Capítulo 47

298 32 5
                                    

Skyler

O olhar espantado de Kalel se tornou gradativamente compreensível, e ele teve a decência de expressar arrependimento em suas feições.

— Me perdoe. — dou as costas pra ele, puxando o meu cabelo, tentando acalmar o burburinho revolto dentro de mim. Agora eu sabia porque a besta não tinha me matado, o bebê, o seu cheiro, eu tenha um Black em meu ventre.

— Você sabia que pela falta dessa pequena informação, eu expus essa criança em perigo? — falo me voltando para ele. Kal estremece com minhas palavras.

— Eu sei, eu sei... — lamenta, acomodando-se na poltrona, pondo as mãos sobre o rosto. — Não podia revelar isso a você, não quando estava esperando um momento certo para me matar, eu não poderia arriscar...

— Você está me dizendo que eu teria coragem de matar um bebê? — digo boquiaberta.

— Não... que dizer... não sei, você não me parecia muito fã da nossa raça, se não estou enganado. — queria gritar, dizer que estava errado, mas a imagem que pintei de mim mesma quando o conheci, não ajudou em nada.

Esfrego minhas mãos em meu rosto, frustrada. Adris me chutou e quase me esfaqueou e não fiz nada para evitar aquilo. Eu poderia ter esperado por Kalel e ter evitado aquele embate com o vampiro, não colocaria a vida dessa criança a tantos riscos se soubesse de sua existência.

Não sei o que faria se a perdesse.

Isso poderia ter sido evitado se não existisse tanto segredos entre nós, tantas palavras não ditas.

Volto a fitar os olhos âmbares de Kal.

— Preciso que me conte tudo, tudo o que sabe sobre mim e não me contou, e principalmente, quem me quer morta.

Megan

Acordo com meu celular repleto de mensagens de James agradecendo pela minha ajuda, e a única pergunta que se passava pela minha cabeça era: como ele conseguiu o número do meu celular? Era o segundo em menos de uma semana.

Olho para o relógio e xingo os deuses por ter dormido tanto.

***

Estava me preparando para sair, sem tomar o café da manhã, quando encontro William na sala de costas para mim, distraído separando algumas correspondências.

— Algumas dessas são para mim? — O mordomo se sobressalta com a minha presença sorrateira. As suas mãos vai ao coração quando me encara.

— Eu devo estar ficando velho para não ter lhe ouvido chegar. — Ele suspira.

— Se isso te ajuda, eu fiz de propósito. — Will franziu o cenho e depois balança a cabeça pegando o maior envelope da pilha de cartas. Ela brilhava, ostensiva em uma cor dourada.

— Um dos soldados do senhor Moon entregou isso essa manhã. — ele me entrega. O papel estava frio sobre os meus dedos, as insígnias das alcateias de Teodoro desenhadas sobre o papel revestido com fios de ouro, um convite. Já sabia o que se tratava antes mesmo de abri-lo. O casamento estava marcado para acontecer em poucas semanas, cedo, cedo demais.

Teo não deu muito sinal de vida desde o jantar de noivado, e duvidava que daria agora que terá que preparar as suas alcateias para a união improvável. Isso me traz um questionamento. Volto meu olhar para William e pergunto:

— O que você sabe sobre o que a matilha de Teodoro pensa sobre o casamento dele com uma ghoul? — pergunto devolvendo o convite em suas mãos.

— Tenho uma amiga que trabalha na mansão do senhor Moon, e a última notícia da alcateia que ela me reportou foi que todos estão com medo da futura luna, alguns poucos lobos que se rebelaram contra a união sumiram misteriosamente, ela acredita que foi um recado silencioso do que ele ou ela é capaz de fazer com qualquer um que se voltasse contra as vontades do alfa. — de alguma forma, não estava surpresa com a revolta da matilha e nem da reação de Teodoro a eles. Talvez o seu próprio povo se revolte contra ele, tendo em vista o desaparecimento dos rebeldes.

Alfas em GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora