrugado do senhor Colins.

— Sem nenhum erro? — minha voz parecia incerta, tensa.

— Eu nunca erro, garota. — resmunga, não muito contente em ter suas habilidades questionadas.

— E para onde esse dinheiro está indo?

— Ah! Isso é interessante. — Kant pega outra pasta e me entrega. Era um documento com a assinatura do meu pai. Lembro que estava junto com algumas notas e por desencargo de consciência as enviei também.

— Fiz a mesma pergunta que você, para onde esse dinheiro iria? Então, avaliando esse documento percebi que era um contrato de um banco estrangeiro.

— Você sabe de qual banco se trata? — olho para o papel em minha mão, em busca de uma resposta, mas só existia um símbolo de confidencial e alguns códigos numéricos abaixo.

Alfas em GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora